Resumo da Síndrome de Wellens: classificação e mais!
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Resumo da Síndrome de Wellens: classificação e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome de Wellens é uma condição eletrocardiográfica que exige atenção imediata, mesmo na ausência de sintomas no momento da avaliação. O reconhecimento precoce desse padrão pode ser determinante para evitar um infarto extenso e suas consequências. 

O eletrocardiograma pode revelar um cenário crítico mesmo quando o paciente não se queixa de dor.

Conceito 

A Síndrome de Wellens representa um padrão eletrocardiográfico específico associado à obstrução crítica da porção proximal da artéria descendente anterior esquerda (DAE), frequentemente em pacientes com angina instável. Mesmo na ausência de dor torácica no momento do ECG, esse achado indica risco elevado de evolução para infarto extenso da parede anterior do miocárdio nas horas ou dias seguintes.

Essa síndrome é considerada um marcador de isquemia coronariana grave em curso, exigindo intervenção precoce. O diagnóstico baseia-se principalmente no ECG, que exibe alterações típicas da onda T — as quais surgem durante períodos de alívio da dor, o que pode dificultar sua identificação por profissionais desatentos ao contexto clínico.

Achados eletrocardiográficos característicos  

O eletrocardiograma é o pilar diagnóstico da Síndrome de Wellens, apresentando alterações específicas nas ondas T, mesmo na ausência de dor torácica no momento do exame. As principais alterações envolvem as derivações anterosseptais (V2 e V3), podendo se estender a V1, V4, V5 e V6.

Os padrões mais característicos incluem:

  • Ondas T profundamente invertidas e simétricas (padrão mais comum);
  • Ondas T bifásicas, com fase inicial positiva e terminal negativa.

Essas alterações ocorrem em ritmo sinusal, com intervalo ST normal ou discretamente elevado (<1 mm), e sem ondas Q nas derivações precordiais, o que indica ausência de necrose estabelecida.

Importante destacar que, durante episódios de dor, pode ocorrer a chamada “pseudonormalização” das ondas T, com retorno transitório à morfologia positiva, o que pode mascarar o padrão típico e atrasar o diagnóstico.

Outro ponto fundamental é que a progressão da onda R nas precordiais deve estar preservada, reforçando o caráter isquêmico, e não cicatricial, dessas alterações.

Esses achados são altamente sugestivos de estenose crítica na porção proximal da DAE, sendo considerados um marcador eletrocardiográfico de alto risco para infarto anterior transmural iminente.

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Classificação dos padrões de Wellens (Tipo A e Tipo B)

A Síndrome de Wellens apresenta dois padrões distintos de alteração da onda T no eletrocardiograma, classificados em Tipo A e Tipo B, ambos localizados nas derivações V2 e V3, podendo se estender a outras precordiais.

Tipo A (bifásico)

Caracteriza-se por uma onda T com fase inicial positiva e fase terminal negativa, gerando a morfologia clássica bifásica.
Esse padrão está presente em aproximadamente 25% dos casos e costuma representar uma fase inicial da evolução isquêmica.

Tipo B (inversão profunda e simétrica)

Apresenta ondas T amplamente negativas e simétricas, com morfologia mais marcada e difusa.
Esse padrão é observado em cerca de 75% dos pacientes, podendo surgir como evolução do Tipo A ou já como apresentação inicial.

Ambos os padrões são altamente sugestivos de estenose crítica da DAE, e não devem ser confundidos com variantes benignas da onda T ou outras causas de inversão anterior.

Além disso, vale lembrar que a transição entre os dois tipos é possível e pode ocorrer de forma dinâmica ao longo de horas ou dias, mesmo em pacientes assintomáticos. Essa evolução reforça a natureza instável do quadro e a urgência da abordagem invasiva.

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Apresentação clínica

Pacientes com Síndrome de Wellens geralmente procuram atendimento após episódios de dor torácica com características anginosas, descrita como sensação de peso, pressão ou aperto no peito, com possível irradiação para mandíbula, pescoço ou ombro esquerdo. Essa dor costuma ser desencadeada por esforço físico e aliviada com repouso.

