Resumo de Estimulantes de Apetite: classes, indicações e mais!
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Resumo de Estimulantes de Apetite: classes, indicações e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A perda de apetite e o emagrecimento não intencional representam desafios frequentes na prática clínica, especialmente em pacientes com doenças crônicas, oncológicas, infecciosas ou em idosos frágeis. Nesses cenários, além da intervenção nutricional e do suporte psicossocial, pode ser necessário recorrer a fármacos que auxiliem na recuperação do estado nutricional. Os estimulantes de apetite têm sido estudados em diferentes populações, com resultados variáveis quanto ao ganho ponderal, ingestão alimentar e qualidade de vida. 

O benefício clínico deve sempre ser ponderado frente aos possíveis efeitos adversos e à limitação das evidências disponíveis.

O qu é Estimulantes de Apetite 

Os estimulantes de apetite são fármacos prescritos para aumentar a fome e favorecer a ingestão calórica em indivíduos com perda de peso involuntária, anorexia ou estados de caquexia. Sua finalidade principal é auxiliar na recuperação nutricional e melhorar o estado geral do paciente, especialmente quando medidas dietéticas isoladas não são suficientes. 

Esses medicamentos não tratam diretamente a causa da inapetência, mas funcionam como uma estratégia adjuvante em uma abordagem mais ampla.

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Indicações clínicas  

Os estimulantes de apetite são utilizados em situações nas quais há risco de desnutrição ou perda de peso significativa e quando intervenções não farmacológicas não atingem os objetivos desejados. Entre os principais cenários clínicos estão:

  • Pacientes oncológicos: em quadros de caquexia associada ao câncer, com anorexia persistente e impacto na qualidade de vida.
  • HIV/AIDS: no manejo da anorexia e da perda ponderal relacionadas à infecção ou ao tratamento.
  • Idosos frágeis: quando há inapetência associada a fatores multifatoriais, incluindo depressão, demência e hospitalizações repetidas.
  • Transtornos alimentares: como anorexia nervosa ou transtorno de ingestão alimentar restritiva, em situações selecionadas.
  • Doenças crônicas: insuficiência cardíaca avançada, DPOC, insuficiência renal ou condições neurológicas que evoluem com perda de peso involuntária.
  • Cenário hospitalar: quando a baixa ingestão oral compromete a recuperação clínica e nutricional, mesmo após suporte dietético adequado.

Principais fármacos 

Diversos medicamentos podem ser utilizados como estimulantes de apetite, cada um com mecanismos e perfis de eficácia distintos.

FármacoClasseMecanismo de Ação
Megestrol acetatoProgestagênico sintéticoAntagoniza citocinas catabólicas, estimula apetite e promove depósito de gordura.
DronabinolCanabinoide sintéticoAtiva receptores CB1 e CB2, estimulando a fome e modulando a recompensa alimentar.
MirtazapinaAntidepressivo tetracíclicoAntagonismo de receptores 5-HT2 e 5-HT3 e alta afinidade por H1, aumentando apetite.
CiproeptadinaAnti-histamínicoBloqueio de receptores 5-HT2 e H1, aumentando ingestão calórica e sensação de fome.
OlanzapinaAntipsicótico atípicoBloqueio dopaminérgico, serotoninérgico e histamínico, associado ao aumento do apetite.

Evidências de eficácia

Os estimulantes de apetite têm mostrado resultados positivos em diferentes contextos clínicos, mas o grau de eficácia varia conforme a população estudada, o tempo de uso e o fármaco empregado. Em geral, os benefícios observados incluem melhora do apetite, aumento da ingestão calórica e ganho ponderal, embora muitas vezes limitados a curto prazo e sem comprovação robusta de impacto sobre funcionalidade ou sobrevida.

