Resumo de leucocitose: etiologia, avaliação e mais!

Resumo de leucocitose: etiologia, avaliação e mais!

A leucocitose é um dos achados mais comuns em exames complementares, tanto em nível ambulatorial quanto hospitalar. Por este motivo, confira agora os principais aspectos referentes a este achado laboratorial, que aparecem nos atendimentos e podem ser cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à leucocitose.

  • A faixa normal de leucócitos no sangue periférico varia de acordo com idade, raça e em gestantes. 
  • A principal causa de leucocitose são infecções, principalmente às custas de neutrófilos.  
  • A presença de febre, calafrios, suores noturnos, perda de peso não intencional, fadiga ou hematomas fáceis são sintomas típicos de uma malignidade subjacente.
  • A análise do esfregaço sanguíneo é outra etapa importante na avaliação da leucocitose. 
  • A presença de granulócitos imaturos e células de linfoma são achados anormais e necessitam de exames adicionais.  

Definição da doença

A leucocitose representa uma contagem elevada de glóbulos brancos, com muitas etiologias potenciais, principalmente infecciosas, além de outras causas malignas e não malignas. 

O valor de glóbulos brancos representa a soma total dos subtipos de glóbulos brancos, incluindo neutrófilos, eosinófilos, linfócitos, monócitos e leucócitos atípicos que normalmente não estão presentes em um esfregaço de sangue periférico. 

Inicialmente é preciso entender que a faixa normal de leucócitos muda de acordo com idade, raça e em gestantes. Em geral, a contagem de leucócitos é significativamente maior em bebês do que em adultos. Em gestante, o valor da normalidade também é maior. 

  • Recém-nascido: 13-38 x 10^9/L
  • Nas 2 primeiras semanas de vida: 5-20 x 10^9/L
  • Gestantes: 5,800-13,200 x 10^9/L
  • Adulto: 4,5-11 x 10^9/L

Além disso, pacientes negros de origem africana, do Oriente Médio e indianos podem ter contagens de leucócitos reduzidas e contagens absolutas de neutrófilos mais baixas em comparação com pacientes de ascendência hispânica e europeia. 

Fisiopatologia da leucocitose

O estresse inflamatório gera uma resposta através das citocinas ocasionando leucocitose aguda. Além disso, uma neoplasia mieloproliferativa autônoma pode gerar produção aumentada de linhagens específicas de glóbulos brancos. 

Das linhagens de glóbulos brancos, a leucocitose às custas de neutrofilia é a apresentação mais comum, geralmente em resposta a agentes bacterianos específicos, mas os médicos devem estar cientes de outras linhagens celulares que podem estar envolvidas em apresentações agudas e crônicas. 

Etiologia da leucocitose

A etiologia da leucocitose depende muito do subtipo celular que está aumentado. 

  • Neutrófilos: os neutrófilos são os leucócitos mais abundantes no esfregaço periférico (40 a 60%) e um dos primeiros a aumentar na vigência de inflamação ou infecção. Além disso, vários medicamentos podem causar neutrófilos. As drogas mais comumente associadas são catecolaminas, glicocorticóides, fatores de crescimento mielóide e lítio.  

#Ponto importante: O desvio à esquerda do hemograma representa o aumento de bastonetes, que são neutrófilos imaturos, que sugerem uma infecção bacteriana com resposta inflamatória mais exacerbada.

  • Linfócitos: normalmente representam de 20 a 40%, estando aumentado mais comumente em condições benignas, como infecções virais, reações de hipersensibilidade. A leucemia e linfoma também podem causar linfocitose. 
  • Eosinófilos: A principal causa de eosinofilia em nosso meio são pacientes com alergias e asma crônica, além de parasitoses na infância cursarem com eosinofilia, como estrongiloidíase. Condições mais sérias também podem ser causas, como neoplasias, processos inflamatórios e doenças autoimunes. Exames adicionais importantes incluem teste de alergia e testes específicos para parasitas.  
  • Monócitos: representam em condições fisiológicas de 2% a 8% dos glóbulos brancos. Em caso de monocitose, considere doença viral (EBV), infecção por riquétsias, tuberculose, doença autoimune, esplenectomia, doenças granulomatosas, malignidade, efeitos colaterais de medicamentos e distúrbios mieloproliferativos. 
  • Basófilos: os basófilos representam até 1% dos glóbulos brancos, podendo aumentar em condições inflamatórias, infecções virais, endocrinopatias, distúrbios mieloproliferativos e malignidades. Assim como os eosinófilos, também está presente em condições alérgicas ou anafiláticas, especialmente em reação a medicamentos e alimentos.

Nas gestantes, a leucocitose é considerada evidência de uma resposta inflamatória aumentada durante a gravidez normal, mas também está aumentada na pré-eclâmpsia.

Avaliação da leucocitose

A história completa e exame físico devem ser colhidos na vigência da leucocitose. Por exemplo, a presença de neutrófilos, associado a febre, mal-estar e tosse produtiva sugere pneumonia. 

Por outro lado, a presença de febre, calafrios, suores noturnos, perda de peso não intencional, fadiga ou hematomas fáceis são sintomas típicos de uma malignidade subjacente. Além disso, elevações significativas, como leucocitose próxima a 100×10^9, sempre devem levar à avaliação imediata de leucemia ou distúrbios mieloproliferativos. 

A análise do esfregaço sanguíneo é outra etapa importante na avaliação da leucocitose, fornecendo uma janela para o estado funcional da medula óssea. É indispensável para avaliar o número, tamanho e forma dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. 

Deve ser avaliado no esfregaço a presença de granulócitos imaturos, como blastos, promielócitos, mielócitos e metamielócitos, além de células de linfoma são achados anormais. Além disso, avaliar lobulação anormal ou contorno nuclear, granulação anormal ou ausente, presença de parasitas ou outras inclusões. 

Se células imaturas ou de linfoma estiverem presentes, o paciente deve ser encaminhado para serviço de oncologia e avaliado para possibilidade de aspiração e biópsia de medula óssea com citometria de fluxo apropriada e estudos de genética molecular. 

Os exames adicionais dependem do tipo celular aumentado, muitas vezes, sendo os principais descritos abaixo:

  • Neutrofilia: Exames adicionais importantes incluem dependem do possível sítio de infecção/inflamação, como hemoculturas, culturas de urina, punções lombares, radiografia de tórax ou culturas de escarro.
  • Linfocitose: solicitar painéis virais, pesquisar linfonodomegalias.  
  • Eosinofilia: considerando reação alérgica, infecção parasitária, condições dermatológicas, pode ser solicitado teste de alergia, teste específico para parasitas e biópsia de pele de lesões. 

Tratamento da leucocitose

O tratamento deve ser direcionado para causa específica da leucocitose. Importante ressaltar que o achado isolado de leucocitose não deve induzir conduta, como por exemplo utilização de antibiótico, exceto em casos bem específicos. O diagnóstico deve ser correlacionado com dados clínicos e outros exames complementares. 

Veja também:

Referências bibliográficas:

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