Resumo de acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi): diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi): diagnóstico, tratamento e mais!

Confira os principais aspectos referentes ao acidente vascular cerebral isquêmico, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao acidente vascular cerebral isquêmico.

  • AVC é considerada a maior causa de morte no Brasil.
  • Os sintomas incluem déficits neurológicos focais que dependem da artéria acometida.
  • O exame neurológico é baseado na escala  NIHSS.
  • A janela para trombólise química endovenosa é de 4,5h após início dos sintomas.
  • A trombectomia mecânica pode ser realizada se a artéria acometida é proximal e tem <6h de inicio dos sintomas.

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Definição da doença

O acidente vascular cerebral (AVC) compreende um grupo heterogêneo de doenças cerebrovasculares. Podemos dividir o AVC em isquêmico ou hemorrágico, sendo o isquêmico responsável por mais de 85% dos casos. 

Epidemiologia do acidente vascular cerebral isquêmico

O AVC isquêmico é uma causa extremamente comum de procura por atendimento médico de emergência. Possui mortalidade elevada, sendo que das 58 milhões de mortes estimadas por ano em todo o mundo, 5,7 milhões foram causadas por acidente vascular cerebral.  Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), é a terceira causa de morte em adultos no mundo, atrás do câncer e do infarto, e como a primeira no Brasil. 

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são registrados cerca de 68 mil mortes a cada ano. Mas não é só a alta mortalidade que ela agrega, mas também morbidade. Apenas 30% dos sobreviventes recuperam completamente a funcionalidade. 

#Ponto importante: A incidência aumenta progressivamente em pessoas acima de 65 anos, dobrando a chance a cada década após os 55 anos de idade. 

Fisiopatologia 

O AVC isquêmico possui três subtipos: trombótica, embólica e por hipoperfusão cerebral sistêmica. No AVC trombótico a formação de trombo em uma artéria reduz o fluxo sanguíneo distal. Todos os AVCs trombóticos podem ser divididos em doença de grandes ou pequenos vasos (lacunares). 

A embolia refere-se a partículas de detritos originários de outros lugares que bloqueiam o acesso arterial a uma região específica do cérebro. A hipoperfusão sistêmica ocorre devido a diminuição do débito cardíaco, hipotensão grave ou hipovolemia. Além disso, a hipoxemia pode reduzir ainda mais a quantidade de oxigênio transportada para o cérebro.

#Ponto importante: A hipoglicemia grave pode simular sintomas de déficits focais. 

Manifestações clínicas de acidente vascular cerebral isquêmico

A ocorrência de déficit neurológico focal súbito é marca dos acidentes vasculares cerebrais. Mas as manifestações clínicas podem ser variadas e dependem do território de acometimento isquêmico. 

Medicina de emergência, USP. 14ª Ed. São Paulo: Manole, 2020.

#Ponto importante: Em apenas 5% das vezes a vertigem tem causa neurológica central. Entretanto, essa é a queixa clínica mais frequentemente associada à falha no diagnóstico adequado de AVCi.  Isso porque a TC de crânio é pouco sensível para identificação de lesões de fossa posterior (que são as principais relacionadas aos sintomas de tontura e vertigem no AVC) e mesmo a ressonância magnética de encéfalo nas primeiras 24h a 48 h pode não identificar a isquemia nessa região. 

Via de regra, pacientes com AVC isquêmico agudo apresentam-se hipertensos e com hiperglicemia. O controle pressórico e glicêmico fazem parte do tratamento e mudam prognóstico. 

Avaliação inicial 

Um ponto fundamental inicial do atendimento do paciente com suspeita de AVC é a coleta de informações. Além disso, deve ser questionado quanto às doenças de base, (HAS, DM2 e arritmias ganham importância aqui), uso de medicações prévias

#Ponto importante: se o paciente fizer uso de anticoagulantes, questionar quando ele fez uso da última dose.

Muitas escalas estão disponíveis para fornecer um exame neurológico quantificável e estruturado. Uma das escalas mais utilizadas e validadas é a National Institutes of Health Stroke Scale (NIHSS), somando uma pontuação total de 0 a 42 pontos. 

  • NIHSS <5 para AVC leve
  • 5 a 9 para AVC moderado e
  • ≥10 para AVC extenso.  
Medicina de emergência, USP. 14ª Ed. São Paulo: Manole, 2020.

