Resumo de Hepatite E: transmissão, sintomas e mais!
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Resumo de Hepatite E: transmissão, sintomas e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A hepatite E é uma infecção viral com distribuição global e padrões clínicos variados, influenciados pelo genótipo viral e pelas condições do hospedeiro. Embora frequentemente apresente curso benigno, pode evoluir com quadros graves em grupos específicos.

A gravidade da hepatite E é maior em gestantes e em indivíduos com imunossupressão, nos quais podem ocorrer formas graves ou persistentes da infecção.

O que é Hepatite E 

A Hepatite E é uma infecção viral causada pelo vírus da hepatite E, um vírus de RNA de fita simples, pertencente à família Hepeviridae. Trata-se de uma causa frequente de hepatite viral aguda em diversas regiões do mundo, com maior ocorrência em áreas com condições sanitárias precárias.

Geralmente, a infecção apresenta evolução autolimitada, com resolução espontânea em semanas. Entretanto, podem ocorrer formas clínicas mais graves em gestantes, indivíduos com doença hepática prévia e pacientes imunossuprimidos, incluindo a possibilidade de infecção persistente em grupos específicos.

Características gerais do vírus

Classificação e estrutura viral

O vírus da hepatite E é um vírus de RNA de fita simples, com polaridade positiva, não envelopado, pertencente à família Hepeviridae. Possui pequeno tamanho e elevada estabilidade ambiental, característica associada à sua persistência em água e alimentos contaminados.

Genótipos e especificidade do hospedeiro

São descritos diferentes genótipos com perfis epidemiológicos distintos. Os genótipos 1 e 2 infectam exclusivamente seres humanos e estão relacionados a surtos em regiões com saneamento inadequado. Os genótipos 3 e 4 apresentam comportamento zoonótico, sendo identificados em animais como suínos, javalis e cervos, com potencial transmissão ao ser humano.

Replicação e tropismo

A replicação viral ocorre principalmente nos hepatócitos, com liberação do vírus pela bile e posterior eliminação fecal. A presença de viremia antecede o início das manifestações clínicas.

Mecanismo de lesão hepática

O dano hepático está associado predominantemente à resposta imunológica do hospedeiro, e não à ação citotóxica direta do vírus. A intensidade da inflamação pode variar conforme o genótipo e as condições imunológicas do indivíduo.

Imunidade pós-infecção

A infecção prévia não garante imunidade duradoura contra novas exposições, especialmente quando envolvem genótipos diferentes, o que explica a possibilidade de reinfecção em áreas endêmicas.

Vias de transmissão e fatores de risco

Transmissão fecal oral

A principal via de transmissão do vírus da hepatite E ocorre pela ingestão de água contaminada por material fecal, sendo responsável por surtos em regiões com saneamento básico inadequado. Esse mecanismo está mais associado aos genótipos 1 e 2.

Transmissão alimentar

A infecção pode ocorrer pela ingestão de carne crua ou mal cozida, especialmente de suínos, javalis e cervídeos, além de frutos-do-mar contaminados. Essa via está relacionada sobretudo aos genótipos 3 e 4, com maior relevância em países desenvolvidos.

Transmissão vertical

A transmissão materno fetal pode ocorrer durante a gestação, estando associada a maior gravidade clínica, incluindo desfechos maternos e fetais desfavoráveis.

Transmissão por transfusão e transplante

Casos de transmissão por hemoderivados e por transplante de órgãos sólidos já foram descritos, com maior impacto clínico em indivíduos imunossuprimidos.

Fatores de risco associados

Entre os principais fatores de risco destacam-se condições sanitárias precárias, consumo de água não tratada, hábitos alimentares envolvendo produtos de origem animal mal cozidos, gestação, imunossupressão, presença de doença hepática crônica e exposição ocupacional a animais reservatórios do vírus.

Epidemiologia 

Distribuição geográfica

A hepatite E ocorre em escala mundial, com maior concentração de casos em regiões com saneamento básico inadequado, especialmente na África, Ásia e Oriente Médio. Nessas áreas, são descritos surtos relacionados à contaminação de sistemas de abastecimento de água.

Padrões epidemiológicos regionais

Em países em desenvolvimento, a infecção está frequentemente associada a surtos de grande magnitude, vinculados aos genótipos 1 e 2. Em países desenvolvidos, predominam casos esporádicos, relacionados à transmissão zoonótica pelos genótipos 3 e 4.

Perfil populacional acometido

A infecção pode ocorrer em todas as faixas etárias, com maior detecção em adultos. Em regiões não endêmicas, observa-se maior prevalência em homens e em indivíduos com exposição ocupacional a animais reservatórios ou hábitos alimentares específicos.

