Resumo de Torcicolo Congênito: causas, diagnóstico e mais!
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Resumo de Torcicolo Congênito: causas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O torcicolo muscular congênito é uma das alterações ortopédicas mais frequentes em recém-nascidos, caracterizada por encurtamento do músculo esternocleidomastoideo e postura cervical inadequada. Seu diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para evitar complicações em longo prazo. Este texto aborda aspectos médicos relevantes para identificação e manejo adequado dessa condição na prática pediátrica.

A maioria das crianças apresenta melhora significativa se o tratamento for iniciado antes do sexto mês de vida.

Conceito de torcicolo congênito 

O torcicolo muscular congênito é uma alteração observada desde as primeiras semanas de vida, caracterizada por um encurtamento ou contratura do músculo esternocleidomastoideo. Clinicamente, essa condição provoca uma inclinação lateral da cabeça em direção ao músculo comprometido, enquanto o queixo fica voltado para o lado contrário. 

Normalmente não causa dor e pode apresentar diferentes graus de limitação na movimentação cervical, o que depende do grau de envolvimento muscular. O quadro tende a ficar mais evidente entre a segunda e quarta semana após o nascimento, facilitando o reconhecimento precoce pelos cuidadores ou profissionais da saúde durante as avaliações iniciais da criança.

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Como ocorre o torcicolo congênito 

Embora a fisiopatologia exata do torcicolo muscular congênito ainda permaneça incerta, acredita-se que eventos traumáticos ocorridos no período intrauterino ou durante o parto possam levar à compressão local e à diminuição do suprimento sanguíneo para o músculo esternocleidomastoideo. Essa redução no fluxo sanguíneo provoca uma condição semelhante a uma síndrome compartimental localizada, resultando em isquemia, degeneração e, consequentemente, fibrose muscular. 

Com o tempo, esse processo cicatricial gera encurtamento do músculo, podendo formar áreas endurecidas palpáveis na região cervical afetada, responsáveis pela postura característica da cabeça e limitação dos movimentos cervicais na criança.

Epidemiologia 

O torcicolo muscular congênito ocorre com frequência aproximada de 1 caso a cada 250 nascimentos, configurando-se como uma das principais anomalias músculo-esqueléticas identificadas no período neonatal. Observa-se uma leve predominância em meninos, com uma razão de aproximadamente 1,5 casos masculinos para cada caso feminino. Além disso, há uma maior frequência de acometimento do lado direito do pescoço

Fatores de risco 

Entre os principais fatores que aumentam o risco para desenvolvimento dessa condição estão: 

  • Históricos familiares positivos para torcicolo congênito; 
  • Primeira gestação; 
  • Diminuição dos movimentos fetais; 
  • Gestação gemelar e condições que reduzem o espaço uterino, como o oligodrâmnio; e 
  • Partos complicados, especialmente aqueles com o uso de fórceps ou vácuo-extrator, além de apresentações pélvicas ou mau posicionamento fetal intrauterino.

Diagnóstico do torcicolo congênito 

O diagnóstico do torcicolo muscular congênito é baseado principalmente em critérios clínicos, obtidos por meio de uma história detalhada e um exame físico criterioso. Durante a anamnese, é importante questionar aspectos como posição fetal intrauterina, tipo de parto, histórico familiar e fatores relacionados ao nascimento que possam indicar risco para o desenvolvimento dessa condição.

Sintomas

As crianças com torcicolo muscular congênito apresentam sinais típicos já nas primeiras semanas após o nascimento. O achado clínico mais comum é a posição anormal da cabeça, inclinada em direção ao músculo afetado, enquanto o queixo fica direcionado para o lado oposto. Outros sinais frequentemente observados incluem limitação dos movimentos cervicais durante o exame passivo, podendo também ocorrer elevação discreta do ombro do mesmo lado da lesão.

