Resumo de Carotenemia: causas, sintomas e mais!
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Resumo de Carotenemia: causas, sintomas e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A carotenemia é uma condição cutânea benigna caracterizada por pigmentação amarelada ou alaranjada da pele, decorrente do acúmulo de carotenoides circulantes. Embora cause apreensão por sua semelhança com a icterícia, distingue-se pela preservação da esclera e das mucosas, que permanecem sem alterações. Frequentemente associada a dietas ricas em vegetais coloridos ou ao uso de suplementos, também pode refletir distúrbios metabólicos subjacentes. 

Na maioria dos casos, a regressão da pigmentação ocorre apenas com a correção da dieta ou do distúrbio associado.

Conceito 

A carotenemia é uma condição dermatológica benigna caracterizada pelo aparecimento de pigmentação amarelada ou alaranjada da pele, decorrente do acúmulo de carotenoides no organismo, especialmente o beta-caroteno. Essa deposição ocorre principalmente no estrato córneo da epiderme, sendo mais visível em áreas como palmas das mãos, plantas dos pés, joelhos e sulcos nasolabiais.

Diferente da icterícia, na carotenemia não há envolvimento da esclera nem das mucosas, o que constitui um critério clínico importante para a distinção entre as duas condições. Trata-se de um fenômeno tipicamente inócuo, que surge após ingestão excessiva de alimentos ou suplementos ricos em carotenoides, mas que também pode estar associado a distúrbios metabólicos ou endócrinos.

Etiologia e classificação

A etiologia da carotenemia está diretamente relacionada ao desequilíbrio entre a ingestão, o metabolismo e o armazenamento de carotenoides. Ela pode ser classificada em duas formas principais:

Carotenemia primária

Resulta do consumo elevado de alimentos ricos em carotenoides, especialmente o beta-caroteno. Frutas e vegetais como cenoura, abóbora, batata-doce, espinafre, brócolis, manga e mamão são os principais responsáveis. Também pode ocorrer pelo uso de suplementos nutricionais ou produtos com fins estéticos, como comprimidos de canthaxantina utilizados para intensificar a pigmentação cutânea.

Carotenemia secundária

Relaciona-se a condições clínicas que interferem no metabolismo ou transporte dos carotenoides, levando ao aumento dos níveis séricos. Entre elas destacam-se:

  • Hipotireoidismo – metabolismo reduzido e menor conversão de carotenoides em vitamina A.
  • Diabetes mellitus – alterações no metabolismo lipídico e maior concentração sérica de carotenoides.
  • Doenças hepáticas – prejuízo na conversão hepática para retinol.
  • Síndrome nefrótica – aumento dos lipídios circulantes que carreiam carotenoides.
  • Anorexia nervosa – padrões alimentares restritivos associados a distúrbios metabólicos.
  • Erros inatos do metabolismo – deficiência de enzimas como a beta-caroteno-15,15′-dioxigenase, que converte caroteno em vitamina A.

Assim, enquanto a forma primária está ligada a hábitos dietéticos, a forma secundária reflete a presença de doenças subjacentes que favorecem o acúmulo de carotenoides na pele.

Patogênese  

Os carotenoides são compostos lipossolúveis presentes em frutas, verduras e alguns produtos de origem animal. O beta-caroteno é o principal deles e funciona como precursor da vitamina A.

Após a ingestão:

  • São absorvidos no intestino delgado, especialmente na porção proximal.
  • Uma parte é convertida em retinol (vitamina A ativa) pela ação da enzima beta-caroteno-15,15’-dioxigenase, localizada no epitélio intestinal e no fígado.
  • O excedente que não é convertido circula ligado a lipoproteínas e se deposita no fígado, tecido adiposo e pele.

O estrato córneo da epiderme é o principal local de acúmulo, principalmente em áreas ricas em glândulas sudoríparas (palmas, plantas, joelhos e sulcos nasolabiais), o que explica a distribuição característica da coloração amarelada.

Na carotenemia primária, o mecanismo está relacionado à ingestão excessiva, aumentando a quantidade disponível para depósito cutâneo. Já na carotenemia secundária, doenças como hipotireoidismo, diabetes e hepatopatias diminuem a capacidade de conversão em vitamina A ou aumentam a circulação de carotenoides devido à alteração do metabolismo lipídico.

Importante ressaltar que, diferentemente do excesso de vitamina A, a carotenemia não causa hipervitaminose A, já que o organismo regula a taxa de conversão de carotenoides para retinol.

Epidemiologia 

A carotenemia é considerada uma condição relativamente rara em adultos, mas aparece com maior frequência na população pediátrica, especialmente em lactentes e crianças pequenas. Isso ocorre porque nessa faixa etária a dieta muitas vezes é monótona e rica em papinhas industrializadas ou vegetais de coloração intensa, como cenoura e abóbora.

Estudos populacionais demonstraram prevalências variáveis:

  • Em crianças submetidas a dietas com alto teor de carotenoides, a ocorrência pode chegar a 2%.
  • Em grupos específicos, como crianças com deficiência intelectual, taxas próximas de 20% foram descritas, possivelmente devido a padrões alimentares diferenciados.

Embora mais comum na infância, o quadro também pode surgir em adultos vegetarianos ou em pessoas que consomem suplementos ricos em beta-caroteno. A incidência em adultos é menor, mas pode estar subdiagnosticada por ser confundida com icterícia.

