Olá, querido doutor e doutora! A polimastia é uma condição congênita caracterizada pela presença de tecido mamário em regiões além das mamas habituais, podendo surgir isoladamente ou associada à politelia. Embora muitos casos sejam assintomáticos, a alteração pode causar dor, limitação funcional e impacto estético, especialmente em fases de maior estímulo hormonal, como puberdade, gestação e lactação.
A axila é o local mais frequentemente acometido, mas há relatos em abdome, dorso, face e até região genital.
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Conceito
A polimastia é uma anomalia congênita caracterizada pela presença de tecido mamário adicional além das duas mamas habituais. Esse tecido pode estar completo — contendo glândula, aréola e papila — ou aparecer de forma parcial, apresentando apenas estruturas glandulares, sem aréola ou mamilo. Quando há apenas um mamilo acessório, denomina-se politelia, que pode ocorrer isoladamente ou associada à polimastia.
Embriologia e etiologia
Durante a 5ª a 6ª semana de gestação, ocorre o desenvolvimento da linha mamária (ou “linha do leite”), um espessamento ectodérmico que se estende da axila até a região inguinal. Em condições normais, quase toda essa estrutura regride, permanecendo apenas o segmento torácico, que dará origem às mamas.
A polimastia resulta da falha nesse processo de regressão, permitindo que fragmentos da linha mamária persistam em regiões ectópicas. Esses focos de tecido podem conter glândula, aréola e papila, ou apenas parte dessas estruturas.
Além da permanência na linha mamária, há relatos de tecido ectópico em locais atípicos, como dorso, face, coxa e região genital. Isso pode ser explicado por migração aberrante de células mamárias primitivas ou pela modificação de glândulas sudoríparas apócrinas durante o desenvolvimento embrionário.
Do ponto de vista clínico, esse tecido responde a estímulos hormonais, o que justifica o aparecimento ou crescimento das mamas acessórias durante a puberdade, gestação e lactação.
Epidemiologia
A polimastia acomete cerca de 1% a 6% da população, com maior prevalência em mulheres. O local mais afetado é a axila, que concentra a maioria dos casos descritos.
A condição pode ser percebida em diferentes fases da vida, mas tende a manifestar-se com mais clareza na puberdade, devido ao estímulo hormonal, e durante a gestação e lactação, quando o tecido mamário acessório pode aumentar de volume ou até secretar leite.
Há também variação conforme fatores étnicos, sendo menos comum em caucasianos e mais frequente em populações asiáticas. Em aproximadamente um terço dos pacientes, observa-se mais de um foco de tecido mamário acessório.
Localizações frequentes
A axila é o sítio mais comum da polimastia, concentrando a maioria dos casos relatados. Nessas situações, o tecido mamário acessório pode ser confundido com lipoma, linfonodomegalia ou hidradenite, dificultando o diagnóstico clínico inicial.
Além da axila, a polimastia pode se manifestar em outros pontos ao longo da linha mamária embrionária, que vai da axila até a região inguinal. Assim, há registros em tórax, abdome e região inguinal.
Existem ainda apresentações em áreas incomuns, fora da linha do leite, como dorso, face, coxa e vulva. Nesses casos, acredita-se que ocorram por migração aberrante de células mamárias primitivas ou diferenciação anômala de glândulas apócrinas.
Em cerca de um terço dos pacientes, o tecido acessório aparece em mais de uma localização, podendo ser bilateral ou múltiplo.
Avaliação clínica
Assintomáticos
Uma parcela dos pacientes com polimastia permanece sem sintomas, descobrindo a condição apenas em consultas médicas ou exames de imagem realizados por outros motivos.
Adolescência
Na puberdade, o tecido mamário acessório pode crescer sob estímulo hormonal, manifestando-se como nódulo palpável, doloroso ou não, gerando preocupação estética ou clínica.
Gestação e lactação
Durante a gravidez e o período de amamentação, a polimastia pode sofrer aumento volumétrico e até apresentar secreção láctea, resultando em dor, inchaço e desconforto.
Ciclo menstrual
Alguns pacientes relatam tumefação e sensibilidade cíclica no tecido acessório, acompanhando as fases do ciclo menstrual, em padrão semelhante ao da mama normal.
Impacto funcional e estético
Localizações como a axila podem limitar a mobilidade do ombro ou gerar atrito com roupas, provocando incômodo físico. Além disso, alterações estéticas costumam ser motivo frequente de busca por tratamento.
Diagnóstico
Avaliação clínica
O diagnóstico inicial da polimastia é geralmente feito pelo exame físico, no qual se observa a presença de tecido mamário ectópico, com ou sem aréola e papila. A história clínica pode revelar aumento de volume ou dor cíclica relacionados ao ciclo menstrual, gestação ou lactação, reforçando a suspeita.
Exames de imagem
A ultrassonografia é o método mais utilizado, permitindo diferenciar o tecido mamário acessório de outras massas subcutâneas, como lipomas, linfonodomegalias ou cistos epidermoides. Em casos selecionados, a mamografia ou a ressonância magnética podem ser empregadas para melhor caracterização.
Diagnóstico diferencial
É importante distinguir a polimastia de condições como lipoma, hidradenite, linfonodomegalia reacional, cisto epidermoide e neoplasias cutâneas. Essa diferenciação evita tratamentos desnecessários e direciona a conduta adequada.
Confirmação histológica
Quando há dúvida diagnóstica ou suspeita de neoplasia, pode ser realizada biópsia por agulha ou excisional, confirmando a presença de tecido mamário e afastando alterações malignas.
Tratamento e prognóstico
Tratamento
A conduta frente à polimastia depende dos sintomas, da localização e do impacto estético. Em casos assintomáticos, pode-se apenas acompanhar clinicamente. Quando há dor, aumento volumétrico cíclico, secreção láctea ou incômodo estético, o tratamento indicado é a excisão cirúrgica do tecido.
Em alguns casos, a lipoaspiração isolada ou associada à ressecção pode ser utilizada, principalmente na região axilar, buscando melhor resultado estético e menor cicatriz.
Prognóstico
O prognóstico geralmente é favorável, já que a remoção cirúrgica proporciona alívio dos sintomas e melhora estética, com alto índice de satisfação dos pacientes. As complicações pós-operatórias mais comuns são seroma, irregularidades de contorno e cicatriz visível, mas, em geral, são manejáveis.
Apesar de raro, o tecido ectópico tem potencial para desenvolver lesões benignas ou malignas, motivo pelo qual a excisão costuma ser preferida em pacientes sintomáticos ou com histórico familiar de câncer de mama.
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Referências Bibliográficas
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