Resumo da Síndrome da Dor Regional Complexa: conceito e mais!
Dynamed.

Resumo da Síndrome da Dor Regional Complexa: conceito e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome da Dor Regional Complexa é uma condição de dor crônica caracterizada por apresentação clínica variável, evolução imprevisível e impacto funcional relevante. O reconhecimento precoce, aliado à compreensão dos critérios diagnósticos e das opções terapêuticas, permite melhor direcionamento do manejo clínico.

O diagnóstico da Síndrome da Dor Regional Complexa é predominantemente clínico e baseia se nos critérios de Budapeste.

O que é a Síndrome da Dor Regional Complexa 

A Síndrome da Dor Regional Complexa é uma condição de dor crônica caracterizada por dor contínua, intensa e desproporcional ao evento desencadeante, geralmente localizada em um membro. O quadro costuma surgir após trauma, cirurgia ou imobilização, sem que a magnitude da lesão inicial justifique a intensidade e a persistência dos sintomas.

A síndrome associa alterações sensitivas, autonômicas, motoras e tróficas, resultando em manifestações como hiperalgesia, alodinia, mudanças de temperatura e coloração da pele, edema e limitação funcional. O diagnóstico é predominantemente clínico, baseado em critérios padronizados, e reflete um distúrbio multifatorial envolvendo mecanismos neuroinflamatórios, disfunção autonômica e sensibilização do sistema nervoso.

Classificação da Síndrome da Dor Regional Complexa 

 A Síndrome da Dor Regional Complexa é classificada em dois subtipos, conforme a presença ou ausência de lesão nervosa identificável:

Síndrome da Dor Regional Complexa tipo I

Caracteriza se pela presença de dor persistente e desproporcional, associada a alterações sensitivas, vasomotoras, sudomotoras, motoras e tróficas, sem evidência objetiva de lesão nervosa periférica. É a forma mais frequente e costuma ocorrer após traumas menores, fraturas, cirurgias ou períodos de imobilização.

Síndrome da Dor Regional Complexa tipo II

Apresenta manifestações clínicas semelhantes ao tipo I, porém ocorre na presença de lesão nervosa periférica documentada. A dor tende a seguir a distribuição do nervo acometido, podendo coexistir com déficits sensitivos ou motores mais bem delimitados.

Ambos os subtipos compartilham manifestações clínicas e critérios diagnósticos semelhantes, diferindo principalmente pelo achado de lesão nervosa definida no tipo II.

Epidemiologia e fatores associados 

A Síndrome da Dor Regional Complexa apresenta incidência relativamente baixa, porém, com impacto funcional significativo. O quadro é observado com maior frequência em adultos, especialmente entre a quarta e sexta décadas de vida, e acomete mais mulheres do que homens. A apresentação em membros superiores é mais comum, embora membros inferiores também possam ser afetados.

Entre os fatores associados, destacam se traumas ortopédicos, fraturas, procedimentos cirúrgicos, entorses e períodos de imobilização prolongada. Condições como osteoporose, doenças inflamatórias, tabagismo e história prévia de dor crônica estão frequentemente relacionadas ao desenvolvimento da síndrome.

Aspectos psicossociais, incluindo ansiedade, depressão e estresse, não configuram causa direta, mas podem influenciar a intensidade dos sintomas, a resposta ao tratamento e a evolução clínica.

Mecanismos fisiopatológicos envolvidos

Entre os principais mecanismos envolvidos destacam se processos neuroinflamatórios, com liberação local de citocinas e neuropeptídeos pró inflamatórios, levando a edema, dor intensa e alterações tróficas. Há também disfunção do sistema nervoso autonômico, responsável por alterações de temperatura, coloração cutânea e sudorese, refletindo instabilidade vasomotora regional.

