A otite média aguda é uma das infecções mais comuns nas crianças. Por este motivo, confira agora os principais aspectos referentes esta condição clínica, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à otite média aguda.
- É principalmente uma infecção da infância, mais comum entre 6 e 24 meses
- Otalgia súbita após estado gripal é a principal forma de apresentação
- As diretrizes atuais orientam observar de 48 a 72 horas antes de iniciar antibioticoterapia
- Casos selecionados necessitam de antibiótico, como presença sintomas graves e acometimento bilateral em crianças entre 06 e 24 meses
- Amoxicilina é o antibiótico de primeira escolha
Definição da doença
A otite média aguda (OMA) é definida como uma inflamação da orelha média, caracterizada pelo abaulamento moderado a grave da membrana timpânica associado a sinais flogísticos. É principalmente uma infecção da infância, mas pode acometer adultos em todas as faixas etárias.
Epidemiologia da otite média aguda
Estima-se que pelo menos dois terços das crianças tenham pelo menos um episódio de OMA até um ano de idade., aumentando para 90% até os sete anos. É a infecção pediátrica mais comum para a qual os antibióticos são prescritos nos Estados Unidos. estimando-se um custo de 5 bilhões de dólares anualmente no país.
A maioria dos casos acontece entre 6 e 11 meses, diminuindo sua incidência gradativamente após os 5 anos de idade. A incidência entre adultos em países ricos em recursos é provavelmente inferior a 1%. Há uma pequena predileção pelo sexo masculino.
#Ponto importante: a incidência de OMA em crianças caiu nas últimas duas décadas e acredita-se que isso ocorra pela introdução da vacinação pneumocócica de rotina em lactentes.
Fisiopatologia
A orelha média é formada pela tuba auditiva (Trompa de Eustáquio), narinas e as células aéreas da mastóide. A tuba auditiva é um ducto ósteo cartilaginoso que comunica o ouvido médio à rinofaringe.
A tuba inicia-se em seu óstio timpânico e a porção cartilaginosa é fixada ao segmento ósseo que se encontra em um sulco na base da espinha angular do osso esfenóide, expandindo-se na medida que se dirige para a rinofaringe, onde abre-se em seu óstio faríngeo, posterior à cauda do corneto inferior e anterior ao recesso faríngeo lateral (Fosseta de Rosenmüller).
A inflamação do trato respiratório superior predispõe à OMA via disfunção da trompa de Eustáquio, levando a pressão negativa e acúmulo de secreções da orelha média e comprometimento das defesas do hospedeiro (por exemplo, ação mucociliar normal). O crescimento microbiano nas secreções da orelha média pode resultar em supuração e sinais clínicos de OMA.
Os agentes etiológicos mais envolvidos na otite média são virais, os mesmos causadores do resfriado comum, incluindo vírus sincicial respiratório, rinovírus, vírus influenza e adenovírus. Das causas bacterianas, o Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis são os mais comuns.
Manifestações clínicas de otite média
Comumente, o paciente relata história de otalgia (dor no ouvido) súbita após estado gripal ou crise de rinite alérgica sazonal. A otalgia é a queixa mais comum dos pacientes, que pode estar associada a fricção de ouvido, perda auditiva, drenagem de conteúdo seropurulento do ouvido (otorreia supurativa) e febre.
Crianças pequenas com OMA, particularmente bebês, podem apresentar apenas sinais e sintomas inespecíficos como febre, agitação, sono perturbado ou inquieto, má alimentação/anorexia, vômitos, diarreia.
#Ponto importante: conceito de otite média de repetição. A OMA recorrente é geralmente definida como ≥3 episódios distintos e bem documentados de OMA em seis meses ou ≥4 episódios em 12 meses.
A otite média pode evolui com complicações, divididas em dois grupos principais:
- Intratemporais: perda auditiva condutiva leve, disfunções vestibulares, de equilíbrio e motoras, perfuração de membrana timpânica, mastoidite supurativa, petrosite e labirintite.
- Intracranianas: incluem a meningite, empiema subdural e trombose da artéria carótida, trombose de seio sigmóide, hidrocéfalo ótico, sepse e choque séptico.
