Resumo da Síndrome de Treacher Collins: formação e mais!
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Resumo da Síndrome de Treacher Collins: formação e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome de Treacher Collins é uma condição genética rara que compromete o desenvolvimento ósseo e de tecidos moles da face, resultando em um conjunto característico de malformações craniofaciais. Embora o fenótipo seja marcante, o desenvolvimento intelectual geralmente é preservado, e o impacto funcional está mais relacionado a alterações respiratórias, auditivas e orais. 

Cerca de 60% dos casos ocorrem por mutações de novo, sem histórico familiar prévio.

Conceito 

A Síndrome de Treacher Collins é uma alteração congênita rara caracterizada por malformações craniofaciais simétricas, resultantes de defeitos no desenvolvimento dos primeiro e segundo arcos faríngeos durante a embriogênese. Trata-se, na maioria dos casos, de uma condição autossômica dominante com alta penetrância e expressão variável, podendo ocorrer tanto por herança familiar quanto por mutações de novo. As manifestações incluem, de forma típica, hipoplasia zigomática e mandibular, fendas palpebrais inclinadas para baixo, colobomas de pálpebra inferior, microtia e perda auditiva condutiva. Apesar das alterações físicas marcantes, o desenvolvimento intelectual costuma ser preservado.

Genética e embriologia  

A Síndrome de Treacher Collins está relacionada a mutações que afetam a formação e diferenciação de estruturas derivadas dos primeiro e segundo arcos faríngeos durante o desenvolvimento embrionário. O gene mais frequentemente envolvido é o TCOF1, localizado no cromossomo 5q32–q33, responsável por codificar a proteína Treacle, que participa da biogênese ribossômica e da manutenção da integridade das células da crista neural. Alterações nesse gene — geralmente deleções ou mutações de sentido trocado que levam à formação de um códon de parada precoce — resultam em haploinsuficiência e morte celular de precursores da crista neural, comprometendo a formação óssea e de tecidos moles da face.

Além do TCOF1, outros genes associados são POLR1D, POLR1C e POLR1B, envolvidos na transcrição do RNA ribossômico pelas polimerases I e III. As mutações podem seguir padrão autossômico dominante ou autossômico recessivo, dependendo do gene.

Do ponto de vista embriológico, a expressão de TCOF1 e proteínas associadas é mais intensa no neuroepitélio e nos arcos faríngeos durante fases críticas da morfogênese facial. Embora a migração das células da crista neural não seja diretamente prejudicada, há redução no número dessas células, o que explica a hipoplasia das estruturas derivadas, como mandíbula, zigoma, orelhas e parte da órbita.

Epidemiologia e fatores de risco

A Síndrome de Treacher Collins é uma condição rara, com incidência estimada em 1 para cada 50.000 nascidos vivos, afetando igualmente indivíduos de ambos os sexos e diferentes grupos étnicos. Cerca de 40% dos casos apresentam histórico familiar positivo, seguindo padrão de herança autossômica dominante, enquanto 60% surgem por mutações de novo.

O risco de recorrência familiar é elevado quando um dos pais é portador da mutação, mesmo que apresente formas leves da doença, devido à alta penetrância e expressividade variável. Não há evidências de fatores ambientais específicos como causa primária, mas situações que aumentem o estresse oxidativo embrionário — já descritas em estudos experimentais — podem potencialmente influenciar a manifestação fenotípica.

A distribuição geográfica é global, e não há predominância étnica conhecida. A principal variável que afeta a apresentação clínica é o tipo e a localização da mutação genética, embora não exista correlação direta entre o gene afetado e a gravidade das manifestações.

Avaliação clínica

A síndrome apresenta alterações craniofaciais bilaterais de gravidade variável, geralmente perceptíveis ao nascimento. Entre as características mais comuns estão:

  • Fendas palpebrais inclinadas para baixo, frequentemente acompanhadas de coloboma (defeito ou entalhe) na pálpebra inferior, ausência parcial de cílios e anomalias do ducto lacrimal.
  • Hipoplasia malar (zigomática) e micrognatia/retrognatia, que podem gerar dificuldade respiratória e alimentar nos primeiros anos de vida.
  • Microtia ou anotia, associadas a atresia ou estenose do conduto auditivo externo, frequentemente com malformações ossiculares, levando a perda auditiva condutiva.
  • Nariz proeminente devido ao subdesenvolvimento das estruturas vizinhas, embora com dimensões intrínsecas geralmente normais.
  • Fissura palatina ou fissura submucosa em parte dos casos, podendo coexistir com estenose ou atresia coanal.

