Resumo de dor ciática (ciatalgia): diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de dor ciática (ciatalgia): diagnóstico, tratamento e mais!

A ciatalgia é uma queixa frequente nos consultórios e motivo importante de afastamento das atividades laborais por parte dos pacientes.   

Confira os principais aspectos referentes à ciatalgia, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à ciatalgia.

  • Dor ciática ou ciatalgia é a dor ao longo do trajeto do nervo ciático
  • Dor lombar é  segunda queixa mais comum nos consultórios 
  • Os exames complementares são reservados para pacientes com sinais de alarme
  • O tratamento inclui repouso por tempo limitado, analgesia e infiltrações 
  • Tratamento cirúrgico é reservado para pacientes com perda motora e sensitiva progressivas

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Definição da doença

Dor ciática ou ciatalgia é a dor ao longo do trajeto do nervo ciático, resultante do comprometimento da raiz nervosa, seja por compressão ou inflamação. Como além da dor no trajeto do nervo há também dor lombar, utiliza-se o termo lombociatalgia.

O nervo ciático (isquiático) é o maior nervo do corpo humano e é formado pelas raízes nervosas dos segmentos L4, L5, S1, S2 e S3 da coluna lombo-sacra. Após seu trajeto na pelve, o nervo sai da cintura pélvica, através do forame isquiático maior, passa pela musculatura glútea próximo ao quadril e percorre a parte posterior da coxa, dividindo-se na parte inferior da coxa em nervo tibial e fibular comum. 

Epidemiologia e etiologia de dor ciática

Segundo a organização mundial de saúde (OMS) em estudo realizado em 2007 assinala que a dor lombar é um sintoma que cerca de 80% da população sofrerá com essa patologia em alguma fase de sua existência. Além disso, é o principal motivo de absenteísmo no trabalho. De todas as dores lombares, acredita-se que até 20% sejam de origem radicular.   

As principais etiologias da lombociatalgia são: 

  1. Protusão discal: Representa cerca de 90% dos casos e relaciona-se com processo inflamatório na raiz nervosa com consequente aumento de pressão intradiscal e protusão do disco intervertebral.
  2. Hérnia de disco: Além do processo inflamatório, há uma compressão mecânica dessa raiz pelo disco intervertebral, representando 5% das causas. É mais comum entre a 3° e  4° década de vida.
  3. Estenose de canal vertebral: condição em que o diâmetro do canal vertebral está entre 10 e 12mm secundário ao espessamento ósseo das lâminas e facetas articulares, hipertrofia do ligamento amarelo, ossificação do ligamento longitudinal posterior e hiperlordose. Isso gera compressão nervosa mecânica e insuficiência vascular do nervo.
  4. Síndrome piriforme: Ocorre compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme. Cerca de 6% dos casos de ciatalgia lombar podem ser relacionados à síndrome do piriforme.. Isso ocorre quando há hipertrofia, inflamação ou variação anatômica do músculo. 

Manifestações clínicas de ciatalgia

Dores que tem sua origem na região lombar com déficits motores, anestesia e parestesia e, diminuição de reflexos no trajeto topográfico do nervo ciático. A lombociatalgia mecânica é aliviada ao deitar-se e não apresenta piora à noite. Geralmente é unilateral, mas pode acometer o nervo isquiático bilateralmente.

#Ponto importante: Nos casos de hernia discal, há piora da dor com a tosse, espirro ou manobra de Valsalva. 

A ciatalgia aguda geralmente ocorre de forma súbita após a prática de atividades físicas e duram, na maioria das vezes, menos de 6 semanas. Já a dor crônica é quando perdura mais de 12 semanas. Quanto à evolução, podem ser persistentes, episódicas ou recorrentes. 

