ResuMED de Leptospirose – epidemiologia, clínica, diagnóstico, tratamento e muito mais!

ResuMED de Leptospirose – epidemiologia, clínica, diagnóstico, tratamento e muito mais!

Fala, Futuro Residente! Você sabia que a leptospirose é uma doença muito cobrada nas provas de Residência Médica? Sendo assim, nós do Estratégia MED elaboramos um resumo exclusivo com os pontos mais importantes para você saber tudo o que precisa para conquistar sua sonhada vaga na Residência, incluindo seu diagnóstico, tratamento, características clínicas e muito mais! Quer saber mais? Continue a leitura. Bons estudos!

Introdução

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira ssp. Seu período de incubação pode ser de 1 a 30 dias, normalmente de 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco.

No Brasil, é uma doença endêmica com grande relevância em determinadas áreas, como as regiões sul e sudeste. Sua letalidade tem uma média de 9%, podendo chegar a até 40% nos casos graves. 

Transmissão

A leptospirose é transmitida por meio do contato com a urina de animais infectados pela bactéria Leptospira ssp., em pele lesionada, mucosa ou pele íntegra quando imersa em água por período prolongado. Em sua maioria, os animais envolvidos na transmissão são os roedores urbanos, a ratazana Rattus norvegicus e o rato-preto Rattus rattus, mas outros como cães e animais de criação também podem transmiti-la.

Como já dito, sua principal forma de exposição para contágio é o contato com a urina de animais contaminados, por isso, está diretamente relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária. Regiões que sofrem com enchentes, exposição de esgotos ou locais banhados, são importantes fatores de risco para a doença, estando relacionada, portanto, ao estilo de vida do paciente.

Pacientes que informem profissão ou ocupação de risco, como coleta de lixo, manutenção de esgotos, construção civil, ou que morem em locais de enchentes são exemplos possíveis de infecção por leptospirose e devem ser analisados durante o atendimento. 

OBS.: é comum se tornar endêmica em períodos chuvosos, principalmente em regiões metropolitanas, por conta das enchentes. 

Quadro clínico

A leptospirose pode ser dividida em fase precoce e fase tardia. 

Fase precoce

A fase precoce, ou leptospirêmica, muitas vezes é a única manifestação nos pacientes infectados. Seu quadro clínico consiste na ação direta da bactéria causadora (Leptospira spp.) no organismo do indivíduo e dura aproximadamente de 3 a 7 dias. 

Suas características são quadro agudo febril de início súbito, associado a cefaleia, mal-estar e mialgia, ou seja, com sinais inespecíficos. Além disso, existem alguns sinais sugestivos de leptospirose precoce, sendo eles: mialgia, principalmente nas panturrilhas, acometimento conjuntival, como hiperemia, hemorragia ou sufusão, e exantema, comum no tronco, mas o pré-tibial é o mais sugestivo,

Além desses sintomas, outros podem ocorrer como diarreia, artralgia, fotofobia, tosse, e mais raramente esplenomegalia, hepatomegalia e linfonodomegalia. 

Fase tardia

A maioria dos casos tem resolução na fase precoce, mas cerca de 15% deles vão evoluir para a fase tardia, ou imune, da leptospirose, que é uma consequência da resposta imune à bactéria causadora. 

Suas características clínicas incluem a Síndrome de Weil, que consiste na tríade de icterícia (tonalidade alaranjada intensa), insuficiência renal aguda e hemorragia.

Nesses casos, a insuficiência renal, geralmente é não oligúrica e hipocalêmica, e a hemorragia mais comum é a pulmonar, com lesão e sangramento maciço, sendo a principal causa do óbito em até 24 horas de internação na infecção por leptospirose, pois evolui para insuficiência respiratória aguda, hemorragia maciça ou síndrome de angústia respiratória. 

A doença pode causar algumas complicações, sendo elas a própria insuficiência renal aguda, necrose tubular aguda, miocardite, pancreatite, anemia e até mesmo distúrbios neurológicos, uma das causas mais frequentes de meningite asséptica. 

Alterações laboratoriais

Além dos sinais clínicos, também ocorrem alterações laboratoriais que caracterizam a infecção por leptospirose. São elas:

  • Aumento da creatinina e queda de potássio → disfunção renal com hipocalemia;
  • Queda de plaquetas;
  • Leucocitose e neutrofilia;
  • Aumento da enzima CPK →  lesão muscular;
  • Aumento da bilirrubina direta → icterícia; e
  • Aumento da AST e ALT de 3 a 5 vezes a mais.

Diagnóstico

O diagnóstico da leptospirose envolve métodos sorológicos, ou seja, pela identificação de anticorpos, geralmente detectados a partir da segunda semana de infecção. 

Na fase precoce podem ser feitos exames específicos como exame direto, cultura ou detecção de DNA por PCR, enquanto na fase tardia os exames de cultura, ELISA-IgM e microaglutinação podem ser realizados. 

Por ter como característica sintomas inespecíficos, seu diagnóstico diferencial na fase precoce, deve ser feito com dengue, influenza, malária, riquetsioses, doença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, entre outras.

Já na fase tardia, deve ser feito com hepatites virais agudas, hantavirose, febre-amarela, malária grave, dengue hemorrágica, febre tifoide, endocardite, riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome hepatorrenal, síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluindo lúpus eritematoso sistêmico, dentre outras.

Tratamento

Seu tratamento é simples, geralmente ambulatorial em casos leves, e com hospitalização em casos graves. Quanto mais cedo diagnosticada e tratada, melhor seu prognóstico.

Na fase precoce devem ser administradas 500mg de amoxicilina de 8 em 8 horas e doxiciclina 100mg de 12 em 12 horas. Nos casos graves, em fase tardia, são administrados: penicilina G cristalina 1.5000.000 U IV de 6 em 6 horas, ou ampicilina 1g IV de 6 em 6 horas, ou ceftriaxona 1 a 2 gramas por dia, ou cefotaxima 1g de 6 em 6 horas. 

Profilaxia

As principais medidas de prevenção da leptospirose envolvem medidas como melhoria do saneamento básico, evitar contato com água ou lama possivelmente contaminados, uso de água sanitária para desinfecção de reservatórios, uso de materiais de proteção para indivíduos que trabalhem em áreas de risco, e o controle de roedores. 

A quimioprofilaxia pode ser indicada para pacientes com exposição prolongada e alto risco em regiões endêmicas, com o uso de 200 mg de doxiciclina semanalmente durante a exposição. 

A vacinação para humanos ainda não existe, mas para animais domésticos e de produção (cães, bovinos e suínos) sim, e pode evitar a transmissão da bactéria. 

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Referências bibliográficas:

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