Olá, querido doutor e doutora! A galactocele é uma condição benigna associada ao período de lactação, caracterizada pela formação de cistos preenchidos por leite devido à obstrução dos ductos lactíferos. Embora seja uma condição comum em mulheres que estão ou estiveram recentemente em fase de amamentação, o diagnóstico adequado é essencial para diferenciá-la de outras patologias mamárias. Este texto aborda os aspectos principais da galactocele, incluindo conceito, fisiopatologia, epidemiologia, diagnóstico e manejo, fornecendo uma visão abrangente para médicos e profissionais de saúde.
A galactocele geralmente se apresenta como uma massa mamária firme e indolor, variando de tamanho e, em alguns casos, desaparecendo espontaneamente com o tempo.
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Conceito de Galactocele
A galactocele, também conhecida como lactocele ou cisto lácteo, é uma formação cística benigna que ocorre devido à retenção de leite nas glândulas mamárias. Este acúmulo está associado à obstrução dos ductos lactíferos, sendo mais comum em mulheres lactantes ou no período imediatamente após a lactação. A lesão apresenta-se geralmente como uma massa indolor de consistência firme, podendo variar de tamanho ao longo do tempo. Embora seu comportamento seja benigno, pode ocasionalmente apresentar complicações, como infecção secundária, o que requer atenção médica apropriada.
Como a Galactocele é Formada
A galactocele surge como resultado da obstrução dos ductos lactíferos, que impede o fluxo adequado do leite nas glândulas mamárias. Esse bloqueio pode ser provocado por fatores como dificuldades na amamentação, redução na frequência de aleitamento, traumas na região mamária ou alterações anatômicas, como mamilo invertido.
A obstrução leva ao acúmulo de leite dentro das unidades lobulares dos ductos terminais, formando uma cavidade cística. Com o tempo, o leite retido pode sofrer alterações em sua composição, tornando-se mais espesso devido à concentração de gordura e proteínas. Em alguns casos, o cisto pode evoluir para uma forma mais densa, com a formação de cristais no interior.
Fatores de Risco para Galactocele
A galactocele é a lesão benigna mais comum diagnosticada em mulheres lactantes, sendo frequentemente identificada no período pós-lactação. Sua incidência em pacientes com condições benignas da mama é estimada em cerca de 4% em ambientes não hospitalares e representa de 4% a 5% das lesões categorizadas como BI-RADS 4 em biópsias de mama. Apesar disso, a condição pode ser subdiagnosticada devido à sua natureza geralmente assintomática e resolução espontânea em muitos casos.
Os fatores de risco incluem dificuldade na amamentação, como má técnica de pega ou uso exclusivo de fórmulas infantis que levam ao esvaziamento incompleto dos ductos lactíferos. Alterações anatômicas, como mamilos invertidos, e condições que impeçam a amamentação adequada, como fissuras no mamilo ou fenda palatina no recém-nascido, também podem contribuir. Traumas na mama, intervenções cirúrgicas, como aumento mamário com incisões periareolares, e uso de medicamentos galactagogos, como metoclopramida ou domperidona, são outros fatores associados.
Sintomas da Galactocele
As galactoceles geralmente são assintomáticas, sendo descobertas como massas palpáveis durante autoexame ou avaliação médica de rotina. Quando presentes, os sintomas incluem:
- Massa mamária palpável: localizada com maior frequência na região retroareolar, a galactocele costuma ter consistência firme, formato arredondado ou ovalado e limites bem definidos. Em casos menos comuns, pode apresentar flutuações no tamanho ao longo do dia, especialmente após a amamentação.
- Ausência de dor: a maioria das galactoceles não causa dor, a menos que haja complicações, como infecção.
- Alterações no tamanho da lesão: galactoceles podem variar de pequenas dimensões até massas maiores, em casos extremos ultrapassando 10 cm de diâmetro.
- Desconforto leve: em alguns casos, pode haver sensação de peso ou tensão na mama afetada, especialmente em lesões maiores.
Diagnóstico da Galactocele
Exame Físico
No exame físico, a galactocele geralmente se apresenta como uma massa retroareolar de consistência firme, não dolorosa e com limites bem definidos. Pode ser unilateral ou bilateral e, em alguns casos, apresenta flutuação no tamanho, especialmente após a amamentação.
