Muito provavelmente você já ouviu sobre leucemia e ficou em dúvida sobre como diferenciar cada um dos tipos. Veja o texto que o Estratégia MED preparou para te ajudar!
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O que são leucemias?
A leucemia é uma doença maligna que acomete os glóbulos brancos e pode ser classificada como aguda ou crônica. Seus sintomas podem ser parecidos, por isso a epidemiologia e os exames complementares auxiliam no diagnóstico.
O que causa leucemia?
As causas de leucemias agudas podem ser exposição à radiação ionizante, ou a substâncias como benzeno, pesticidas e herbicidas. A doença também é encontrada com frequência em pacientes que já utilizaram previamente agentes quimioterápicos – como alquilantes e topoisomerase II -, ou que possuam síndrome de Down e outras anomalias congênitas e alterações genéticas.
Já a etiologia das leucemias crônicas não é muito bem estabelecida. No caso da Leucemia Mieloide Crônica, a mutação do gene Philadelphia é a causa mais evidente. Na Leucemia Linfocítica Crônica, por outro lado, as causas não estão relacionadas à quimioterapia e à radioterapia prévias, mas conta com certa relação genética.
Tipos de leucemias
Leucemia Linfoide Aguda
É uma doença linfoproliferativa maligna clonal em que ocorre acúmulo de linfoblastos na medula óssea. É mais comum em crianças de sexo masculino. Possui etiologia desconhecida, mas pode estar relacionada a proto-oncogenes, translocações cromossômicas e fatores de transcrição.
Seus sintomas correspondem:
- Fraqueza e cansaço;
- Febre;
- Infecções;
- Sangramento de mucosas;
- Linfonodomegalia; e
- Esplenomegalia.
Outros sintomas podem ser: dor óssea, aumento do ácido úrico, úlceras orofaríngeas, falta de ar e síndrome da veia cava superior. Ao realizar o exame físico, podem aparecer os seguintes elementos:
- Petéquias;
- Equimoses;
- Sangramento mucoso;
- Hemorragia em fundoscopia;
- Sinais de meningite; e/ou
- Paralisia de nervos cranianos.
Sintomas de sistema nervoso central podem ocorrer devido à invasão celular.
Esse tipo de leucemia possui prognóstico favorável. Na faixa pediátrica, a taxa de remissão completa é próxima a 95%, enquanto em adultos é de 60% a 85%. Entretanto, quando o paciente está na faixa de lactentes, o prognóstico é desfavorável.
Leucemia Mieloide Aguda
É uma doença mieloproliferativa em que há acúmulo de progenitores mielóides na medula óssea. Essa linhagem substitui o tecido hematopoiético normal e causa citopenia no sangue periférico.
Sua incidência aumenta proporcionalmente à idade, e é mais comum em pessoas entre 50 e 90 anos. Seus fatores de risco envolvem uso ou exposição a agentes químicos e síndromes genéticas.
Já o quadro clínico depende dos subtipos mieloides. Geralmente apresentam:
- Febre;
- Fraqueza;
- Letargia;
- Dor óssea;
- Hipertrofia gengival; e
- Hiperuricemia, com possível comprometimento renal.
Muitos apresentam a tríade de sinais e sintomas da falência medular: anemia, sepse neutropênica e plaquetopenia. No exame físico, são esperadas: palidez, adenopatia, hepatoesplenomegalia, petéquias, equimoses, hemorragia em fundoscopia e sangramento de mucosas.
Leucemia Linfocítica Crônica
É uma neoplasia que acomete células B monomórficas de tamanhos pequenos. Essas células envolvem o sangue periférico, medula óssea e linfonodos.
As características epidemiológicas dessa patologia são: países ocidentais, indivíduos brancos, homens e maiores de 50 anos. Dentre as leucemias, corresponde de 25% a 30% da frequência.
Cerca de 40% dos pacientes podem ser assintomáticos. A suspeita do diagnóstico pode acontecer por meio dos achados no exame físico, como:
- Hepatomegalia;
- Esplenomegalia;
- Linfonodomegalia; ou
- Linfocitose no hemograma.