Lista de manifestações:
- Otalgia
- Otorreia supurativa
- Perda auditiva
Diagnóstico de otite média
A realização do diagnóstico é etapa essencial para evitar o uso excessivo de antibióticos, o que leva ao desenvolvimento de organismos resistentes.
O diagnóstico clínico de OMA requer evidência através da otoscopia de membrana timpânica abaulada ou membrana timpânica perfurada, associado ou não a otorréia purulenta se a otite externa tiver sido excluída.
A MT normal é translúcida, perolada ou levemente acinzentada e apresenta mobilidade durante uma manobra de Valsalva, quando avaliada pela otoscopia.
O abaulamento da membrana timpânica é o sinal mais específico e reprodutível de otite média aguda. Outros sinais incluem MT opacificada, imóvel e muitas vezes eritematosa.
Tratamento de otite média
#Ponto importante: Como cerca de 80% das OMAs tem resolução espontânea e as diretrizes atuais orientam observar de 48 a 72 horas, utilizando apenas sintomáticos. Nesses casos, deve-se sempre reavaliar o paciente com a otoscopia.
Para indicar tratamento com antibioticoterapia deve ser levado em consideração a idade do paciente, se o acometimento é uni ou bilateral e se há presença de sintomas graves ou complicações. Sintomas graves incluem otalgia moderada/grave que persiste por mais de 48 horas e/ou febre > 39°C.
Tratamento com observação inicial sem antibiótico:
- OMA não grave, unilateral, em crianças de 6 meses a 2 anos.
- OMA não grave em crianças maiores de 2 anos, independente da lateralidade.
Tratamento com antibiótico está indicado nos seguintes casos:
- OMA não grave, bilateral, em crianças entre 6 meses e 2 anos.
- Todos pacientes < 6 meses
- OMA com sintomas graves
- Pacientes com implantes cocleares ou imunodeficiências
O diagnóstico etiológico não é necessário para iniciar tratamento em pacientes com indicação de antibioticoterapia. As opções são:
- Amoxicilina: 50 mg/kg/dia, duas ou três vezes por dia (primeira escolha)
- Ceftriaxona intramuscular ( para pacientes que não conseguem ingerir o medicamento oral): 50 mg/kg/dia, dose única diária, por três dias no mínimo.
Se a otalgia intensa ou a febre persistirem após 72 horas do início do tratamento, o antibiótico deve ser trocado: As opções são:
- Amoxicilina com clavulanato: 40 a 60 mg/kg/dia, duas ou três vezes por dia.
- Cefuroxima: 30 mg/kg/dia, duas vezes por dia
A duração do tratamento é de 10 dias para crianças <2 anos e de qualquer criança com perfuração da membrana timpânica ou história de OMA recorrente. Nas crianças ≥2 anos com membrana timpânica intacta e sem história de OMA recorrente, o tratamento deve durar 5 a 7 dias.
Prevenção
- Vacinação antipneumocócica e influenza.
- Aleitamento materno exclusivo até os 06 meses de idade
- Evitar exposição à fumaça do tabaco e uso de chupeta.
- Em casos recorrentes, pode-se evitar colocar a criança em creches.
Veja também:
- Resumo de pneumonia: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais
- Resumo de desenvolvimento ortopédico infantil
- Vacinação infantil brasileira enfrenta a pior queda em 25 anos: entenda o caso
- Resumo de infecção urinária em pediatria
- Resumo de segurança em pediatria: epidemiologia, segurança em casa veicular e andadores
- Resumo de choque em pediatria: conceitos, fisiopatologia e classificação
Referências bibliográficas:
- Acute otitis media in children: Treatment. Uptodate, 2022.
- Renata C. Di Francesco; Renata Dutra de Moricz; Silvio Marone. Otite Média aguda em pediatria diagnóstico e tratamento. SPSP. ANO 1 • Nº 3• JUL/2016. Disponível em SPSP.
- Fundação de otorrinolaringologia (FORL). Otite média. Disponível em: FORL
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