Exame físico

É comum identificar-se uma massa palpável ou nódulo na porção média ou inferior do músculo esternocleidomastoideo acometido, conhecida como tumor olivar. Essa nodulação pode aumentar nas primeiras semanas de vida, alcançando maior dimensão por volta dos 2 ou 3 meses, mas geralmente diminui espontaneamente com o tempo. É importante mencionar que o torcicolo muscular congênito não costuma causar dor à criança, sendo esse aspecto relevante para diferenciação clínica com outras causas dolorosas de torcicolo na infância.

Exames complementares 

Exames complementares são úteis, embora não obrigatórios para todos os casos: 

  1. A ultrassonografia cervical é amplamente recomendada devido à facilidade na avaliação das estruturas musculares e de tecidos moles, especialmente quando há dúvida diagnóstica. 
  1. Exames radiográficos cervicais são indicados principalmente para afastar deformidades ósseas associadas ou outras causas secundárias de torcicolo. 
  1. Já a ressonância magnética cervical pode ser solicitada em casos específicos onde é necessário descartar patologias neurológicas ou tumorações associadas.

Diagnóstico diferencial

  • Síndrome de Klippel-Feil (fusão de vértebras cervicais); 
  • Subluxação rotatória atlantoaxial (Síndrome de Grisel); 
  • Torcicolo ocular (alteração oftalmológica);
  • Lesões traumáticas cervicais (fraturas, luxações); 
  • Infecções cervicais (abscessos ou adenites); e 
  • Condições neurológicas (malformação de Arnold-Chiari, tumores cerebrais).

Tratamento do torcicolo congênito 

O tratamento do torcicolo muscular congênito deve ser iniciado o mais cedo possível, baseando-se, primeiramente, em intervenções conservadoras. Essas incluem mudanças no posicionamento da criança durante atividades diárias como alimentação e brincadeiras, além de orientações aos cuidadores sobre como favorecer o movimento cervical para o lado acometido. A fisioterapia com alongamentos passivos é recomendada precocemente, sendo realizado tanto em ambiente clínico quanto domiciliar pelos próprios pais, sob orientação médica.

Intervenção cirúrgica 

Quando o tratamento conservador não apresenta resultados satisfatórios após aproximadamente seis meses de intervenção intensiva, a cirurgia pode ser considerada. Os procedimentos cirúrgicos envolvem principalmente técnicas como a tenotomia (secção dos tendões do músculo esternocleidomastoideo) que pode ser feita unilateralmente ou bilateralmente, dependendo do grau de comprometimento e da extensão da deformidade. Em alguns casos mais complexos, pode ser necessário realizar alongamentos adicionais no músculo afetado.

Evolução

O prognóstico do torcicolo muscular congênito geralmente é favorável, especialmente quando a abordagem terapêutica é realizada precocemente. Cerca de 90 a 95% das crianças tratadas adequadamente nos primeiros meses de vida apresentam resolução completa ou melhora significativa até o primeiro ano. No entanto, quando o diagnóstico ou o início do tratamento são tardios, pode haver sequelas persistentes, incluindo assimetrias faciais, deformidades cranianas e cervicalgia crônica, que podem comprometer a qualidade de vida da criança.

Complicações

  • Assimetria craniofacial persistente;
  • Plagiocefalia (achatamento assimétrico da região posterior do crânio);
  • Escoliose cervical ou torácica secundária à postura inadequada;
  • Alterações oftalmológicas devido à postura compensatória;
  • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor;
  • Limitação funcional permanente da mobilidade cervical;
  • Desconforto ou dor crônica em casos não tratados precocemente; e
  • Dificuldades motoras em atividades cotidianas relacionadas ao alinhamento postural inadequado.
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Referências Bibliográficas 

  1. Sociedade de Pediatria de São Paulo. Torcicolo na infância. Pediatra Atualize-se. Ano 7, nº 2, Mar/Abr 2022. 
  1. Gundrathi J, Cunha B, Tiwari V, Mendez MD. Congenital Torticollis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK549778/. Acesso em: 10 mar. 2025. 
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