Confira os principais aspectos referentes à câncer gástrico, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao câncer gástrico.
- CA gástrico é a segunda maior causa de morte por câncer no mundo
- Você deve conhecer as classificações de Lauren e Bormann
- Perda ponderal e dor epigástrica são os sintomas mais comum
- Endoscopia digestiva alta com biópsia da lesão determina diagnóstico definitivo
- A ressecção endoscópica ou cirúrgica são a base do tratamento
Definição da doença
O câncer gástrico compreende um grupo de tumores epiteliais malignos resultantes de várias causas ambientais e genéticas, com alta taxa de mortalidade. O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequente, representando cerca de 90-95% dos casos e o que você precisa saber para a prova.
Epidemiologia e patogênese do câncer gástrico
Atualmente é o quinto tipo mais comum de câncer no mundo, atrás do câncer de pulmão, mama, próstata e colorretal. Sua incidência reduziu nos últimos anos devido a políticas de erradicação de H. pylori e tentativas de rastreamento em vários países. No Brasil, é o 3° mais comum nos homens e o 5° entre as mulheres.
O CA gástrico possui etiologia multifatorial. A infecção por Helicobacter pylori desempenha um papel importante, principalmente nos adenocarcinomas dos tipos tubular, papilar, mucinoso e misto.
#Ponto importante: apenas uma pequena minoria de indivíduos infectados com H. pylori desenvolve câncer gástrico, e acredita-se que a modulação dos efeitos da infecção crônica por suscetibilidade genética, fatores ambientais e diferenças de cepas bacterianas de H. pylori influenciam a evolução para uma neoplasia neoplásica.
O histórico familiar se apresenta como fator de risco, aumentando em até 3x as chances de desenvolver CA. Alguns hábitos alimentares também têm sido associados, como ingestão excessiva de sal, o consumo de carnes processadas e a carne vermelha de animais alimentados com grãos.
Outro fator de risco é a infecção por pelo vírus Epstein-Bar (EBV), associado a 5-10% dos carcinomas, apresentando uma frequência duas vezes maior em homens do que em mulheres.
Classificação do câncer gástrico
Algumas classificações são utilizadas no CA de estômago e que você precisa saber para as provas. Os adenocarcinomas gástricos foram historicamente divididos em dois subtipos histomorfológicos distintos através da classificação de Lauren:
- Intestinais (ou seja, formadores de glândulas) tipo intestinal, as células tumorais aderem umas às outras e tendem a se organizar em formações tubulares ou glandulares, semelhantes aos adenocarcinomas que surgem em outras partes do trato intestinal (por isso a designação como tipo intestinal). O tipo intestinal é mais comum no sexo masculino e em faixas etárias mais avançadas, e apresentam melhor prognóstico. A disseminação é via hematogênica.
- Carcinomas difusos: incluindo os carcinomas de células em anel de sinete, correspondem ao tipo difuso da classificação de Lauren, são compostos por células tumorais individuais que invadem os tecidos circundantes e sem formação de glândulas. Este subtipo pode apresentar vários tipos de células que incluem células neoplásicas, como células em anel de sinete, mas também. Uma mistura de células inflamatórias, incluindo células clássicas em anel de sinete, é comumente observada. Esses tumores apresentam uma proporção entre os sexos mais igualitária, são mais frequentes em indivíduos mais jovens e guardam íntima relação com histórico familiar.
Outra classificação importante é a de Bormann, que divide as lesões conforme aspectos macroscópicos em tipos:
- lesão elevada e polipóide
- lesão ulcerada com margens definidas,
- lesão ulcerada e parcialmente infiltrativa e com bordos irregulares e
- lesão difusamente infiltrativa.
Manifestações clínicas de câncer gástrico
O estômago é um órgão de extrema importância para que ocorra a correta digestão e absorção dos nutrientes provenientes dos alimentos que consumimos e as afecções desse órgão podem trazer sérios prejuízos à saúde e ao bem-estar do indivíduo.
