Resumo de Consulta a Adolescente Feminina: puberdade e mais!

Resumo de Consulta a Adolescente Feminina: puberdade e mais!

Olá, querido doutor e doutora! Este texto aborda a importância da consulta de saúde para adolescentes femininas, com foco no cuidado integral e nas especificidades desse público. A adolescência é uma fase de mudanças intensas, que requer atenção especial dos profissionais de saúde para orientar e apoiar a jovem em seu desenvolvimento físico, emocional e social. Por meio de uma abordagem cuidadosa e educativa, a consulta visa fornecer informações essenciais sobre sexualidade, métodos contraceptivos, prevenção de doenças, saúde menstrual, entre outros temas fundamentais para o bem-estar da adolescente.

“Cuidar da saúde da adolescente é mais do que prevenir doenças; é apoiar o desenvolvimento de uma jovem informada, confiante e preparada para tomar decisões conscientes sobre seu corpo e bem-estar.”

Introdução 

A consulta da adolescente feminina está centrado na promoção da saúde integral da jovem durante uma fase crucial de desenvolvimento. Essa consulta não se resume a aspectos físicos, mas também abrange o bem-estar emocional, social e psicológico, considerando a adolescente como um ser em constante transformação e com necessidades específicas. Esse cuidado integral envolve uma abordagem acolhedora e respeitosa, onde a privacidade e a confidencialidade são garantidas, e o diálogo é incentivado. 

A consulta permite que a adolescente expresse suas dúvidas e receba orientações em temas como menstruação, contracepção, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e saúde mental, temas que geram muitas vezes inseguranças ou curiosidades nessa faixa etária. 

Tópicos a Serem Abordados na Consulta 

Na consulta de saúde para adolescentes femininas, é importante abordar uma série de pontos que abrangem tanto os aspectos físicos quanto emocionais e sociais do desenvolvimento. Estes são alguns dos principais pontos a serem discutidos:

  1. Desenvolvimento físico e puberdade: explicação sobre as mudanças corporais típicas da adolescência, como o desenvolvimento das mamas, o crescimento de pelos, alterações na distribuição de gordura corporal e o estirão de crescimento. Esse ponto inclui uma orientação sobre os estágios de Tanner, para a adolescente compreender o que ocorre em cada fase de desenvolvimento.
  1. Ciclo menstrual e saúde menstrual: discussão sobre o ciclo menstrual, seus padrões e possíveis variações normais e anormais. Isso inclui abordar questões como a regularidade do ciclo, sintomas de tensão pré-menstrual, dismenorreia (cólica menstrual) e fluxo menstrual intenso ou ausente, além de explicar a importância de manter um calendário menstrual para monitorar seu ciclo.
  1. Vacinação do adolescente: verificação das vacinas recomendadas para a faixa etária, incluindo HPV, hepatite B e meningite, e orientação sobre a importância da imunização para a prevenção de doenças.
  1. Sexualidade e saúde sexual: orientação sobre sexualidade, consentimento e prevenção de riscos. Aqui, o profissional pode esclarecer sobre o início da vida sexual de forma saudável e consciente, oferecendo informações sobre ISTs, contracepção e dupla proteção. A adolescente deve entender a importância de relações respeitosas, consentidas e saudáveis.
  1. Métodos contraceptivos: apresentação dos diferentes métodos contraceptivos, incluindo preservativos, contraceptivos hormonais, DIU e métodos de barreira. É importante discutir o uso do preservativo tanto para prevenir gravidez quanto para proteger contra ISTs e enfatizar a dupla proteção.

Desenvolvimento Físico e Puberdade

O desenvolvimento físico na adolescência pode ser dividido em estágios que variam de pessoa para pessoa, mas que geralmente ocorrem em uma sequência específica. Para acompanhar essas mudanças, o profissional de saúde pode utilizar os Estágios de Tanner, uma referência que descreve o progresso da maturação sexual, especialmente no que se refere ao desenvolvimento das mamas e dos pelos pubianos nas meninas. 

