Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson é uma afecção inflamatória do polo inferior da patela, observada principalmente em adolescentes durante o estirão de crescimento. Surge como resultado de sobrecarga mecânica repetitiva na inserção do tendão patelar, sendo mais frequente em esportes que envolvem corrida e saltos. Seu diagnóstico é clínico na maioria dos casos, e o manejo é conservador, com foco na redução da sobrecarga e na reabilitação funcional.
Apesar de autolimitada, pode gerar dor persistente e limitar a participação em atividades esportivas.
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Conceito
A Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson é uma apofisite de tração que afeta o polo inferior da patela, no ponto de inserção do tendão patelar. Trata-se de um processo inflamatório e degenerativo desencadeado por sobrecarga mecânica repetitiva, geralmente durante a fase de crescimento, quando as estruturas ósseas e cartilaginosas são mais vulneráveis. Essa condição é considerada autolimitada, sendo mais observada em adolescentes fisicamente ativos, especialmente aqueles envolvidos em esportes que exigem corrida, saltos ou agachamentos repetitivos.
Fisiopatologia
Na Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson, o mecanismo principal é a tração repetitiva do tendão patelar sobre o polo inferior da patela. Durante o estirão de crescimento, o osso e a cartilagem apresentam menor resistência mecânica, tornando-se mais suscetíveis a microlesões.
A prática de atividades com movimentos explosivos de extensão de joelho — como saltos, corridas e mudanças bruscas de direção — provoca microtraumas cumulativos na interface tendão-osso. Esse processo leva a inflamação local, espessamento tendíneo e, em casos mais avançados, fragmentação da porção distal da patela.
Há também participação de fatores musculares, como encurtamento dos quadríceps e isquiotibiais, que aumentam a tensão sobre o tendão patelar, amplificando o estresse sobre a apófise e perpetuando o quadro doloroso.
Epidemiologia e fatores de risco
A Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson ocorre predominantemente em adolescentes entre 10 e 13 anos, com maior frequência no sexo masculino. É fortemente associada à prática regular de esportes de impacto ou que exigem contrações repetitivas e vigorosas do quadríceps, como basquete, voleibol, futebol e ginástica artística.
O risco aumenta em períodos de crescimento acelerado, quando há descompasso entre o alongamento ósseo e a flexibilidade muscular, predispondo a sobrecarga no tendão patelar. Outros fatores que contribuem incluem:
- Encurtamento de quadríceps e isquiotibiais;
- Superfícies de treino duras ou inadequadas;
- Volume e intensidade excessivos de treinamento;
- Uso de calçados com pouca absorção de impacto.
Avaliação clínica
A Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson apresenta início insidioso, sem história de trauma direto. O sintoma predominante é dor anterior no joelho, localizada no polo inferior da patela, que piora com atividades que aumentam a tração do tendão patelar — como correr, saltar, subir ou descer escadas e realizar agachamentos.
Ao exame físico, observa-se:
- Sensibilidade à palpação no polo inferior da patela;
- Edema localizado na região infrapatelar;
- Limitação relativa para atividades esportivas, especialmente as que envolvem extensão forçada do joelho;
- Frequente encurtamento de quadríceps e isquiotibiais no membro afetado.
A dor tende a melhorar com o repouso e retornar com a retomada da atividade física, podendo persistir por semanas ou meses se a sobrecarga não for controlada.
Diagnóstico
O diagnóstico da Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson é predominantemente clínico, baseado na história de dor anterior no joelho em adolescentes fisicamente ativos, associada à sensibilidade localizada no polo inferior da patela.
Critérios clínicos comuns:
- Dor de início gradual, sem trauma específico;
- Piora com atividades de impacto ou contração vigorosa do quadríceps;
- Alívio parcial com repouso;
- Ausência de derrame articular.
Exames complementares são indicados em casos atípicos, persistentes ou quando há suspeita de outras patologias:
- Radiografia: pode mostrar irregularidade ou fragmentação do polo inferior da patela em fases mais avançadas.
- Ultrassonografia: útil para detectar espessamento do tendão patelar, edema e fragmentação cartilaginosa.
- Ressonância magnética: raramente necessária, mas pode evidenciar edema ósseo e alterações inflamatórias, auxiliando no diagnóstico diferencial.
O diagnóstico diferencial inclui Doença de Osgood-Schlatter, tendinopatia patelar, fratura por avulsão e lesões osteocondrais.
Tratamento
O manejo da Síndrome de Sinding-Larsen-Johansson é predominantemente conservador. A primeira medida é a redução ou modificação das atividades físicas que desencadeiam a dor, como saltos, corridas e exercícios de alta intensidade para o quadríceps. Essa adaptação visa diminuir a sobrecarga no tendão patelar e permitir o reparo tecidual.
Outra abordagem importante é a crioterapia pós-esforço, aplicada na região anterior do joelho para controle da inflamação e alívio da dor. O alongamento de quadríceps e isquiotibiais é indicado para reduzir a tensão sobre o polo inferior da patela, enquanto o fortalecimento progressivo dos músculos do quadríceps, glúteos e estabilizadores do quadril contribui para a prevenção de recidivas.
O uso de analgésicos ou anti-inflamatórios não esteroidais pode ser considerado em casos de dor mais intensa. Dispositivos de suporte, como faixa infrapatelar, podem ser utilizados para atenuar a tração do tendão patelar durante atividades de menor impacto.
Prognóstico
O curso clínico da síndrome é autolimitado, com resolução espontânea dos sintomas na maioria dos casos após semanas ou meses, principalmente quando há adequação da carga de treino e adoção de estratégias de reabilitação. A melhora coincide, muitas vezes, com o fim do estirão de crescimento e o fortalecimento muscular adequado.
A taxa de retorno ao esporte é alta quando o protocolo de reabilitação é seguido corretamente, sendo raro o desenvolvimento de complicações ou limitações permanentes. Contudo, a persistência dos sintomas pode ocorrer se o paciente mantiver treinos de alta intensidade sem controle da sobrecarga. A prevenção de recidivas envolve manutenção de alongamentos, fortalecimento e planejamento adequado de cargas de treino.
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Referências Bibliográficas
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