Resumo de hipertensão gestacional: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de hipertensão gestacional: diagnóstico, tratamento e mais!

A hipertensão gestacional é uma das condições patológicas mais comuns da gestação, com inúmeras repercussões materno fetais. Seu correto manejo durante o pré-natal previne complicações e tem importante impacto na saúde pública. 

Além disso, é um dos principais temas de obstetrícia nas provas de residência médica. Por este motivo, confira os principais aspectos referentes à esta condição obstétrica, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à hipertensão gestacional.

  • É a primeira causa de morte materna no Brasil. 
  • Ocorre devido à placentação deficiente durante a segunda onda de invasão trofoblástica. 
  • O diagnóstico é feito a partir de alteração da PA a partir de 20 semanas, maior que 140 x 90 nos casos leves e maior que 160 x 110 nos casos graves. 
  • A metildopa é a droga anti-hipertenwsiva de escolha para HAG. 
  • Se HAG leve, interromper a gestação com 39-40 semanas, mas se HAG grave, interromper com 37 semanas, preferencialmente parto via vaginal. 

Definição da doença

É definida como um distúrbio hipertensivo específico da gestação, onde os níveis pressóricos se elevam após 20 semanas de gestação, em mulheres previamente normotensas, sem proteinúria , lesões de órgão-alvo e PA volta ao normal depois do puerpério. Se os níveis se mantiveram elevados desde o início (antes de 20 semanas), a gestante passa a ser considerada hipertensa crônica. 

Epidemiologia e fisiopatologia da hipertensão gestacional. 

É a primeira causa de morte materna no Brasil (mortalidade materna de 15 a 20%) e segunda causa no mundo, afetando 10% das gestações no mundo. Além disso, está associado a diversas complicações materno fetais e alto custo para intervenções. 

Os fatores de alto risco incluem história pregressa de pré-eclâmpsia, gestação múltipla, diabetes tipo 1 ou tipo 2, hipertensão crônica, doença renal crônica ou doença autoimune com possíveis complicações vasculares (SAF, LES). Fatores de risco moderados incluem nuliparidade, obesidade e história familiar de pré-eclâmpsia em uma mãe ou irmã. 

Patogênese

A hipertensão gestacional ocorre por placentação deficiente, no qual as artérias espiraladas não se modificam durante a segunda onda de invasão trofoblástica, ficando com diâmetro menor e alta resistência. Consequentemente, ocorre lesão endotelial, que pode gerar vasoespasmo, aumento da permeabilidade capilar e ativação da coagulação. 

Complicações materno-fetais

Maternas

  • Coagulopatia e hemorragia pós-parto
  • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia
  • Síndrome Hellp
  • Insuficiência renal
  • Edema agudo de pulmão
  • Insuficiência cardíaca
  • Insuficiência hepática 

Fetais

  • Insuficiência placentária
  • Restrição de crescimento
  • Sofrimento fetal agudo e crônico
  • Prematuridade eletiva

Diagnóstico de hipertensão gestacional

O diagnóstico é feito a partir da alteração da PA a partir de 20 semanas. Os valores para diagnóstico são:

  • PAS ≥140 ou PAD ≥ 90 mmHg em duas ocasiões, medidas em intervalo mínimo de 4 horas. 
  • Se PAS ≥ 160 ou PAd ≥ 110, uma nova medida alterada com 15 minutos de intervalo já fecha o diagnóstico. 
  • Ausência de proteinúria e ausência de disfunção de órgão-alvo. 

A HAG é classificada quanto a gravidade em leve ou grave: 

  • HAG leve: PA maior que 140×90 mmHg e menor que 160×110 mmHg.
  • HAG grave: PA maior que 160×110 mmHg.  

Na vigência do diagnóstico é importante solicitar alguns exames para avaliar a gravidade. Os exames solicitados incluem: 

  • Hemograma
  • Ureia e creatinina
  • Enzimas hepáticas
  • LDH
  • Bilirrubinas
  • Ácido úrico

#Ponto importante: A partir de 2021, os marcadores angiogênicos, como PIGF reduzida ou relação sFlt-1/PlGF aumentado, passaram a determinar gravidade na HAG, além de predizer pré-eclâmpsia.

Alguns sintomas de gravidade devem ser levados em consideração na hora do diagnóstico e que podem falar a favor da pré-eclâmpsia, como epigastralgia, cefaleia, dor em hipocôndrio direito, oligúria, alterações visuais e alterações do estado mental e convulsões.

Tratamento de hipertensão gestacional

Como medidas gerais, é indicado encaminhamento ao pré-natal de alto risco, consultas semanais no PNRH, controle pressórico diário e proteína de fita semanalmente. Para avaliação da vitalidade fetal é indicado doppler a cada 2-4 semanas. 

#Ponto importante: É aconselhado não realizar treinamento de força e exercícios isométricos puros, como levantamento de peso, pois essas atividades podem elevar a pressão arterial a níveis graves. Além disso, não há necessidade de restrição de sal no manejo da HAG

Pacientes com diagnóstico de HAG, com PA superior a 140 x 90 mmHg devem iniciar terapia antihipertensiva oral, sendo a Metildopa, 500mg a 2g/dia, a droga mais utilizada.  A meta é uma PAD = 85 mmHg. 

Alguns betabloqueadores, como metoprolol e pindolol, bloqueadores do canal de cálcio, anlodipino e nifedipino, e vasodilatadores, como hidralazina, também podem ser utilizados. Lembrar que os IECAS e BRAs não podem ser utilizados na gestação. Confira abaixo as drogas anti hipertensivas que podem ser utilizadas: 

Crédito: Prof. Natália Carvalho, Estratégia Med.

Quando interromper a gestação?

Para pacientes com HAG leve e bom controle pressórico, em uso de metildopa baixas doses, a gestação pode ser levada até 40 semanas. Em gestantes com HAG gravem controle pressórico ruim, alterações laboratoriais ou utilização de múltiplas drogas ou doses altas, interromper com 37 semanas. A via de parto deve ser individualizada, mas a via vaginal é preferível.   

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • ACOG Practice Bulletin No. 202: Gestational Hypertension and Preeclampsia. Obstet Gynecol. 2019 Jan;133(1):1. doi: 10.1097/AOG.0000000000003018. 
  • American Heart Association (AHA). Hipertensão na Gravidez: Diagnóstico, Metas de Pressão Arterial e Farmacoterapia: Uma Declaração Científica da American Heart Association. 2022. Disponível em: https://www.ahajournals.org/doi/abs/10.1161/HYP.0000000000000208
  • Moura MDR et al. Hipertensão Arterial na Gestação – importância do seguimento materno no desfecho neonatal. Com. Ciências Saúde – 22 Sup 1:S113-S120, 2011.
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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