  • Desenvolvimento das mamas: este é um dos primeiros sinais visíveis de que a puberdade começou. O processo geralmente se inicia entre os 8 e 13 anos e pode levar alguns anos para se completar. No início, há um leve inchaço sob os mamilos, conhecido como broto mamário, sendo um indicativo do início da maturação.
Estágios de Tanner. Caderneta de Saúde da Adolescente.
  • Crescimento de pelos: o aumento dos pelos ocorre principalmente nas regiões pubiana e axilar. Ao longo do tempo, esses pelos se tornam mais grossos e escuros. Esse desenvolvimento pode ser acompanhado pelo aparecimento de pelos mais finos em outras partes do corpo. 
Estágios de Tanner. Caderneta de Saúde da Adolescente.
  • Estirão de crescimento: durante a puberdade, ocorre um período de crescimento acelerado em altura, conhecido como estirão puberal. Este crescimento pode começar por volta dos 9 a 14 anos sendo influenciado por fatores genéticos e hormonais. O estirão de crescimento costuma ocorrer antes nas meninas do que nos meninos e se estabiliza em poucos anos. 
  • Mudanças na distribuição de gordura corporal: com a produção de hormônios sexuais, ocorre uma redistribuição da gordura corporal, com maior concentração em regiões como quadris, coxas e nádegas, resultando em uma maior definição das curvas corporais femininas.
  • Pele e cabelos: a pele pode se tornar mais oleosa devido ao aumento da atividade das glândulas sebáceas, o que pode levar ao surgimento de acne. Da mesma forma, o cabelo tende a ficar mais oleoso durante essa fase, demandando cuidados adicionais

Ciclo Menstrual e Saúde Menstrual 

O ciclo menstrual é o período entre o primeiro dia de uma menstruação e o início da próxima, com uma duração média de 28 dias, embora seja normal variar entre 21 e 35 dias. O início do ciclo é marcado pela menstruação, que ocorre quando o revestimento uterino (endométrio) é eliminado, causando o fluxo menstrual. Essa fase dura em média de 3 a 7 dias. 

Para a adolescente, entender a saúde menstrual é fundamental, pois o ciclo pode variar bastante nos primeiros anos após a menarca. Entre as condições que podem ocorrer estão:

  • Irregularidade menstrual: ciclos irregulares são comuns nos primeiros anos, mas é importante monitorar se persistem por períodos prolongados. 
  • Dismenorreia (cólica menstrual): muitas adolescentes experimentam dores abdominais durante a menstruação, o que pode interferir na rotina. Esse desconforto, quando leve, é normal; porém, em casos de dor intensa, o profissional de saúde deve ser consultado. 
  • Síndrome Pré-Menstrual (TPM): alterações físicas e emocionais antes da menstruação, como irritabilidade, inchaço e dores nas mamas, são comuns e podem variar de intensidade. Estratégias de autocuidado, como práticas de relaxamento e atividade física, podem ajudar a reduzir esses sintomas. 
  • Menorragia (fluxo menstrual intenso): o fluxo menstrual excessivo pode ser incômodo e gerar preocupação. É fundamental investigar as causas, pois essa condição pode estar associada a desequilíbrios hormonais.

Orientações para o Autocuidado

Instruções de autocuidado são essenciais para o bem-estar menstrual. O profissional de saúde deve orientar sobre: 

  • Higiene íntima: explicar sobre o uso adequado de absorventes e a importância de trocá-los regularmente para evitar infecções. 
  • Alimentação e hidratação: uma dieta equilibrada e a ingestão de líquidos ajudam a reduzir sintomas da TPM e melhorar a energia. 
  • Atividades físicas: exercícios leves podem aliviar sintomas como cólicas e alterações de humor.

Orientar a adolescente a manter um calendário menstrual é uma prática útil para entender melhor seu ciclo e identificar padrões. Para isso podemos oferecer um calendário menstrual ou sugerir um aplicativo de controle dos ciclos. 

Ciclo menstrual. Estratégia MED.

Vacinação do Adolescente 

  1. Vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano): o HPV é um vírus associado ao desenvolvimento de câncer de colo de útero, entre outros tipos de cânceres, e a vacinação é essencial para prevenir infecções causadas pelos tipos mais comuns desse vírus. Essa vacina é recomendada para adolescentes, idealmente antes do início da vida sexual, garantindo maior eficácia na prevenção. Atualmente, a vacina é feita em dose unica entre 11 a 14 anos. 
  1. Vacina meningocócica: protege contra a meningite causada pelo meningococo, uma bactéria que pode levar a quadros graves e, em alguns casos, ser fatal. A vacina meningocócica C é comumente administrada na infância, mas recomenda-se um reforço durante a adolescência. Em algumas regiões, também é oferecida a vacina meningocócica ACWY, que cobre mais cepas.
  1. Hepatite B: embora seja geralmente aplicada na infância, a vacina contra a hepatite B pode ser reforçada ou completada na adolescência, especialmente para aqueles que não receberam o esquema completo. Essa vacina protege contra a hepatite B, uma infecção viral que pode evoluir para doenças crônicas do fígado.
  1. Tríplice viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola): a imunização contra o sarampo, caxumba e rubéola é importante, especialmente em áreas onde o sarampo ainda é uma preocupação. A maioria das adolescentes já deve ter sido vacinada na infância, mas o reforço ou a verificação da imunização é recomendado para garantir a proteção.
  1. Vacina contra a Febre Amarela: indicada para adolescentes que vivem ou viajam para áreas endêmicas, a vacina contra a febre amarela é uma dose única, mas, em alguns casos, pode ser recomendada uma dose de reforço, especialmente em regiões com surtos ativos. 
  1. Vacina dT (Difteria e Tétano): mesmo que o esquema de vacinação tenha sido completado na infância, a vacina dT deve ser reforçada a cada 10 anos para manter a proteção contra difteria e tétano. Esse reforço é importante durante a adolescência, por ajudar a prevenir essas infecções bacterianas graves.
Calendário vacinal do adolescente. Ministério da Saúde.