FármacoPopulações EstudadasEvidência de Eficácia
Megestrol acetatoPacientes com AIDS, câncer e idosos frágeisMelhora do apetite e ganho de peso dose-dependente; efeito mais robusto em AIDS e câncer.
DronabinolHIV/AIDS e oncologiaAumento do apetite e redução de náuseas; parte dos pacientes ganha ≥2 kg; impacto modesto no peso em câncer.
MirtazapinaIdosos deprimidos, hospitalizados e oncológicosMelhora do apetite; ganho de peso discreto; até 25% dos pacientes com câncer ganharam >1 kg após 1 mês.
CiproeptadinaCrianças desnutridas, adultos com baixo peso, transtornos alimentaresGanho de peso consistente em contextos de desnutrição; eficácia limitada em câncer avançado.
OlanzapinaPacientes psiquiátricos e alguns oncológicosAumento consistente de apetite e ganho de peso; benefício limitado pelos efeitos metabólicos.

Efeitos adversos e limitações

O uso de estimulantes de apetite deve sempre ser avaliado de forma criteriosa, já que embora possam favorecer o ganho de peso e a melhora da ingestão calórica, também estão associados a eventos adversos que limitam sua utilização prolongada. Os efeitos variam conforme o fármaco, a dose e o perfil clínico do paciente, podendo envolver desde sonolência e alterações cognitivas até complicações metabólicas ou tromboembólicas.

FármacoEfeitos Adversos ComunsLimitações do Uso
Megestrol acetatoTromboembolismo, retenção hídrica, hiperglicemia, supressão adrenalGanho de peso predominante em massa gorda; risco cardiovascular; uso limitado em idosos frágeis.
DronabinolTontura, sonolência, náuseas, alterações cognitivas, hipotensãoResposta variável no ganho ponderal; efeitos neurológicos reduzem adesão em alguns pacientes.
MirtazapinaSonolência excessiva, sonhos vívidos, constipaçãoGanho de peso geralmente discreto; nem sempre há impacto em força ou funcionalidade.
CiproeptadinaSonolência transitória, irritabilidade, desconforto gastrointestinalEvidência heterogênea; eficácia reduzida em doenças graves ou neoplásicas avançadas.
OlanzapinaGanho de peso rápido, dislipidemia, resistência insulínicaRisco de síndrome metabólica; restrição em pacientes com fatores de risco cardiovascular.

Aspectos práticos do uso

A prescrição de estimulantes de apetite deve ser individualizada, considerando indicação, perfil clínico, risco-benefício e tempo de tratamento. Em geral, esses fármacos são utilizados como estratégia adjuvante, após otimização da dieta, suplementação oral e correção de causas secundárias da inapetência. O acompanhamento clínico deve incluir monitoramento do peso, composição corporal, efeitos colaterais e metas nutricionais, com reavaliação periódica para decidir sobre a continuidade ou suspensão da medicação.

FármacoIndicação Mais FrequenteMonitoramento NecessárioDuração Recomendada
Megestrol acetatoCaquexia associada a câncer e AIDSPeso, glicemia, sinais de trombose, função adrenalCurto a médio prazo; reavaliar em 8–12 semanas
DronabinolAnorexia em HIV/AIDS, antiemético em oncologiaEstado mental, pressão arterial, efeitos neurológicosUso limitado; revisar resposta em 4–8 semanas
MirtazapinaPerda de peso associada à depressão ou inapetência em idososPeso, sedação, constipaçãoPode ser mantida se houver benefício clínico
CiproeptadinaCrianças desnutridas, adultos com baixo pesoPeso, sonolência, tolerância digestivaCurto prazo; suspender se ausência de resposta
OlanzapinaUso adjuvante em transtornos alimentares e oncologiaPeso, glicemia, perfil lipídico, risco metabólicoCurto prazo; considerar troca se surgirem efeitos metabólicos

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Referências Bibliográficas 

  1. HARRISON, M. E. et al. Use of cyproheptadine to stimulate appetite and body weight gain: A systematic review. Appetite, v. 137, p. 62–72, 2019. DOI: 10.1016/j.appet.2019.02.012.
  1. STEINER, L. et al. A review of the efficacy of appetite stimulating medications in hospitalized adults. Nutrition in Clinical Practice, v. 37, n. 1, p. 1–8, 2022. DOI: 10.1002/ncp.10839.
  1. DYNAMED. Unintentional Weight Loss. Ipswich: EBSCO Information Services, 2025. Disponível em: https://www.dynamed.com/condition/unintentional-weight-loss. Acesso em: 29 set. 2025.

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