Olá, querido doutor e doutora! A Doença de Grover é uma condição dermatológica benigna caracterizada por pápulas pruriginosas no tronco, frequentemente associadas a fatores como calor, sudorese e exposição solar. Embora muitas vezes autolimitada, pode apresentar evolução prolongada ou recorrente, demandando avaliação clínica cuidadosa e manejo individualizado.
Em alguns pacientes, o prurido é suficientemente intenso para interferir no sono e na qualidade de vida.
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O que é Doença de Grover
A Doença de Grover é uma dermatose benigna caracterizada por pápulas eritematosas pruriginosas e, em muitos casos, por lesões papulovesiculares situadas preferencialmente no tronco e na região peitoral. Embora seja descrita como dermatose acantolítica transitória, pode apresentar comportamento persistente ou recorrente. O diagnóstico costuma ser clínico, sustentado pelo início abrupto, pelo prurido variável e pelo aspecto acneiforme discreto das lesões, que podem surgir isoladas ou em pequenos agrupamentos.
Etiologia e mecanismos fisiopatológicos
Hipóteses etiológicas
A causa da Doença de Grover permanece indefinida, mas entende-se que o quadro representa uma resposta cutânea comum a múltiplos estímulos capazes de alterar a coesão epidérmica. Entre esses estímulos, destacam-se calor, sudorese intensa, radiação ultravioleta, imobilização prolongada e uso de determinados fármacos, especialmente agentes antineoplásicos. Esses fatores podem atuar como gatilhos isolados ou combinados.
Papel dos ductos écrinos
Uma das teorias mais discutidas envolve o comprometimento dos ductos écrinos, sugerindo que sua obstrução ou dano estrutural levaria ao acúmulo de suor e de substâncias excretadas por ele dentro da epiderme. Esse ambiente favorece acantólise, com perda de adesão entre queratinócitos e formação de microvesículas. A possível toxicidade local de medicamentos eliminados pelo suor reforça essa hipótese.
Processos inflamatórios e interação com doenças sistêmicas
Outra proposta considera um mecanismo de recrutamento inflamatório exacerbado, especialmente em indivíduos com neoplasias ou em uso de terapias imunomoduladoras. Nesses cenários, antígenos alterados na pele poderiam desencadear uma resposta imune desordenada, contribuindo para a acantólise. A interação com estados de xerose, eczema e outras dermatoses pode intensificar a fragilidade epidérmica, facilitando o surgimento das lesões.
Epidemiologia e fatores associados
Distribuição por idade e sexo
A Doença de Grover acomete principalmente homens de meia-idade e idosos, com média de diagnóstico por volta da sexta década de vida. Há predominância marcante no sexo masculino, refletida em proporções próximas ao dobro de casos quando comparados às mulheres. A condição é mais observada em indivíduos de pele clara, embora possa ocorrer em diferentes grupos étnicos.
Prevalência e variações sazonais
A frequência real é subestimada devido ao caráter autolimitado e à semelhança com outras erupções. Em serviços dermatológicos, representa pequena fração das consultas, mas aparece de modo mais recorrente durante meses frios, possivelmente relacionada ao ressecamento cutâneo e ao aumento de xerose. Algumas séries não confirmam essa associação, indicando que a sazonalidade pode variar conforme o clima local.
Fatores predisponentes
Diversos elementos podem favorecer o surgimento da doença, como calor, sudorese intensa, exposição solar, radiação, internação prolongada e climas secos. Condições dermatológicas concomitantes, como dermatite atópica ou eczema, também podem ocorrer no mesmo paciente. Além disso, há associação com terapias oncológicas, incluindo inibidores de BRAF, quimioterápicos e agentes biológicos, além de relatos vinculados a insuficiência renal, transplantes de órgãos e presença de neoplasias hematológicas.
Avaliação clínica
Características das lesões
Os pacientes apresentam pápulas eritematosas, papulovesículas ou pequenos nódulos, medindo geralmente de 1 a 3 milímetros, distribuídos predominantemente no tronco e regiões proximais dos membros. As lesões podem assumir coloração vermelho acastanhada ou aspecto queratósico, e frequentemente sofrem escoriações devido ao prurido. Há variação morfológica importante, incluindo apresentações vesiculopustulares, eczematosas ou, mais raramente, placas eritematosas.