Alterações menos frequentes incluem anomalias vertebrais cervicais, defeitos cardíacos, malformações renais e alterações oculares como estrabismo, catarata congênita e microftalmia. Apesar do fenótipo marcante, a capacidade cognitiva costuma ser preservada, e a limitação funcional decorre principalmente de alterações auditivas, visuais e das vias aéreas.

Diagnóstico 

O diagnóstico da Síndrome de Treacher Collins é, em grande parte, clínico, baseado no reconhecimento do padrão característico de malformações craniofaciais, especialmente hipoplasia zigomática e mandibular, coloboma de pálpebra inferior, microtia e perda auditiva condutiva. A avaliação inicial deve incluir exame físico detalhado e documentação fotográfica para acompanhamento evolutivo.

Para confirmação e definição etiológica, pode-se recorrer à testagem genética molecular, que identifica mutações em genes como TCOF1, POLR1D, POLR1C e POLR1B. Esse recurso é particularmente útil em casos atípicos ou para aconselhamento genético familiar.

No período pré-natal, a suspeita pode surgir por ultrassonografia tridimensional após a 30ª semana de gestação, evidenciando micrognatia, fendas palpebrais inclinadas e microtia, podendo ser complementada por amniocentese para análise genética.

Exames complementares incluem tomografia computadorizada para planejamento cirúrgico, avaliação audiológica completa, exames oftalmológicos, além de investigação de possíveis malformações associadas, como cardíacas ou renais.

Tratamento 

O manejo da Síndrome de Treacher Collins exige abordagem multidisciplinar e acompanhamento desde o período neonatal até a vida adulta. As prioridades terapêuticas variam conforme a idade e a gravidade das alterações:

  • Período neonatal – foco em garantir vias aéreas pérvias, com medidas que vão desde posicionamento e dispositivos de via aérea até traqueostomia nos casos mais graves. Também é importante assegurar nutrição adequada, corrigir exposição ocular (com proteção ou tarsorrafia) e iniciar reabilitação auditiva precoce com aparelhos de condução óssea (BAHA Softband).
  • Infância – correção de fissura palatina (idealmente até o primeiro ano de vida), intervenções ortodônticas iniciais, cirurgias de reconstrução mandibular por distração osteogênica, e tratamento de colobomas palpebrais para proteção ocular. Início de fonoaudiologia e acompanhamento psicossocial.
  • Idade escolar e adolescência – reconstruções definitivas, como otoplastia (microtia/anotia), correção de hipoplasia malar com enxertos ósseos ou implantes, cirurgias ortognáticas e rinoplastia. O uso de aparelhos auditivos implantáveis (BAHA) é indicado após estabilização das cirurgias auriculares.
  • Vida adulta – ajustes estéticos e funcionais tardios, manutenção da função auditiva, acompanhamento odontológico e ortodôntico contínuo.

Prognóstico

A Síndrome de Treacher Collins não afeta, na maioria dos casos, a expectativa de vida, e o desenvolvimento intelectual geralmente é preservado. O prognóstico funcional está relacionado principalmente ao grau de comprometimento das vias aéreas, da audição e das funções orais. Quando há obstrução respiratória grave no período neonatal, o risco de complicações é maior, exigindo intervenção precoce.

Com acompanhamento multidisciplinar adequado, é possível alcançar boa qualidade de vida, minimizando as limitações auditivas, visuais e alimentares. As reconstruções craniofaciais sequenciais podem melhorar significativamente a estética facial, favorecendo integração social e autoestima. No entanto, o tratamento costuma ser prolongado e com múltiplos procedimentos, e a possibilidade de recidiva de deformidades, como a micrognatia, deve ser considerada no planejamento a longo prazo.

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Referências Bibliográficas 

  1. MARSZAŁEK-KRUK, B. A. et al. Treacher Collins Syndrome: Genetics, Clinical Features and Management. Genes, v. 12, n. 1392, p. 1-12, 2021. DOI: https://doi.org/10.3390/genes12091392.
  1. CHANG, C. C.; STEINBACHER, D. M. Treacher Collins Syndrome. Seminars in Plastic Surgery, v. 26, n. 2, p. 83-90, 2012. DOI: http://dx.doi.org/10.1055/s-0032-1320066.
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