Febre Amarela: transmissão, sintomas e muito mais!

Febre Amarela: transmissão, sintomas e muito mais!

Quer saber mais sobre a febre amarela? O Estratégia MED preparou esse texto com as principais informações para você. Vamos lá!

O que é a febre amarela?

A febre amarela é uma doença viral, causada por um vírus do gênero Flavivirus e da família Flaviviridae. Por ser uma infecção transmitida por mosquitos, é um quadro muito mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, principalmente na América do Sul e na África

O quadro clínico costuma ser bastante variado e pode apresentar desde uma febre leve até hemorragias graves. O nome amarelo refere-se a um sintoma comumente encontrado nos pacientes, a icterícia

Esse vírus possui material genético de RNA e pode acometer diversos órgãos do corpo humano, como: fígado, rins, trato gastrointestinal e sistema nervoso central

O ser humano normalmente começa a apresentar os sintomas 4 dias após a infecção. Isso acontece por conta do ciclo da doença, que no homem é tradicionalmente dividido em 3 períodos com manifestações, sintomas e riscos diferentes, são eles: 

  • Período de infecção que pode durar de 3 a 6 dias;
  • Período de remissão que pode durar de 2 a 24 horas; e
  • Período de intoxicação que pode durar de 3 a 8 dias.

Como acontece a transmissão da febre amarela?

A transmissão da febre amarela se dá pela picada do mosquito fêmea infectado. Vale ressaltar que não ocorre transmissão de pessoa para pessoa, entretanto, as fêmeas contaminadas do mosquito podem passar a infecção para sua prole. No curso da doença, existem dois ciclos principais e diferentes entre si: o ciclo silvestre e o ciclo urbano

Ciclo silvestre

Nesse ciclo, os primatas não humanos estão no papel de principais hospedeiros vertebrados e sua participação permite a amplificação viral. Os animais adquirem a doença e os homens, nesse ciclo, são considerados hospedeiros acidentais. Os principais mosquitos envolvidos são os do gênero Haemagogus e Sabethes

Ciclo urbano

Já no ciclo urbano, o homem é considerado o principal hospedeiro e atua como fonte de infecção para o próprio mosquito, que, agora infectado, pode contaminar outras pessoas. Dessa forma, percebe-se um ciclo de infecção homem-mosquito-homem. O principal vetor, nesse caso, é o pernilongo Aedes aegypti.

Quais são os sintomas da febre amarela?

A febre amarela é uma típica febre viral que pode cursar com hemorragias. Os principais sintomas são: febre, náusea, vômito, dor epigástrica, hepatite com icterícia, falência renal, hemorragia, choque e, até mesmo, a morte

A forma mais grave da febre amarela pode ocorrer em quase 12% dos pacientes infectados, e, além da icterícia e hemorragias, pode levar a um quadro de falência generalizada dos órgãos. Nesses casos mais severos, a mortalidade pode chegar a 50%. 

Cada um dos 3 períodos da doença apresenta sintomas mais característicos:

  • Período de infecção: febre, dores de cabeça, mialgia, dores lombares, náuseas, mal-estar, prostração e tonturas. Alguns pacientes podem apresentar sintomas secundários como infecção conjuntival, língua esbranquiçada e com tonalidade vermelha na ponta e dissociação pulso-temperatura – Sinal de Faget;
  • Período de remissão: ocorre a atenuação dos sintomas, com declínio da temperatura e diminuição da intensidade das outras manifestações. Normalmente, nesse período, o paciente relata sentir uma melhora;
  • Período de intoxicação: é o momento de resposta inflamatória exagerada e que pode desencadear um quadro de colapso hemodinâmico. Nesse período, a febre e a diarreia reaparecem e o vômito tem aspecto de borra de café. A insuficiência hepática e renal começa a manifestar sintomas como: icterícia, anúria, albuminúria e oligúria; são comuns manifestações hematológicas como epistaxe, otorragia, hematêmese, petéquias, equimose, hematomas, gengivorragias, hemoptise, hemorragia conjuntival, entre outros. Um outro sintoma característico dessa fase é o sinal de Faget, representado por uma dissociação pulso-temperatura, quando o pulso encontra-se lentificado ou inapropriadamente normal e a temperatura elevada.