Sexualidade e Saúde Sexual 

Durante a adolescência, a sexualidade é vivenciada e compreendida de diferentes formas, e é essencial que a adolescente tenha um espaço seguro para discutir dúvidas e preocupações. O profissional de saúde deve abordar o tema de forma acolhedora, respeitando o tempo e a maturidade emocional da jovem. Esse diálogo ajuda a desmistificar conceitos e a construir uma compreensão positiva sobre o próprio corpo e as relações interpessoais.

A adolescente deve compreender que o consentimento é um ato de escolha livre e voluntária, e tem o direito de dizer “não” em qualquer situação desconfortável. Além disso, é importante abordar o respeito mútuo e a comunicação em relacionamentos afetivos, reforçando que relações saudáveis são baseadas na confiança e na valorização da individualidade.

A adolescente deve ser orientada sobre as principais infecções, como HIV, sífilis, gonorreia e clamídia, e sobre como elas são transmitidas. O uso do preservativo é o principal método de prevenção e deve ser incentivado em todas as relações sexuais, inclusive para adolescentes que utilizam outros métodos contraceptivos, pois o preservativo oferece dupla proteção contra ISTs e gravidez indesejada.

Preservativos. Caderneta de Saúde da Adolescente.

Métodos Contraceptivos

Os métodos contraceptivos são ferramentas importantes para o planejamento reprodutivo e para a prevenção de gravidez indesejada, especialmente durante a adolescência. A consulta de saúde é uma oportunidade para orientar a adolescente sobre as diversas opções disponíveis, esclarecendo dúvidas e promovendo escolhas informadas e seguras. É fundamental também destacar o uso de métodos que oferecem dupla proteção, combinando a prevenção da gravidez com a proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Principais Métodos Contraceptivos

  1. Preservativo (camisinha masculina e feminina): é o único método que oferece dupla proteção, prevenindo tanto a gravidez quanto ISTs. É fácil de usar e está amplamente disponível.
  1. Pílula contraceptiva oral: composta por hormônios que inibem a ovulação, a pílula é um dos métodos mais comuns. Ela exige disciplina para ser eficaz, por dever ser tomada diariamente, no mesmo horário.
  1. Injeção contraceptiva: é um método hormonal aplicado mensal ou trimestralmente, dependendo da composição. É uma alternativa para adolescentes que podem ter dificuldade em lembrar de tomar a pílula diariamente.
  1. Implante subdérmico: trata-se de um pequeno dispositivo colocado sob a pele do braço, que libera hormônios continuamente para prevenir a gravidez. É eficaz por até três anos e não exige manutenção diária.
  1. Dispositivo Intrauterino (DIU): existem dois tipos principais de DIU: o de cobre, que não contém hormônios, e o hormonal, que libera pequenas quantidades de progestagênio. Ambos são altamente eficazes e podem durar de 5 a 10 anos, dependendo do tipo.
Diferentes formas do DIU de cobre. Estratégia MED.
  1. Adesivo contraceptivo: é um método hormonal que consiste em um adesivo colocado na pele, liberando hormônios para prevenir a ovulação. O adesivo deve ser trocado semanalmente.
  1. Anel vaginal: é um anel flexível colocado na vagina que libera hormônios para prevenir a ovulação. Deve ser trocado mensalmente e pode ser colocado e retirado pela própria usuária.
Principais métodos contraceptivos. Estratégia MED.

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Referências Bibliográficas 

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Adolescente: menina. 4. ed., 1. reimpressão. Brasília: Ministério da Saúde, 2024.
  1. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). A Saúde da Adolescente: abordagem da FEBRASGO. Femina, São Paulo, v. 47, n. 4, p. 195-197, 2019. 
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