Nos estágios precoces da doença podem ser assintomáticos ou com sintomas inespecíficos e o exame físico inocente. Os sintomas tardios incluem inchaço, disfagia, dor epigástrica ou saciedade precoce. A dor costuma ser constante, sem irradiação e não aliviada com a ingestão de alimento. Nos estádios avançados, os pacientes se tornam caquéticos e é possível palpar uma abaulamento em região epigástrica.
#Ponto importante: As provas ainda costumam cobrar epônimos. O comprometimento de linfonodo supraclavicular esquerdo é chamado de nódulo de Virchow, e o linfonodo periumbilical é chamado nódulo da “Irmã Maria José”. Ambos representam sinais de metástase.
Lista de manifestações em ordem de frequência:
- Perda ponderal (maioria dos casos)
- Dor epigástrica
- Náuseas
- Anorexia
- Disfagia
- Melena (cerca de 20%)
- Saciedade precoce
- Dor similar a úlcera péptica
Diagnóstico de câncer gástrico
O principal método de diagnóstico do câncer gástrico é a endoscopia digestiva alta com biópsia. Saber o tipo histológico, grau de invasão tumoral, invasão linfovascular, comprometimento da mucosa e margens cirúrgicas é fundamental.
O principal método de estadiamento é a tomografia computadorizada de tórax, abdome e pelve. A análise dos marcadores de tumor séricos (CA19.9, CEA, CA 72.4) deve ser realizada em todos os casos de câncer gástrico.
Tratamento de câncer gástrico
O tratamento é orientado pela Diretriz da Associação Brasileira de Câncer Gástrico, atualizado em 2020. Para tumores bem diferenciados, restritos mucosa (T1a), menores que 2cm e não ulcerados, devem passar por ressecção endoscópica. As lesões precoces com invasão de camada submucosa, ulceradas, do tipo difuso e maiores que 2cm são critérios de exceção para ressecção endoscópica e devem ser adotadas apenas em pacientes com alto risco cirúrgico.
Para os tumores que não possuem critério de ressecção endoscópica (T1b) está indicado o tratamento cirúrgico. Nestes casos, a dissecção linfonodal recomendada é a remoção dos linfonodos perigástricos (D1) nos tumores bem diferenciados menores que 1,5cm e associada a remoção de alguns linfonodos da cadeia N2 (D1+) para tumores indiferenciados menores que 1,5 cm. Para estadiamento cirúrgico completo é necessário ressecar um número mínimo de 15 linfonodos, a fim de classificar o N.
Tumores distais ou nos casos em que a margem proximal tenha pelo menos 5 cm entre o tumor e a transição esofagogástrica, a indicação é gastrectomia subtotal. Nos tumores do tipo difuso, recomenda-se margem proximal de pelo menos 8 cm.
A gastrectomia total é recomendada para os tumores do terço proximal e nos tumores precoces multicêntricos. Os pacientes com lesões irressecáveis ou marginalmente ressecáveis podem ser candidatos a terapia de conversão, que consiste em quimioterapia seguida de cirurgia com objetivo de alcançar ressecção.
#Ponto importante: deve ser feito a terapia de erradicação do H. pylori para pacientes com câncer gástrico inicial diagnosticados como infectados.
Veja também:
- Resumo de onco-hematologia: leucemias agudas
- Resumo sobre linfoma: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais
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Referências bibliográficas:
- BARCHI, Leandro Cardoso et al. Consensus Ferraz, Álvaro Antônio Bandeira et al. II BRAZILIAN CONSENSUS ON GASTRIC CANCER BY THE BRAZILIAN GASTRIC CANCER ASSOCIATION. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo) [online]. 2020, v. 33, n. 02 e1514.
- BESAGIO, Brenda Passos, Et. al. Câncer gástrico: Revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.4, .16439-16450jul./aug.2021
- https://www.uptodate.com/contents/clinical-features-diagnosis-and-staging-of-gastric-cancer
- Crédito imagem capa: Pixabay