Não há predileção clara por sexo ou etnia, mas relatos sugerem maior prevalência em populações com hábitos alimentares predominantemente vegetais.

Quadro clínico 

Manifestações cutâneas

A característica mais marcante da carotenemia é a pigmentação amarelada ou alaranjada da pele. Essa coloração se desenvolve de forma gradual, geralmente após algumas semanas de ingestão aumentada de alimentos ricos em carotenoides. Os locais mais acometidos são palmas, plantas, joelhos e sulcos nasolabiais, áreas onde há maior espessura do estrato córneo e abundância de glândulas sudoríparas. Em situações mais intensas, a alteração cromática pode se tornar difusa, envolvendo grandes extensões do tegumento.

Diferenciação da icterícia

Um ponto-chave para o reconhecimento da carotenemia é a preservação da esclera e das mucosas, que permanecem normais. Esse achado clínico é determinante para afastar a hipótese de icterícia, que costuma gerar grande preocupação inicial em familiares e pacientes. Em raras situações, pode haver leve alteração de cor no palato, mas sem comprometimento ocular ou oral significativo.

Sintomas associados

Na maioria dos casos, especialmente na forma primária, não há sintomas sistêmicos relevantes, sendo uma condição notada principalmente pelo aspecto estético da pele. Já na carotenemia secundária, podem aparecer sinais relacionados à doença de base, como fadiga, constipação e ganho de peso no hipotireoidismo, poliúria e emagrecimento no diabetes, ou ainda hepatomegalia e prurido em distúrbios hepáticos. Crianças pequenas muitas vezes são levadas ao atendimento por pais que confundem a alteração da cor da pele com icterícia.

Diagnóstico 

Avaliação clínica

O diagnóstico da carotenemia é essencialmente clínico, baseado na história alimentar detalhada e no exame físico. O paciente geralmente apresenta relato de consumo elevado de alimentos ricos em beta-caroteno ou de suplementos nutricionais. A coloração amarelada da pele, sobretudo em palmas, plantas e sulcos nasolabiais, na ausência de icterícia escleral, reforça a suspeita.

Exames laboratoriais

Em situações típicas, exames complementares não são necessários. No entanto, quando há dúvida diagnóstica ou suspeita de carotenemia secundária, a investigação pode incluir:

  • Dosagem sérica de beta-caroteno, geralmente > 250 mcg/dL.
  • Função hepática (TGO, TGP, bilirrubinas) para excluir hepatopatias.
  • Perfil lipídico, em casos de suspeita de hiperlipidemia.
  • TSH e T4 livre, na investigação de hipotireoidismo.
  • Glicemia de jejum e HbA1c, quando houver suspeita de diabetes.

Diagnóstico diferencial

É fundamental diferenciar a carotenemia de condições que também causam pigmentação amarelada da pele. A principal é a icterícia, na qual há envolvimento da esclera e mucosas. Outros diferenciais incluem:

  • Licopenemia, relacionada ao excesso de tomates.
  • Exposição a substâncias químicas como ácido pícrico, dinitrofenol e quinacrina.
  • Alterações metabólicas ou uso de certos medicamentos que alteram a pigmentação cutânea.

Assim, a ausência de icterícia escleral, associada ao histórico alimentar e à normalidade dos exames hepáticos, costuma ser suficiente para confirmar o diagnóstico de carotenemia.

Tratamento 

Abordagem na carotenemia primária

Nos casos relacionados ao excesso dietético de carotenoides, a conduta principal é a redução do consumo de alimentos e suplementos ricos em beta-caroteno, como cenoura, batata-doce, abóbora e espinafre. Orientar a família ou o paciente sobre a natureza benigna e reversível da condição é fundamental, evitando ansiedade desnecessária. Muitas vezes, a simples diversificação alimentar em crianças já promove melhora progressiva da coloração da pele.

Abordagem na carotenemia secundária

Quando a pigmentação está associada a doenças de base, o tratamento deve ser direcionado ao controle da condição subjacente. Exemplos incluem reposição hormonal em casos de hipotireoidismo, ajuste glicêmico no diabetes mellitus, manejo da dislipidemia ou tratamento de hepatopatias. A correção desses distúrbios promove redução gradual dos níveis de carotenoides circulantes e melhora clínica.

Prognóstico

A carotenemia é uma condição benigna e autolimitada, com evolução favorável na maioria dos casos. A pigmentação cutânea desaparece gradualmente em semanas a meses após a redução da ingestão de alimentos ricos em carotenoides ou com o tratamento adequado de doenças associadas. Não há risco de hipervitaminose A, pois a conversão do beta-caroteno em retinol é controlada pelo organismo, e complicações são raras e reversíveis. Assim, o prognóstico é excelente, tanto em crianças quanto em adultos, sem deixar sequelas a longo prazo.

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Referências Bibliográficas 

  1. MINER, Dean Scott; ZUUREN, Esther Jolanda van; RANDALL, Dan. Carotenemia. DynaMed. EBSCO Information Services, 2024. Disponível em: https://www.dynamed.com/condition/carotenemia. Acesso em: 19 ago. 2025.
  1. NASSER, Yasser; JAMAL, Zohaib; ALBUGEAEY, Mohammed. Carotenemia. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK534878/. Acesso em: 19 ago. 2025.
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