A TC de crânio sem contraste é essencial na avaliação de emergência de pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico agudo. Pode haver perda de diferenciação da atenuação entre as substâncias branca e cinzenta, edema cortical leve e hipoatenuação discreta no local do infarto. O sinal da artéria cerebral média hiperdensa pode estar presente na fase aguda.

A) Tomografia computadorizada de um paciente com acidente vascular cerebral da artéria cerebral média ilustrando áreas de hipodensidade dentro dos lobos temporal e frontal. (B) TC mostrando um acidente vascular cerebral isquêmico margeando o córtex opercular fronto-parietal (seta vermelha) e uma lesão iquêmica do lado esquerdo do córtex opercular fronto-parietal (seta azul).

#Ponto importante: No AVCi agudo a TC pode ser normal ou evidenciar apenas sinais discretos de isquemia encefálica. Por isso, paciente com quadro clínico sugestivo de AVC agudo, a ausência de hemorragia na TC já é suficiente para iniciar a terapia voltada para AVC isquêmico.  

A artéria cerebral média é a principal afetada no AVCi. O escore Aspects subdivide o território da ACM em 10 regiões padronizadas, sendo que cada uma das áreas marcadas em vermelho com hipodensidade precoce na TC sem contraste diminui 1 ponto no escore. Uma TC normal tem escore Aspects igual a 10. Um escore zero indica isquemia difusa em todo o território da artéria cerebral média. 

#Ponto importante: Como veremos adiante, esse escore tem real importância para o tratamento endovascular. 

Tratamento do acidente vascular encefálico isquêmico

Trombólise endovenosa com alteplase 

A trombólise endovenosa deve ser considerada para todo paciente com AVCi cujo último tempo em que estava assintomático foi há menos de 4,5 h. Ademais, em situações em que o momento exato do ictus é desconhecido, mas o déficit foi reconhecido há menos de 4,5 h, a TEV também deve ser considerada para certos pacientes. Essa intervenção resulta na melhora do prognóstico funcional dos pacientes em 3 a 6 meses. 

Dose e administração: 0,9 mg/kg (no máximo de 90 mg). Administrar 10% de dose em bolus de 1 min, e restante da dose ao longo de 60 min. 

#Ponto importante: As contraindicações são importantes. Na prática clínica você ainda pode consultar nos aplicativos, mas para a prova vale a pena ter memorizado pelo menos as absolutas, que incluem:

  • AVC isquêmico nos últimos 3 meses
  • Sintomas sugestivos de Hemorragia Subaracnoidea 
  • Dissecção de aorta 
  • História prévia de hemorragia intracraniana 
  • Neoplasia intracraniana ou neoplasia com risco aumentado de sangramento 
  • Pressão Arterial Sistólica > 185 ou Diastólica > 110 
  • Plaquetas < 100.000 / INR > 1.7 / Uso de NOACS nas últimas 48 horas
  • Glicemia < 50mg/dL 
  • Endocardite Infecciosa 

Trombectomia mecânica

Os critérios de indicação variam de acordo com o tempo desde o último momento assintomático. Incluem:

  • Início dos sintomas < 6 h
  • Oclusão arterial proximal (cerebral média e carótida interna) 
  • NIHSS >= 6
  • ASPECTS >= 6 

Alvos de pressão arterial e glicemia

  • Se não trombolisar: <220 x120 mmHg (evitar hipoperfusão das áreas de penumbra)
  • Se paciente trombolisar:
    • Antes da trombólise:  185x110mmHg
    • Depois da trombólise: 180×105 mmHg   

Pode se utilizar insulinoterapia para corrigir a hiperglicemia, visando manter a glicemia entre 80 e 140 mg/dL.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Saúde. Linha de Cuidados em Acidente Vascular Cerebral (AVC) na rede de Atenção às Urgências e Emergências. 2012. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/linha_cuidado_avc_rede_urg_emer.pdf.

MARTINS, H. S.; BRANDÃO NETO, R. A.; SCALABRINI NETO, A.; VELASCO, I. T. Emergências Clínicas: abordagem prática; 14ª Ed. São Paulo: Manole, 2020.

MARTINS, S. C. O. et al. Guidelines for acute ischemic stroke treatment:part II. Arquivos de
Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v. 70, n. 11, p. 885-893, 2012.

Imagens:

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1-s2.0-S0967586810002766-gr2.jpg

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