Exames de Imagem
- Ultrassonografia: é o método de escolha, particularmente em mulheres jovens e lactantes. A galactocele costuma apresentar-se como um cisto com conteúdo líquido-gorduroso, com nível de separação entre os componentes lipídico e aquoso. Características como ausência de vascularização interna no Doppler ajudam a distinguir a galactocele de lesões malignas.
- Mamografia: indicada em mulheres acima de 30 anos com massa palpável ou em casos com achados ultrassonográficos suspeitos. A galactocele aparece como uma massa bem circunscrita com nível de gordura-líquido.
- Ressonância magnética (RM): raramente necessária, mas pode ser usada em casos com características atípicas ou em pacientes de alto risco. A RM identifica níveis de gordura-líquido e características específicas do conteúdo cístico.
- Aspiração por agulha fina (PAAF): a PAAF pode ser utilizada tanto para diagnóstico quanto para alívio sintomático. O aspirado de uma galactocele apresenta tipicamente um fluido branco-leitoso. Em casos de infecção, a análise microbiológica do aspirado ajuda a orientar o tratamento.
Diagnóstico Diferencial
Lesões como abscessos, cistos simples, fibroadenomas, alterações fibrocísticas e neoplasias devem ser consideradas e descartadas com base nos achados clínicos, de imagem e laboratoriais. A classificação BI-RADS é útil para categorizar as lesões e definir a necessidade de biópsia em casos de dúvida diagnóstica.
Tratamento da Galactocele
- Observação conservadora: em casos assintomáticos, as galactoceles geralmente se resolvem espontaneamente após a cessação da lactação. Orientações como evitar técnicas de ordenha muito agressivas e manter uma frequência adequada de amamentação ou bombeamento podem ser suficientes.
- Aspiração e drenagem: em lesões sintomáticas ou de grandes dimensões, a aspiração por agulha fina (PAAF) é indicada tanto para diagnóstico quanto para alívio dos sintomas. Aspirações repetidas podem ser necessárias, embora a drenagem por cateter seja preferida para evitar risco de infecção.
- Manejo de galactoceles infectadas: caso ocorra infecção, são recomendados drenagem da lesão e antibioticoterapia. Antibióticos de primeira linha incluem dicloxacilina, flucloxacilina ou cefalexina, com ajustes baseados no perfil microbiológico do aspirado. Alternativas, como clindamicina ou trimetoprima-sulfametoxazol, são indicadas em casos de alergia à penicilina.
- Cirurgia: é raramente necessária, mas pode ser considerada para galactoceles inspissadas que não respondem à aspiração ou para lesões complicadas por abscesso.
Evolução
A maioria das galactoceles tem evolução benigna e se resolve espontaneamente com a redução da atividade hormonal associada à lactação. Em casos tratados com aspiração ou drenagem, o alívio dos sintomas é rápido, e a amamentação pode ser mantida na maioria dos casos.
Galactoceles inspissadas, que contêm material mais denso e calcificado, podem persistir por períodos mais longos e, em situações raras, requerer intervenção cirúrgica para resolução definitiva.
Complicações
Embora geralmente benignas, algumas complicações podem ocorrer:
- Infecção: o conteúdo rico em nutrientes do cisto pode favorecer a proliferação bacteriana, resultando em mastite ou formação de abscesso. Infecções requerem intervenção rápida para evitar evolução desfavorável.
- Fístula de leite: pode surgir após aspiração ou drenagem inadequada, com extravasamento de leite para os tecidos adjacentes.
- Persistência ou recorrência: galactoceles podem reaparecer ou permanecer ativas se a obstrução ductal não for resolvida ou se houver novos episódios de lactação.
- Cristalização: em casos raros, o leite retido pode se solidificar, formando uma galactocele inspissada, que é mais difícil de tratar com técnicas conservadoras.
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Referências Bibliográficas
- GADA, Parth B.; VADAKEKUT, Elsa S.; BAKHSHI, Girish. Galactocele – Galactocele – Treatment and Management. Atualizado em: 25 nov. 2024. Disponível em: https://www.statpearls.com/point-of-care/131234. Acesso em: 11 jan. 2025.