Resumo da Síndrome da Fragilidade: causas, diagnóstico e mais!
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Resumo da Síndrome da Fragilidade: causas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O envelhecimento populacional tem tornado a síndrome da fragilidade uma condição clínica cada vez mais relevante no cotidiano médico. Caracterizada por uma vulnerabilidade aumentada frente a eventos estressores, ela se associa a pior evolução funcional e aumento da mortalidade em idosos. 

Fraqueza muscular é frequentemente o primeiro sinal clínico observável da síndrome da fragilidade.

Conceito 

A síndrome da fragilidade representa uma condição clínica identificável em idosos, caracterizada por uma redução progressiva da reserva funcional e da capacidade de adaptação fisiológica diante de estressores, mesmo que de baixa intensidade. Essa vulnerabilidade está associada ao envelhecimento e à desregulação simultânea de múltiplos sistemas orgânicos, sem necessariamente haver uma doença específica de base.

Critérios diagnósticos   

A avaliação da síndrome da fragilidade pode ser feita por meio de um conjunto de cinco critérios clínicos objetivos, validados em grandes coortes populacionais. São eles:

  • Perda de peso involuntária: redução ≥4,5 kg ou ≥5% do peso corporal no último ano, sem causa aparente.
  • Exaustão: sensação frequente de cansaço ou falta de energia, referida pelo paciente, geralmente avaliada por questionários padronizados.
  • Fraqueza muscular: medida pela força de preensão palmar, ajustada por sexo e índice de massa corporal.
  • Lentidão de marcha: tempo aumentado para percorrer uma curta distância (ex.: 4 ou 5 metros), ajustado pela estatura e sexo.
  • Baixo nível de atividade física: gasto energético semanal abaixo de valores de referência definidos para homens e mulheres.

O diagnóstico clínico é estabelecido quando três ou mais critérios estão presentes. A presença de um ou dois critérios classifica o paciente como pré-frágil, e a ausência total define o estado não frágil.

Modelos de avaliação: fenótipo de Fried e índice de fragilidade

Fenótipo de Fried

Esse modelo descreve a fragilidade como um conjunto clínico observável de sinais físicos, sendo composto por cinco critérios: perda de peso involuntária, exaustão, fraqueza muscular, lentidão de marcha e baixa atividade física. A presença de três ou mais desses critérios define o indivíduo como frágil; um ou dois, como pré-frágil. Trata-se de um método amplamente aplicado por sua viabilidade em ambiente clínico e por permitir intervenções direcionadas ainda nas fases iniciais do processo.

Índice de Fragilidade (Frailty Index – FI)

Diferentemente do modelo fenotípico, o índice de fragilidade adota uma abordagem quantitativa, considerando o acúmulo de déficits ao longo do envelhecimento. Esses déficits incluem comorbidades, incapacidades funcionais, alterações cognitivas, sintomas psicossociais e síndromes geriátricas. Quanto maior o número de alterações somadas, maior o grau de fragilidade. Apesar de mais abrangente, o FI exige instrumentos mais complexos e é mais comumente utilizado em pesquisas populacionais.

Comparação entre os modelos

O fenótipo de Fried oferece maior praticidade clínica e possibilita identificação precoce, o que é vantajoso para intervenções direcionadas. Já o FI possui uma maior sensibilidade para prever desfechos adversos, mas requer avaliações mais extensas. Ambos os modelos são complementares e podem ser utilizados conforme o contexto e os recursos disponíveis.

Epidemiologia e fatores de risco

A síndrome da fragilidade afeta de 7% a 12% dos idosos com 65 anos ou mais nos Estados Unidos, podendo ultrapassar 25% após os 85 anos. Em países europeus, a prevalência varia de 5% a 27%, sendo maior no sul do continente; em cidades latino-americanas, como São Paulo e Havana, os índices são ainda mais altos, alcançando até 48% em mulheres

Entre os fatores de risco mais conhecidos estão: 

(1) idade avançada, com aumento proporcional ao envelhecimento; 

(2) sexo feminino, que apresenta maior prevalência mesmo após ajuste para comorbidades; 

(3) etnia negra ou hispânica, associada a maior risco em estudos multicêntricos; 

(4) sarcopenia e inatividade física

(5) presença de comorbidades, como insuficiência cardíaca, DPOC e declínio cognitivo; 

(6) polifarmácia, especialmente o uso de medicamentos que comprometem o sistema nervoso central; e 

(7) fatores psicossociais, incluindo isolamento, baixa renda e sintomas depressivos.

