Resumo de Hiperplasia Nodular Focal: conceito, causas e mais!
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Resumo de Hiperplasia Nodular Focal: conceito, causas e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Hiperplasia Nodular Focal (HNF) é uma das lesões hepáticas benignas mais comuns, sendo frequentemente identificada de forma incidental durante exames de imagem. Apesar de seu comportamento estável e baixa taxa de complicações, a HNF pode gerar desafios diagnósticos, especialmente na diferenciação com adenomas hepáticos e tumores malignos. O correto reconhecimento dessa condição permite evitar procedimentos invasivos desnecessários e garantir um acompanhamento adequado aos pacientes.

Diferente dos adenomas hepáticos, a HNF não apresenta risco significativo de sangramento ou transformação maligna, tornando sua abordagem predominantemente conservadora.

Conceito de Hiperplasia Nodular Focal

A Hiperplasia Nodular Focal (HNF) é uma lesão hepática benigna composta por hepatócitos normais organizados de maneira desordenada, frequentemente contendo um vaso sanguíneo central dilatado e septos fibrosos irradiando a partir dele. Diferente de tumores hepáticos verdadeiros, a HNF não apresenta potencial maligno e geralmente não requer tratamento. Trata-se da segunda lesão hepática benigna mais comum, ficando atrás apenas do hemangioma hepático. Essa condição é frequentemente identificada de forma incidental durante exames de imagem realizados por outros motivos, já que a maioria dos casos é assintomática.

Como Ocorre a Hiperplasia Nodular Focal

A Hiperplasia Nodular Focal (HNF) é considerada uma resposta proliferativa do fígado a alterações no fluxo sanguíneo hepático. Acredita-se que sua origem esteja relacionada a uma hiperperfusão focal resultante de malformações arteriais. Essas alterações na vascularização induzem um crescimento desorganizado dos hepatócitos, levando à formação de um nódulo bem delimitado, mas sem cápsula verdadeira.

Um achado característico da HNF é a presença de um vaso central dilatado, a partir do qual septos fibrosos irradiam, subdividindo a lesão em lóbulos. Esses septos contêm vasos sanguíneos malformados, células inflamatórias e células de Kupffer, um achado que diferencia a HNF de adenomas hepáticos, que geralmente não possuem essa estrutura.

Microscopicamente, a HNF mantém a arquitetura hepática normal, sem displasia celular ou atipias nucleares, reforçando seu caráter benigno. Além disso, essa lesão não apresenta suprimento venoso significativo, sendo nutrida exclusivamente por ramificações arteriais.

Fatores de Risco Para Hiperplasia Nodular Focal

A Hiperplasia Nodular Focal (HNF) é a segunda lesão hepática benigna mais comum, ficando atrás apenas do hemangioma hepático. Sua incidência é maior em mulheres adultas jovens, com uma proporção estimada de 8 a 9 mulheres para cada homem afetado. A faixa etária mais acometida está entre os 20 e 50 anos, mas casos podem ser identificados em crianças e idosos.

Apesar de sua maior prevalência no sexo feminino, não há evidências concretas de que o uso de anticoncepcionais hormonais orais esteja diretamente envolvido na etiologia da HNF. Entretanto, estudos mostram que mulheres em uso contínuo de anticoncepcionais podem apresentar lesões de maior tamanho do que aquelas que não utilizam esses medicamentos.

A HNF pode surgir isoladamente ou estar associada a outras lesões hepáticas benignas, como hemangiomas. Além disso, tem sido descrita uma maior incidência em pacientes com alterações vasculares hepáticas, incluindo síndrome de Osler-Weber-Rendu (telangiectasia hemorrágica hereditária).

Casos raros também foram relatados em pacientes que receberam quimioterapia com oxaliplatina, sugerindo um possível papel da lesão como uma resposta regenerativa à injúria vascular induzida por fármacos.

Sintomas da Hiperplasia Nodular Focal

A Hiperplasia Nodular Focal (HNF) é, na maioria dos casos, assintomática, sendo frequentemente identificada de forma incidental durante exames de imagem realizados por outros motivos. Aproximadamente 90% dos pacientes não apresentam sintomas.

Quando há manifestações clínicas, o sintoma mais comum é a dor abdominal crônica localizada no hipocôndrio direito ou na região epigástrica. Essa dor geralmente é leve a moderada e não está associada a complicações graves. Em casos raros, pode haver sensação de plenitude abdominal ou um aumento palpável do fígado, principalmente em lesões de grande volume.

Diagnóstico da Hiperplasia Nodular Focal

O diagnóstico da Hiperplasia Nodular Focal (HNF) é geralmente feito por meio de exames de imagem, uma vez que a condição é assintomática na maioria dos casos e descoberta incidentalmente. 

Ultrassonografia (USG) 

A ultrassonografia é frequentemente o primeiro exame realizado, mas sua sensibilidade e especificidade são limitadas. A lesão pode se apresentar como hipoecoica, isoecoica ou hiperecoica em relação ao fígado adjacente, dificultando sua identificação. O uso do Doppler pode auxiliar na caracterização, evidenciando um padrão vascular característico, conhecido como “roda de carruagem”, em que os vasos sanguíneos irradiam de um ponto central. Apesar disso, a ultrassonografia isoladamente não é suficiente para um diagnóstico definitivo.

