A alergia à proteína do leite da vaca é uma importante causa de distúrbios gastrointestinais e da pele nos lactentes. Confira os principais aspectos referentes a este tema que aparecem nos atendimentos e que podem ser cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à APLV:
- Estima-se que sua prevalência na população pediátrica seja de 2% a 3% em lactentes.
- As reações alérgicas ao leite de vaca são classificadas em início rápido, geralmente, mediada por IgE, e de início lento, não mediada por IgE.
- O teste de provocação oral continua sendo ainda o método mais confiável no diagnóstico da alergia alimentar.
- O teste cutâneo (prick test) possui valor preditivo negativo de 95%, quase excluindo esse diagnóstico em caso de resultado negativo.
- O tratamento definitivo para todas as alergias alimentares é a eliminação rigorosa dos alimentos da dieta.
Definição da doença
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma reação imune reprodutível à proteína encontrada no leite de vaca, uma das alergias alimentares mais comuns em lactentes.
Epidemiologia e fisiopatologia da APLV
Estima-se que 5% da população pediátrica tenha alguma alergia alimentar, sendo o APLV o mais comum. Estima-se que sua prevalência na população pediátrica seja de 2% a 3% em lactentes, chegando a 1% aos 6 anos e 0,3% na população adulta. Essa alergia geralmente ocorre nos primeiros 2 anos de vida, especialmente no primeiro ano, ao contrário de outras alergias alimentares, que tendem a ser mais tardias.
#Ponto importante: As taxas de alergia ao leite de vaca em lactentes amamentados são menores do que em lactentes alimentados com fórmula e foram relatadas em cerca de 0,5%.
A imaturidade do componente imunológico da barreira mucosa gastrintestinal em neonatos e lactentes jovens resulta em maior ocorrência de infecção intestinal e alergia alimentar nessa faixa etária.
A alergia alimentar é desencadeada por resposta imune aberrante à administração oral de alérgenos dietéticos, que ocorre quando barreiras imunológicas são quebradas. Os alérgenos significativos relacionados ao leite incluem a proteína caseína e proteínas de soro de leite, como alfa-lactalbumina e beta-lactoglobulina.
As reações adversas a alimentos imunomediadas são classificadas em mediadas por IgE e não mediadas por IgE. As não mediadas por IGE podem surgir de outros processos celulares envolvendo eosinófilos ou células T, sendo o mecanismo menos comum.
Manifestações clínicas de APLV
A alergia ao leite de vaca se manifesta como uma variedade de sintomas e sinais que geralmente se desenvolvem em bebês e podem regredir até os 6 anos de idade. Podem ser imediatas mediadas por IgE-mediada ou tardias não IgE-mediada.
As reações imediatas ocorrem minutos após exposição à proteína do leite de vaca e incluem:
- Lesões urticariformes;
- Chiado no peito;
- Coceira ou sensação de formigamento ao redor da boca ou lábios;
- Angioedema com inchaço dos lábios, língua ou garganta;
- Tosse ou falta de ar;
- Vômito; e
- Anafilaxia.
A anafilaxia pode ocorrer em minutos ou até duas horas após a ingestão da proteína do leite de vaca, caracterizada pelo envolvimento necessário de lesões de pele (urticária ou rubor facial) ou mucosa e pelo menos um sintoma respiratório como dispneia, sibilância, estridor ou hipoxemia, hipotensão, hipotonia, síncope, sintomas gastrintestinais e choque.
As manifestações tardia pode ocorrer de horas a dias após a ingestão de alimentos, afetando principalmente a pele e o sistema gastrointestinal:
- Diarréia crônica;
- Hematoquezia;
- Anemia ferropriva;
- Cólicas abdominais;
- Recusa alimentar;
- Esofagite eosinofílica; e
- Dermatite atópica.
Diagnóstico da APLV
O teste de provocação oral, procedimento introduzido na prática clínica em meados dos anos 1970, a despeito de todo avanço científico, continua sendo ainda o método mais confiável no diagnóstico da alergia alimentar. O teste é realizado ofertando progressivamente na administração da proteína do leite de vaca e/ou placebo, em doses crescentes, em intervalos regulares, sob supervisão médica para monitoramento de possíveis reações clínicas, após um período de exclusão dietética necessário para resolução dos sintomas clínicos.
A determinação da IgE específica auxilia na identificação das alergias alimentares mediadas por IgE e nas reações mistas. A pesquisa ao alimento suspeito pode ser realizada tanto in vivo, por meio dos testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (prick test), como in vitro, pela dosagem da IgE específica no sangue.
O prick test não confirma o diagnóstico quando positivo, pois seu valor preditivo positivo é de apenas 50%. No entanto, afasta com elevado grau de certeza esse diagnóstico, devido o valor preditivo negativo ser de 95%. O teste sérico de IgE específico deve ser solicitado quando o prick test não permitiu confirmar ou afastar o diagnóstico.
#Ponto importante: O Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar de 2018 continua não recomendando o uso do Teste de contato atópico com alimentos (atopy patch test – APT) na prática clínica, devido à ausência de padronização e à baixa sensibilidade.
Tratamento da APLV
O tratamento definitivo para todas as alergias alimentares é a eliminação rigorosa dos alimentos da dieta. Para que ocorra a amamentação, a mãe deve eliminar de sua dieta todos os alimentos que contenham proteína do leite de vaca.
#Ponto importante: O leite de cabra de cabra é contraindicado devido seu alto índice de reação cruzada e pobre capacidade dietética.
As fórmulas hipoalergênicas podem ser utilizadas. É recomendada fórmulas extensamente hidrolisadas devido ao aumento da alergenicidade e reações associadas em fórmulas parcialmente hidrolisadas.
Atualmente, a imunoterapia oral é a abordagem mais promissora para o gerenciamento das alergias alimentares em geral. Consiste na administração repetida de quantidades crescentes do alérgeno alimentar até atingir uma dose-alvo, a fim de proporcionar proteção contra o quadro clínico e a inflamação.
O prognóstico da APLV na fase adulta é bom. Aproximadamente 50% das crianças afetadas desenvolvem tolerância com 1 ano de idade, mais de 75% com 3 anos de idade e mais de 90% são tolerantes com 6 anos de idade.
Veja também:
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Referências bibliográficas:
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- Crédito da imagem em destaque: Pixabay