Manifestações clínicas 

Início silencioso e sintomas iniciais

A síndrome da fragilidade costuma se iniciar de forma discreta, com alterações leves no desempenho físico. Entre as manifestações mais precoces, destaca-se a fraqueza muscular, geralmente evidenciada pela redução da força de preensão manual. Outros sinais iniciais incluem diminuição da velocidade da marcha e baixa atividade física, que podem passar despercebidos na rotina clínica.

Evolução dos critérios clínicos

Estudos longitudinais sugerem que a progressão da fragilidade segue um padrão parcialmente hierárquico. Em grande parte dos casos, fraqueza, lentidão e sedentarismo aparecem primeiro, seguidos por exaustão e perda de peso involuntária, que costumam surgir em fases mais avançadas. Essa sequência sugere um ciclo de perda funcional autoperpetuante, que se agrava à medida que múltiplos critérios se acumulam.

Impacto da progressão clínica

Com a evolução da síndrome, o paciente apresenta redução da capacidade funcional, maior risco de quedas, pior recuperação frente a agravos agudos e aumento na taxa de hospitalizações e mortalidade. A exaustão e a perda ponderal, quando presentes em conjunto, indicam maior risco de descompensação, sendo menos reversíveis e associadas a piores desfechos clínicos.

Tratamento 

Intervenções com base em atividade física

A abordagem terapêutica mais eficaz na síndrome da fragilidade envolve programas estruturados de exercício físico, principalmente os que combinam treinamento de força, equilíbrio e resistência aeróbica. Essas intervenções demonstraram melhora significativa na mobilidade, força muscular e desempenho funcional de idosos frágeis, tanto em ambiente domiciliar quanto institucional. Exercícios supervisionados, mesmo com intensidade leve a moderada, reduzem o risco de quedas e retardam a progressão da dependência funcional.

Abordagem nutricional

Embora a suplementação nutricional isolada apresente resultados limitados, a combinação de proteínas e micronutrientes com exercícios físicos potencializa os efeitos sobre o ganho de massa magra e o desempenho físico. A correção de deficiências nutricionais específicas, como vitamina D e albumina, também pode trazer benefícios adicionais em casos selecionados, especialmente quando há perda ponderal significativa ou anorexia do envelhecimento.

Uso de medicamentos e terapias emergentes

Diversos fármacos vêm sendo estudados para tratar aspectos fisiopatológicos da fragilidade, como anabolizantes, inibidores da ECA e estatinas. No entanto, até o momento, não há evidência robusta que justifique o uso rotineiro desses agentes com o objetivo de reverter a síndrome. A avaliação individualizada do esquema medicamentoso é essencial para reduzir a polifarmácia, frequentemente associada ao agravamento do quadro clínico.

Abordagem multidisciplinar

A avaliação geriátrica ampla (AGA) é um recurso central na condução de pacientes frágeis. Envolve não apenas o tratamento dos critérios clínicos, mas também aspectos sociais, funcionais, cognitivos e emocionais. O cuidado coordenado por equipe multidisciplinar — composta por médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e assistentes sociais — é fundamental para promover autonomia, segurança e prevenção de incapacidades.

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Referências Bibliográficas 

  1. XUE, Qian-Li. The frailty syndrome: definition and natural history. Clinics in Geriatric Medicine, v. 27, n. 1, p. 1–15, 2011. 
  1. CLEGG, Andrew; YOUNG, John. Frailty in older people. Clinical Medicine, v. 11, n. 1, p. 72–75, 2011.
  1. DYNAMED. Frailty in Older Adults. DynaMed.
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