Tomografia Computadorizada (TC) com Contraste 

A tomografia é um dos exames mais utilizados na prática clínica para confirmação da HNF. Na fase arterial, observa-se uma captação intensa e homogênea do contraste, com exceção de uma cicatriz central hipoatenuante, que é um achado sugestivo da lesão. Na fase portal, a lesão pode se tornar isoatenuante ao parênquima hepático, dificultando sua detecção. Já na fase tardia, a cicatriz central pode realçar devido ao depósito tardio de contraste, reforçando o diagnóstico.

Ressonância Magnética (RM) 

A ressonância magnética é um exame altamente sensível e específico para o diagnóstico da HNF. Em imagens ponderadas em T1, a lesão se apresenta iso ou hipointensa, com uma cicatriz central hipointensa. Em T2, a lesão é iso ou discretamente hiperintensa, e a cicatriz central aparece hiperintensa, o que auxilia na diferenciação de outras lesões hepáticas. O uso de contrastes hepatoespecíficos, como o gadoxetato de gadolínio, permite uma caracterização ainda mais precisa, mostrando captação intensa na fase arterial e permanência do realce nas fases tardias, o que diferencia a HNF do adenoma hepático.

Biópsia Hepática 

A biópsia hepática não é indicada de rotina no diagnóstico da HNF. Além de ser um procedimento invasivo, há risco de sangramento, e o material coletado pode ser insuficiente para diferenciar a HNF de outras lesões benignas, como o adenoma hepático. A biópsia só deve ser considerada quando houver dúvida diagnóstica persistente, especialmente se houver suspeita de malignidade.

Diagnóstico Diferencial

Hiperplasia Nodular Focal (HNF) deve ser diferenciada de outras lesões hepáticas, como adenoma hepático, que pode apresentar risco de hemorragia, hemangioma hepático, que exibe padrão de realce característico na imagem, e hepatocarcinoma, associado a elevação de alfa-fetoproteína e presença de atipias celulares. Além disso, metástases hepáticas e carcinoma fibrolamelar também podem simular a HNF e devem ser considerados na investigação.

Tratamento da Hiperplasia Nodular Focal

Na maioria dos casos, a Hiperplasia Nodular Focal (HNF) não requer tratamento, pois se trata de uma lesão benigna sem risco de transformação maligna. A conduta geralmente é expectante, com acompanhamento clínico e exames de imagem periódicos para avaliar possíveis modificações no tamanho da lesão. A cirurgia raramente é necessária, sendo indicada apenas em situações específicas, como crescimento significativo da lesão, sintomas persistentes (dor intensa ou desconforto abdominal) ou dúvida diagnóstica em relação a tumores malignos.

Evolução

O prognóstico da HNF é excelente, pois a lesão mantém um comportamento estável ao longo do tempo e não apresenta risco de malignização. A grande maioria dos pacientes pode ser acompanhada sem necessidade de intervenção. O uso de anticoncepcionais hormonais não parece influenciar no crescimento da lesão, e sua suspensão não é obrigatória, embora possa ser considerada em casos específicos de aumento progressivo do nódulo.

Complicações

As complicações da HNF são extremamente raras. Diferente dos adenomas hepáticos, a HNF não apresenta risco significativo de sangramento ou ruptura espontânea. Em casos excepcionais, lesões muito volumosas podem causar compressão de estruturas adjacentes, levando a sintomas como dor abdominal ou desconforto digestivo. Além disso, a principal preocupação clínica está na diferenciação da HNF com outras lesões hepáticas, evitando procedimentos desnecessários.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

(Exame Nacional de Residência Médica EBSERH 2025) Uma paciente de 23 anos realizou ultrassonografia abdominal de rotina, na qual foi observado nódulo sólido de 4 cm de diâmetro no fígado. Foi realizada tomografia abdominal com contraste venoso trifásico, que mostrou lesão hipercaptante, bem circunscrita, com cicatriz central localizada em segmento VII do fígado. Dentre os diagnósticos abaixo, o mais provável é: 

A. Adenoma hepático;

B. Hepatocarcinoma;

C. Hemangioma hepático; 

D. Hiperplasia nodular focal; 

E. Colangiocarcinoma periférico.

Comentário da Equipe EMED 

Alternativa D, correta. Essa é a segunda lesão hepática benigna mais comum e apresenta como grande marco radiológico a presença de cicatriz central.

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Referências Bibliográficas 

  1. HAMAD, Sammy; WILLYARD, Charles E.; MUKHERJEE, Sandeep. Focal Nodular Hyperplasia. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK532244. 
  1. WALIZAI, Tariq. Focal Nodular Hyperplasia – Radiology Reference Article. Radiopaedia.org, 2024. Disponível em: https://radiopaedia.org/articles/focal-nodular-hyperplasia.
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