A linfadenopatia pode acometer cadeias cervicais, axilares ou supraclaviculares. Os linfonodos são de tamanhos variáveis e indolores. Já a esplenomegalia é de leve a moderada, enquanto que a hepatomegalia é menos frequente, com disfunção hepática de grau leve.
Leucemia Mielóide Crônica
É uma doença mieloproliferativa clonal, originada em uma célula progenitora multipotente. A idade de maior incidência é 53 anos, mas pode acometer outros grupos etários, como crianças.
Seu acometimento pode ocorrer em duas ou três fases. A fase inicial é a fase crônica, em que o paciente apresenta fraqueza, cansaço, dor abdominal, esplenomegalia e empachamento após as refeições.
A doença evolui espontaneamente para a fase blástica, com ou sem uma fase intermediária, ou a chamada fase acelerada. Nesse momento, não há diferenciação celular e apresenta predomínio de blastos, linfóides ou mielóides.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito por meio do quadro clínico do paciente, do exame físico e dos exames complementares.
Na tabela abaixo você encontra os possíveis achados de exames complementares:
Leucemia | Hemograma | Mielograma | Outros exames |
---|---|---|---|
Linfocítica Aguda | Anemia,Neutropenia,Plaquetopenia,Linfoblastos circulantes | Medula hipercelular com predomínio de blastos de característica linfóide | Imunofenotipagem, por citometria de fluxo: blastos e sua diferenciação |
Mielóide Aguda | – | Infiltração da medula óssea por 20% ou mais de mieloblastos | Aspectos genéticos e moleculares;História prévia de mielodisplasia;Análise morfológica dos blastos. |
Linfocítica Crônica | Linfocitose monoclonal B com fenótipo de LLC;Número total de linfócitos maior que 500.00 por 3 meses.Anemia, Neutropenia e Plaquetopenia | Infiltração linfocitária, geralmente acima de 30% das células medulares. | Valores menores de linfócitos +Sinais e sintomas. FISH* anormalidades cromossômicas podem ser detectadas |
Mielóide Crônica | leucocitose com desvio para formas jovens até blastos, anemia, e contagem de plaquetas normal ou aumentada | Aspirado de medula óssea: hipercelular, com maturação preservada.Biópsia de medula óssea: hipercelularidade.Cariótipo: cromossomo PhiladelphiaFISH* ou RT-PCR pesquisa do rearranjo BCR/ABL |
Tratamento
Leucemia Linfoide Aguda
Seu tratamento é dividido em quatro componentes: indução, consolidação, manutenção e profilaxia do sistema nervoso central. A indução tem como objetivo destruir rapidamente a maioria das células tumorais.
Na fase de consolidação, o tratamento permite reduzir as células leucêmicas em níveis mais baixos, ou até mesmo eliminá-las. Já em manutenção, usa-se drogas para que a medula permaneça sem células leucêmicas. O objetivo da profilaxia é tratar e prevenir a doença no Sistema Nervoso Central.
Leucemia Mieloide Aguda
O tratamento da LMA envolve suporte por meio da transfusão de hemoderivados e de antibioticoterapia. Além disso, também há, especificamente, o uso de medicações citotóxicas, com o objetivo de erradicar o clone leucêmico.
Leucemia Linfocítica Crônica
Como o curso clínico dos pacientes com LLC é variável, alguns podem nunca precisar de tratamento, enquanto outros, com o diagnóstico de doença agressiva ou localizada de rápida progressão, podem necessitar de tratamento imediato.
Apesar de existir medicações para o tratamento, essa leucemia ainda permanece uma doença incurável.
Leucemia Mielóide Crônica
Na fase crônica, a indicação é transplante de medula óssea (TMO). O melhor prognóstico é em pessoas menores de 40 anos e aqueles pacientes submetidos ao TMO na fase crônica da doença.
Já a droga que pode ser utilizada é o mesilato de imatinibe, que deve causar uma redução do clone Ph-positivo. É preciso fazer uma análise hematológica aos 3 meses, uma análise citogenética aos 6 meses e, em seguida, uma análise molecular.
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