Resumo de esofagite eosinofílica: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de esofagite eosinofílica: diagnóstico, tratamento e mais!

A esofagite eosinofílica (EE) é a segunda principal causa de esofagite, estando relacionado a pacientes com alergias conhecidas. Confira os principais aspectos referentes a EE, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à esofagite eosinofilica.

  • É uma doença inflamatória imunomediada  
  • É a segunda causa de esofagite crônica após doença do refluxo gastroesofágico
  • Disfagia intermitente de sólidos e impactação alimentar são os principais sintomas nos adultos 
  • A EDA com biópsia está indicada para os casos suspeitos 
  • O tratamento envolver retirada de alimentos alergênicos, uso de IBPs e glicocorticóides tópicos.

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Definição da doença

A esofagite eosinofílica (EE) é uma doença inflamatória imunomediada crônica caracterizada clinicamente por sintomas relacionados à disfunção esofágica e histologicamente por infiltração predominantemente eosinofílica. A presença de eosinófilos em achados histopatológicos de esôfago foi historicamente associado à doença do refluxo gastroesofágico, mas com o tempo foi observado que ela apresentava espectro clínico próprio. 

Epidemiologia e fisiopatologia de esofagite eosinofilica 

Sua prevalência vem crescendo exponencialmente, representando atualmente a segunda causa de esofagite crônica após doença do refluxo gastroesofágico. Sua prevalência vem aumentando principalmente em países ocidentalizados e áreas geográficas com maior desenvolvimento socioeconômico. A doença é mais frequente em crianças e adultos jovens, e afetam pelo menos um habitante por 2.000 na Europa e nos EUA. 

A EE é causada por uma resposta inflamatória crônica do tipo Th2. A associação de EE com alergias sugere que o recrutamento de eosinófilos para o esôfago pode ser uma resposta imune a antígenos ambientais (como alimentos) em indivíduos geneticamente predispostos.

A ativação de eosinófilos e o efeito de suas proteases citoplasmáticas determinam a dano tecidual, que por sua vez induz o recrutamento de outras células em direção ao infiltrado inflamatório, como mastócitos, e a proliferação de fibroblastos que determinam a remodelação do colágeno do esôfago. 

Uma predisposição genética para EE é apoiada por evidências de agrupamento familiar e estudos de gêmeos. Entre as alterações genéticas possíveis, destaca-se o polimorfismo de um único nucleotídeo no gene CCL26. O gene que codifica a eotaxina-3, também conhecido como CCL26, que é altamente expresso em pacientes com EE comparado com indivíduos saudáveis. A eosinofilia e mastocitose tecidual estão fortemente associadas aos níveis de RNAm, e de proteína de eotaxina-3 esofágicos. 

Manifestações clínicas de esofagite eosinofilica 

Em adolescentes e adultos, a disfagia intermitente para sólidos, juntamente com episódios recorrentes de impactação alimentar, constituem os sintomas mais comuns. Outros sintomas relatados incluem sinais de refluxo gastroesofágico, como azia, dor torácica e regurgitação, que não respondem à terapia medicamentosa para DRGE.  Eosinofilia periférica e níveis séricos elevados de IgE estão presentes em 50-75% dos pacientes.

Em crianças, os sintomas que podem estar associados à esofagite eosinofílica variam de acordo com a idade e incluem distúrbios alimentares, vômitos, dor abdominal, disfagia e impactação alimentar. 

#Ponto importante: Pacientes com EE frequentemente possuem doenças alérgicas associados, como asma brônquica, dermatite dermatite atópica, rinite alérgica e outras alergias alimentares. 

Lista de manifestações:

  • Disfagia
  • Azia e regurgitação 
  • Em crianças, distúrbios alimentares
  • Eosinofilia

Diagnóstico de esofagite eosinofilica 

Em pacientes com suspeita de esofagite eosinofílica, o primeiro teste diagnóstico é tipicamente uma endoscopia digestiva alta com biópsia. Diretrizes antigas orientavam um teste terapêutico com IBPs antes de fechar diagnóstico de EE, no entanto, atualmente esse teste terapêutico é contra-indicado, visto que em alguns casos de EE podem responder ao IBP. 

Achados endoscópicos por si só não são suficientes para estabelecer o diagnóstico, visto que variam de uma endoscopia normal em 10-20% dos casos, à presença de placas ou exsudatos esbranquiçados, sulcos longitudinais e anéis.

Algumas vezes, observa-se uma mucosa friável, que se rompe facilmente com a passagem do endoscópio, fenômeno chamado de mucosa em papel. Foram sistematizados na classificação de EREFS, sigla em inglês para edema, anéis, exsudatos, sulcos e estenoses. 

Classificação endoscópica da EE. Crédito: Pérez-Martínez I, Rodrigo L, Lucendo AJ. (2019). 

As biópsias esofágicas de pacientes com esofagite eosinofílica mostram um número aumentado de eosinófilos. A grande maioria dos pacientes tem pelo menos 15 eosinófilos por campo de alta potência em pelo menos uma amostra de biópsia. 

Outras características encontradas em biópsias desses pacientes são microabscessos eosinofílicos, sua degranulação, espongiose ou dilatação dos espaços intercelulares, alongamento das papilas conjuntivais e fibrose da lâminaprópria. 

#Ponto importante: A eosinofilia esofágica na ausência de características clínicas não é suficiente para fazer o diagnóstico de esofagite eosinofílica. 

Tratamento de esofagite eosinofílica 

Uma dieta hipoalergênica, além de evitar alérgenos ambientais conhecidos pelo paciente, é a primeira etapa no tratamento. As alternativas dietéticas testadas incluem dieta elementar, dieta orientada por resultados de testes de alergia e dietas empíricas de eliminação.

Em relação a abordagem farmacológica, o tratamento inicial com um inibidor da bomba de prótons (IBP) ou com um glicocorticóide tópico são as alternativas disponíveis. 

Vários ensaios clínicos e estudos prospectivos mostraram que o tratamento com IBP é capaz de induzir remissão histológica em 50-75% dos pacientes, através da inibição da secreção gástrica. É indicado a dose plena, como omeprazol 20-40 mg 2 vezes ao dia, por pelo menos 8 semanas.

A princípio, os primeiros tratamentos de EE comumente utilizavam corticosteróides sistêmicos nos pacientes, no intuito de se alcançar a remissão clínica histológica da doença. No entanto, vários estudos demonstraram que os corticoesteróides tópicos podem alcançar os mesmos resultados, com o benefício de minimizar os efeitos adversos da utilização sistêmica. 

Para pacientes que optam por um glicocorticóide tópico, o tratamento com fluticasona é uma boa opção, embora as preparações contendo budesonida sejam boas alternativas. As fórmulas para inalação, administrada na boca e depois deglutida, deu passagem para soluções viscosas que misturam a droga com sucralose ou maltodextrina, capaz de conduzir o glicocorticóide ao mucosa do esôfago, minimizando sua distribuição pulmonar. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Pérez-Martínez I, Rodrigo L, Lucendo AJ. Eosinophilic esophagitis: An evidenced-based approach to diagnosis and treatment. Med Clin (Barc). 2019 Jun 7;152(11):444-449. English, Spanish. doi: 10.1016/j.medcli.2018.10.022. Epub 2018 Dec 3. PMID: 30522813. 
  • Veiga FMS, Castro APBM, Santos CJN, Dorna MB, Pastorino AC. Esofagite eosinofílica: um conceito em evolução?. Arq Asma Alerg Imunol. 2017
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay.
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