#Ponto importante: Devemos buscar ativamente aos sinais de alarme para condições mais graves, como neoplasia e infecções:

  1. Idade inferior a 20 ou > 55 anos
  2. Dor que não é mecânica (relacionada ao movimento)
  3. História recente de trauma
  4. Dor torácica
  5. História prévia de neoplasia
  6. Emagrecimento inexplicado
  7. Febre
  8. Uso crônico de corticoide, imunossupressão, HIV
  9. Comprometimento hemodinâmico
  10. Deformidade raquidiana
  11. Déficits neurológicos

Lista de manifestações:

  • Dor lombar
  • Irradiação para perna
  • Parestesia 
  • Fraqueza muscular

Diagnóstico de ciatalgia

Para que se alcance um diagnóstico confiável que possibilite identificar a origem da dor com precisão é de suma importância que se investigue a etiologia, a evolução do quadro clínico, as atividades exercidas pelo paciente, realizar a palpação, avaliação postural com intuito de averiguar desvios no alinhamento ou contraturas musculares. 

O exame físico inclui algumas manobras especiais que exacerbam a dor em território de nervo ciático. A manobra de Lasègue é um dos testes mais utilizados para isso, realizada com o paciente em decúbito dorsal, elevando o membro inferior com a perna estendida. É considerada positiva quando a dor se irradia, ou se exacerba, no trajeto do dermátomo de L4-L5, ou L5-S1, quando a elevação do membro inferior faz um ângulo de 35º a 70º com o plano horizontal. Sua positividade a 60º comprova a compressão radicular. 

Manobra de Lasègue. Crédito: Wikipedia. 

Outros  testes ortopédicos como Manobra de Valsalva, Manobra de Romberg, Teste de Ely, teste de Nachlas podem auxiliar no diagnóstico e na descoberta de alterações estruturais. 

#Ponto importante: Na flexão da coluna lombar, a dor piora na hérnia de disco, melhorando ao deitar-se. Já na estenose de canal raquidiano a dor piora com a extensão. 

Lembra dos sinais de alarme? Os protocolos aconselham que o diagnóstico por imagem seja somente indicado para pacientes com sinais e sintomas de alarme. 

A radiografia da coluna lombossacra parece ser um bom exame inical para avaliar tumor, infecção, espondilose e espondilolistese, além de outras instabilidades de coluna, mas apresenta menor sensibilidade que a TC e ressonância magnética.  

#Ponto importante: A ressonância magnética é o melhor exame,  por ser mais sensível e representar melhor os tecidos moles e evitar radiação. No entanto, a tomografia também apresenta boa sensibilidade na detecção precoce de neoplasias e infecções do que a radiografia. 

Crédito: Revista brasileira de ortopedia. 

Tratamento de ciatalgia 

Durante a dor aguda o repouso é eficaz, mas ele não pode ser prolongado, pois a inatividade tem ação deletéria sobre o aparelho locomotor. O paciente deve ser estimulado a retornar às suas atividades habituais, o mais rapidamente possível. 

Importante analgesia adequada desses pacientes, para evitar imbolidade prolongada. Pode ser realiza com analgésicos simples, como dipirona e paracetamol, podendo-se associar antiinflamatórios não hormonais (AINHs) e também relaxantes musculares a curto prazo. 

Os corticoides parecem ter benefício adicional na hérnia discal, uma vez que a inibição do processo inflamatório é mais completa e eficaz do que com AINHs. A infiltração epidural com glicocorticóides, anestésicos e opioides é uma opção no manejo da dor radicular aguda após falha com o tratamento conservador. 

A terapia cirúrgica de urgência pode ser considerada em pacientes com fraqueza motora progressiva ou severa ou pacientes com evidências de síndrome da cauda equina. Caso contrário, a cirurgia deve ser considerada como tratamento eletivo para pacientes com radiculopatia e estenose de canal que têm sintomas incapacitantes crônicos e que não responderam apropriadamente à terapia não cirúrgica. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • BAIRROS, Carolini Oliboni de Bairros. Et, al. Lombociatalgia, um desafio na prática clínica. Acta méd. (Porto Alegre) ; 36: [8], 2015. 
  • Stump, Patrick Raymond Nicolas André Ghislain, Kobayashi, Ricardo e Campos, Alexandre Walter de. Low back pain. Revista Dor [online]. 2016, v. 17, suppl 1 , pp. 63-66. Disponível em: https://doi.org/10.5935/1806-0013.20160051.
  • Crédito imagem capa: Pexels
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