Sendo uma doença dinâmica, ela pode apresentar possibilidade de piora. Nesse caso, a evolução para o óbito costuma acontecer entre 7 e 14 dias, e, normalmente, se dá por conta da insuficiência hepática fulminante. Quadros secundários de sepse bacteriana ou fúngica, hemorragias, arritmias e choque também podem levar à morte.

Vacina contra a febre amarela

A vacina contra a febre amarela possui eficácia acima de 95%, portanto, é a principal forma de prevenção. Ela é composta por vírus vivos atenuados da subcepa 17D. A orientação vacinal é de uma dose para pacientes acima de 9 meses de idade, com reforço aos 4 anos. Os anticorpos estimulados por ela são produzidos em um período de até 10 dias, por isso, a vacinação em pacientes que irão viajar para áreas endêmicas, deve acontecer 10 dias antes da viagem.

A vacina é contraindicada para gestantes, crianças menores do que 6 meses e pacientes imunossuprimidos.

Outras medidas relacionadas ao inseto vetor podem ajudar na prevenção, como: uso de repelentes, não deixar água parada e utilização de telas e mosquiteiros.

Diagnóstico

O diagnóstico da febre amarela é importante para a monitoração de uma possível evolução mais grave. Os achados clínicos são bastante sugestivos na maioria dos pacientes. Além disso, a investigação da história do indivíduo é importante, principalmente a respeito de viagens recentes para zonas endêmicas da doença e se o paciente já foi vacinado.

O diagnóstico laboratorial pode ser feito de diversas formas, cada uma com suas especificações, as principais são:

  • A sorologia, que investiga a presença de anticorpos IgM específicos, é feita pela técnica ELISA. A coleta de sangue para a amostra deve ser feita a partir do sétimo dia do aparecimento dos sintomas;
  • O isolamento viral que é feito pela pesquisa do vírus em cultura de células. Pode ser utilizado sangue, soro, líquido cefalorraquidiano, urina ou biópsia visceral – para o caso de investigação após o óbito;
  • Pesquisa de antígeno viral que é feita pela técnica de imuno-histoquímica e consiste na detecção do antígeno viral em amostras de tecidos. Esse procedimento é normalmente realizado em indivíduos que já foram a óbito para comprovar a causa da morte; e
  • O RT-PCR também pode ser solicitado e analisa se há genoma viral, normalmente no sangue, soro ou tecidos.

Tratamento

Não existe um tratamento específico para a febre amarela, os medicamentos e medidas adotadas têm como objetivo controlar os sintomas da doença. A principal conduta para os casos mais leves é a manutenção da hidratação e recomendação de repouso. As drogas comumente utilizadas são antitérmicos e analgésicos, vale ressaltar que derivados de ácido acetilsalicílico são contraindicados pelo risco de hemorragia.

Durante o tratamento, é importante monitorar a atividade hepática e renal, o que acontece pela dosagem das transaminases TGO e TGP e a dosagem de ureia e creatinina, respectivamente. O componente hematogênico também merece atenção nesse processo, principalmente para evitar possíveis hemorragias.

No caso de pacientes adultos graves, o Ministério da Saúde do Brasil propõe algumas medidas, como:

  • Internação com objetivo principal de hidratação e controle dos sintomas, suspender uso de AAS e AINEs;
  • Realizar a notificação compulsória da doença, que deve ser feita para todos os pacientes sintomáticos;
  • Nas formas ainda mais graves recomenda-se a internação em unidade de terapia intensiva, administração de inibidor de bombas de prótons, monitorar balanço hídrico e prevenir hipoglicemia. Em alguns casos a diálise é indicada, principalmente para pacientes com nível de bicarbonato menor do que 18 meq/L. O tratamento para prevenir a encefalopatia hepática é feito com 250 mL de manitol com bisacodil, em caso de resposta negativa, utilizar clister glicerinado retal. Para a prevenção de possíveis crises convulsivas, a administração de levetiracetam é o mais indicado, tendo a fenitoína como alternativa, e para o controle das crises utiliza-se 0,15mg/Kg IV de diazepam; e
  • Algumas outras medidas como transfusão de sangue e componentes, e a troca plasmática podem ajudar nos casos mais severos.

Outras drogas vêm sendo testadas e parecem apresentar bons resultados, as principais são: sofosbuvir e terapia com Interferon-.

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