Outro componente relevante é a sensibilização periférica e central, caracterizada por amplificação da transmissão nociceptiva, redução do limiar doloroso e fenômenos como hiperalgesia e alodinia. Alterações na representação cortical do membro acometido e distúrbios na integração sensório motora contribuem para dor persistente e limitação funcional.

Avaliação clínica

Dor e alterações sensitivas

A Síndrome da Dor Regional Complexa cursa com dor contínua, intensa e desproporcional ao evento desencadeante, frequentemente acompanhada de hiperalgesia, alodinia e disestesias. Estímulos mecânicos, térmicos ou táteis leves podem desencadear dor significativa.

Alterações autonômicas e edema

São comuns mudanças na temperatura e coloração da pele, com assimetria térmica, além de distúrbios da sudorese e edema persistente, geralmente com padrão flutuante ao longo do tempo.

Comprometimento motor e trófico

Observa se limitação funcional progressiva, redução da amplitude de movimento, fraqueza, tremores ou distonia. Alterações tróficas incluem pele fina ou brilhante, mudanças no crescimento de unhas e pelos e rigidez articular em fases mais prolongadas.

Inchaço assimétrico devido à síndrome da dor regional complexa. Dynamed.

Diagnóstico 

Diagnóstico clínico

O diagnóstico da Síndrome da Dor Regional Complexa é predominantemente clínico, baseado na história, no exame físico e na exclusão de outras condições que expliquem melhor os achados. Não há exame complementar isolado que confirme o diagnóstico, sendo a avaliação longitudinal relevante para reconhecer a evolução do quadro.

Critérios de Budapeste

Os critérios atualmente utilizados exigem a presença de dor contínua e desproporcional ao evento desencadeante, associada a manifestações clínicas distribuídas em diferentes domínios. O paciente deve relatar ao menos um sintoma em três ou mais das seguintes categorias e apresentar ao menos um sinal em duas ou mais delas no exame físico:

  1. Sensitiva, com hiperalgesia ou alodinia;
  1. Vasomotora, com alterações de temperatura ou coloração da pele sudomotora, ou edema;
  1. Motora ou trófica, incluindo limitação de movimento, fraqueza, tremor, distonia ou alterações cutâneas e anexiais.

Além disso, não deve haver outro diagnóstico que explique de forma mais adequada o conjunto de sinais e sintomas.

Exames complementares

Métodos de imagem e testes funcionais podem ser utilizados como apoio diagnóstico ou para exclusão de diagnósticos diferenciais, mas não são obrigatórios para confirmação. A interpretação desses exames deve sempre ser integrada ao contexto clínico.

Tratamento

Medidas gerais e reabilitação

A fisioterapia e a terapia ocupacional constituem a base do manejo, com estímulo ao uso progressivo do membro, mobilização gradual, fortalecimento e técnicas de dessensibilização. Estratégias como terapia do espelho e reeducação sensório motora podem ser incorporadas conforme tolerância. A educação do paciente e o alinhamento de expectativas favorecem adesão e continuidade do tratamento.

Tratamento farmacológico

A terapia medicamentosa é direcionada ao perfil da dor. Analgésicos e anti-inflamatórios podem auxiliar no controle inicial dos sintomas. Em quadros com características neuropáticas, utilizam se fármacos como gabapentinoides e antidepressivos, com titulação progressiva e monitorização de efeitos adversos. Em fases iniciais selecionadas, esquemas de curta duração com corticosteroides podem ser considerados. Terapias tópicas podem ser úteis em alodinia localizada.

Abordagens intervencionistas e suporte psicológico

Em casos refratários ou quando a dor limita a reabilitação, podem ser indicados bloqueios simpáticos ou outras intervenções conduzidas por especialista em dor. O acompanhamento psicológico contribui para o manejo de cinesiofobia, ansiedade e catastrofização, favorecendo ganho funcional.

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Referências Bibliográficas 

  1. DynaMed. Complex Regional Pain Syndrome (CRPS). Ipswich: EBSCO Information Services. 

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