Grupos de maior risco

A gravidade da doença é maior em gestantes, especialmente no terceiro trimestre, bem como em pacientes com doença hepática crônica e indivíduos imunossuprimidos, nos quais pode ocorrer evolução prolongada ou persistente.

Morbidade e mortalidade

A maioria dos casos apresenta evolução benigna, porém a letalidade pode aumentar de forma expressiva em populações vulneráveis, com impacto relevante em contextos de surtos epidêmicos.

Avaliação clínica

Período de incubação

O período de incubação da hepatite E varia, em média, de duas a nove semanas após a exposição ao vírus, podendo ocorrer viremia antes do início das manifestações clínicas.

Formas assintomáticas

Uma parcela significativa dos indivíduos infectados permanece assintomática, especialmente em áreas endêmicas e em casos relacionados aos genótipos zoonóticos.

Hepatite aguda sintomática

Quando sintomática, a infecção manifesta-se como hepatite viral aguda, com sintomas semelhantes aos de outras hepatites, incluindo febre, mal estar, náuseas, vômitos, anorexia, dor abdominal e icterícia. Alterações de colúria e hipocolia fecal podem estar presentes.

Formas graves e fulminantes

Em alguns casos, pode ocorrer evolução para hepatite grave, com insuficiência hepática aguda, especialmente em gestantes, pacientes com doença hepática prévia e indivíduos imunossuprimidos.

Evolução crônica

A persistência da infecção, com manutenção da viremia e alterações laboratoriais prolongadas, pode ocorrer em pacientes imunocomprometidos, configurando quadro de hepatite crônica com risco de fibrose hepática progressiva.

Manifestações extra hepáticas

Embora menos frequentes, podem surgir manifestações neurológicas, renais, hematológicas e pancreáticas, algumas vezes precedendo os sintomas hepáticos.

Diagnóstico 

Suspeita clínica

O diagnóstico da hepatite E deve ser considerado em pacientes com elevação inexplicada de enzimas hepáticas, especialmente na presença de quadro clínico compatível com hepatite aguda. A suspeita é ainda mais relevante em gestantes, indivíduos imunossuprimidos e pacientes com doença hepática prévia.

Exames laboratoriais

As aminotransferases costumam apresentar elevação acentuada, frequentemente atingindo valores elevados nas fases iniciais da doença. A bilirrubina tende a aumentar de forma mais tardia, acompanhando o aparecimento de icterícia.

Sorologia

A confirmação diagnóstica pode ser realizada por meio da detecção de anticorpos anti HEV. A presença de IgM anti HEV indica infecção recente, enquanto a IgG anti HEV sugere contato prévio ou infecção passada.

Detecção molecular

A identificação do RNA viral por RT PCR no soro ou nas fezes permite o diagnóstico direto da infecção, sendo especialmente útil em pacientes imunossuprimidos ou em situações de sorologia inconclusiva. A viremia pode ser detectada antes do início dos sintomas e persistir por algumas semanas.

Diagnóstico diferencial

Devem ser excluídas outras causas de hepatite aguda, incluindo hepatites virais A, B e C, hepatite autoimune, lesão hepática induzida por fármacos e hepatite alcoólica.

Tratamento e prognóstico

Tratamento

Geralmente, o manejo da hepatite E baseia-se em medidas de suporte, com hidratação adequada, controle de sintomas e monitorização clínica e laboratorial da função hepática. A suspensão de agentes hepatotóxicos e o acompanhamento seriado das enzimas hepáticas são recomendados durante a fase aguda.

Em pacientes imunossuprimidos com infecção persistente, a redução da imunossupressão, quando possível, pode favorecer a eliminação viral. Em situações selecionadas, especialmente nos casos de hepatite E crônica, o uso de ribavirina tem sido associado à negativação da viremia, embora os dados disponíveis provenham principalmente de séries de casos.

Prognóstico

A evolução clínica é geralmente favorável, com resolução espontânea do quadro em semanas. A taxa de mortalidade global é baixa, porém aumenta de forma significativa em gestantes, sobretudo no terceiro trimestre, e em pacientes com doença hepática prévia.

A progressão para hepatite crônica é incomum na população geral, mas pode ocorrer em indivíduos imunocomprometidos, com risco de desenvolvimento de fibrose e cirrose hepática ao longo do tempo. O prognóstico nesses casos depende do controle da replicação viral e das condições clínicas associadas.

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Referências Bibliográficas 

  1. DYNAMED. Hepatitis E Virus (HEV) Infection. Ipswich: EBSCO Information Services, 2025. Atualizado em 20 set. 2024.

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