Sintomas associados
O sintoma mais comum é o prurido, com intensidade variável, que pode ser leve em alguns pacientes ou suficientemente intenso para interromper o sono. Não há manifestações sistêmicas relevantes, e a doença mantém caráter exclusivamente cutâneo. Exposição ao calor, suor e radiação costuma intensificar o desconforto e favorecer o aparecimento de novas lesões.
Variantes clínicas
Três padrões são descritos. A forma eruptiva transitória surge abruptamente com prurido acentuado e tende a regredir em semanas. A variante pruriginosa persistente apresenta prurido mais brando, porém prolongado, com evolução que pode se estender por meses ou anos. A apresentação crônica assintomática, menos comum, manifesta pápulas discretas, geralmente localizadas no tronco inferior ou região submamária, observada com maior frequência em pacientes oncológicos.
Diagnóstico
Avaliação clínica
O diagnóstico é predominantemente clínico, sustentado pelo padrão característico de pápulas eritematosas pruriginosas e lesões papulovesiculares distribuídas no tronco. O início súbito, a ausência de sintomas sistêmicos e a piora com calor ou sudorese reforçam a suspeita. A anamnese deve incluir investigação de exposição solar intensa, internação recente, sudorese exacerbada, além do uso de medicamentos potencialmente associados.

Achados dermatoscópicos
A dermatoscopia pode auxiliar quando o quadro não é típico. Observam-se estruturas como área central acastanhada cercada por halo esbranquiçado, com contornos estrelados ou poligonais, ou ainda áreas queratósicas envoltas por halo claro sobre fundo rosado. Esses padrões costumam refletir subtipos histológicos distintos, ampliando a segurança diagnóstica sem necessidade imediata de biópsia.
Histopatologia
Quando realizada, a biópsia demonstra acantólise com formação de microvesículas, podendo apresentar diferentes padrões: semelhança com doença de Darier, padrão espongiótico, padrão semelhante ao pemphigus ou padrão semelhante à doença de Hailey Hailey. Em alguns casos, cortes profundos ou múltiplas amostras são necessários para evidenciar o padrão acantolítico.
Diagnósticos diferenciais
Incluem condições que produzem pápulas pruriginosas ou lesões semelhantes, como foliculite, miliária rubra, dermatite de contato, acne, seborréia ceratósica, além de dermatoses bolhosas e doenças acantolíticas hereditárias como Darier e Hailey Hailey. Avaliar também a possibilidade de escabiose, candidíase, impetigo bolhoso, além de erupções medicamentosas e quadros infecciosos virais.
Tratamento
Medidas gerais
A base do manejo é orientar higiene suave da pele, com uso de sabonetes não irritantes e emolientes regulares para restaurar a barreira cutânea. Recomenda-se evitar calor excessivo, sudorese intensa e exposição solar prolongada, além de reduzir o contato com agentes desidratantes como detergentes e produtos de limpeza. Banhos com aditivos emolientes ou aveia coloidal podem aliviar o prurido e melhorar o conforto do paciente.
Tratamento farmacológico
Para sintomas leves a moderados, empregam-se corticosteroides tópicos de potência média, como betametasona ou triancinolona, aplicados nas áreas acometidas por tempo limitado. Em casos mais intensos, podem ser utilizados corticosteroides tópicos de alta potência em cursos curtos, associados a anti-histamínicos orais para controle do prurido. Em quadros extensos ou muito sintomáticos, considera-se curso breve de corticosteroide sistêmico, com retirada gradual para reduzir risco de recidiva abrupta.
Terapias para casos refratários
Pacientes com resposta insuficiente ao esquema inicial podem se beneficiar de análogos de vitamina D tópicos, como calcipotriol ou outros derivados, isolados ou combinados com corticosteroides. Há relatos de melhora com retinoides orais, como acitretina, sobretudo em formas extensas e persistentes, sempre com monitorização rigorosa de efeitos adversos. Outras intervenções, como peelings químicos com ácido tricloroacético, podem ser consideradas em situações individuais e sob supervisão especializada.
Fototerapia e outras abordagens
Em doença crônica, extensa ou refratária, a fototerapia com UVB de banda estreita ou UVA1 em protocolos seriados pode reduzir prurido e número de lesões. Técnicas mais específicas, como terapia fotodinâmica, foram descritas em casos isolados de difícil controle, com melhora clínica relevante. Em todos os cenários, é importante reforçar medidas de hidratação da pele, controle de gatilhos ambientais e acompanhamento dermatológico periódico, ajustando o plano terapêutico conforme a evolução.
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Referências Bibliográficas
- EBSCO Information Services. Grover Disease. DynaMed. 2025.