Um achado típico — e muitas vezes confuso — é que no momento da realização do eletrocardiograma, o paciente está assintomático. Isso ocorre porque os padrões eletrocardiográficos da síndrome surgem após a fase dolorosa, o que pode levar à falsa impressão de estabilidade clínica.

Durante o exame físico, o paciente costuma apresentar-se hemodinamicamente estável e sem alterações significativas à ausculta cardíaca ou pulmonar. Pode, eventualmente, referir mal-estar inespecífico, sudorese leve ou ansiedade, semelhantes aos quadros de angina instável.

A ausência de dor no momento da avaliação não deve tranquilizar o médico: o histórico recente de angina e a presença dos achados eletrocardiográficos compatíveis devem acender o alerta para o risco iminente de infarto agudo extenso.

Critérios diagnósticos 

O diagnóstico da Síndrome de Wellens baseia-se em um conjunto de critérios clínico-eletrocardiográficos, observados em pacientes que estão assintomáticos no momento do exame, mas que apresentam história recente de dor torácica compatível com angina.

Para que o diagnóstico seja considerado, devem estar presentes os seguintes elementos:

  • Ondas T anormais em V2 e V3, que podem assumir duas formas:
    • Bifásicas (Tipo A);
  • Profundamente invertidas e simétricas (Tipo B).
  • Preservação da progressão da onda R nas precordiais;
  • Ausência de ondas Q em V1 a V6, o que indica que ainda não houve necrose miocárdica;
  • Segmento ST isodifásico ou discretamente elevado (<1 mm);
  • ECG obtido durante período sem dor;
  • Marcadores cardíacos normais ou levemente elevados.

É importante destacar que o ECG pode permanecer alterado por dias ou semanas após os sintomas iniciais, mesmo com o paciente clinicamente estável. Além disso, o uso isolado de biomarcadores pode levar a falso senso de segurança, já que muitos casos evoluem com troponina normal ou discretamente aumentada.

Tratamento 

A abordagem da Síndrome de Wellens exige intervenção imediata e assertiva, mesmo na ausência de dor no momento da avaliação. A conduta deve ser orientada para prevenir um infarto extenso da parede anterior, que frequentemente ocorre nas horas ou dias seguintes se o tratamento for apenas medicamentoso.

Conduta inicial (semelhante à abordagem do IAM)

Enquanto se aguarda a abordagem definitiva, indica-se:

  • AAS em dose plena;
  • Heparina ou enoxaparina, conforme protocolo institucional;
  • Nitratos (se não houver contraindicação, como hipotensão);
  • Betabloqueadores com cautela, evitando seu uso se houver suspeita de uso de cocaína;
  • Oxigênio suplementar, apenas se houver dessaturação documentada.

No entanto, é importante reforçar que essas medidas não são suficientes isoladamente.

Tratamento definitivo

A terapêutica adequada é a revascularização miocárdica urgente por meio de:

  • Cateterismo cardíaco com intervenção coronariana percutânea (ICP)
    ou, em alguns casos;
  • Cirurgia de revascularização miocárdica (CRM).

Essa decisão deve ser tomada em conjunto com o cardiologista e o hemodinamicista, preferencialmente ainda nas primeiras horas após o reconhecimento do padrão eletrocardiográfico.

Contraindicações importantes

Testes de esforço estão formalmente contraindicados, pois podem precipitar um infarto transmural ou arritmia grave em um paciente com fluxo coronariano já comprometido.

Internação e monitorização

Pacientes com padrão de Wellens devem ser internados em ambiente monitorado. Aqueles com sintomas ativos ou instabilidade devem ser admitidos em unidade de terapia intensiva, enquanto os estáveis podem permanecer em unidade de cuidados intermediários até a realização do procedimento.

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Referências Bibliográficas 

  1. MINER, Brianna; GRIGG, William S.; HART, Elise H. Wellens Syndrome. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025.
  1. AL-ASSAF, Omar et al. Wellens Syndrome: The Life-Threatening Diagnosis. Circulation, v. 140, p. 1851–1852, nov. 2019. DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.119.043780.
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