Resumo sobre Doença Pilonidal: definição, tratamento e mais!
Esta figura é uma vista de costas com o paciente em decúbito ventral. Ela mostra vários poros cutâneos (depressões) na linha média da fenda palatina. Um seio pilonidal se estende cefálico dos poros até a abertura. Fonte: UpToDate

Resumo sobre Doença Pilonidal: definição, tratamento e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a Doença Pilonidal, uma condição inflamatória que afeta a região sacrococcígea, geralmente causada pelo acúmulo de pelos na pele, levando à formação de cistos, abscessos e fístulas.

No Estratégia MED, o objetivo é tornar esse conteúdo mais acessível e direto, ajudando você a dominar os principais aspectos clínicos e a tomar decisões mais seguras no dia a dia da prática médica.

Vamos nessa!

Definição de Doença Pilonidal

A doença pilonidal é uma condição supurativa que acomete a pele e o tecido subcutâneo da região do sulco sacrococcígeo, também conhecido como fenda interglútea ou natal. Trata-se de um processo inflamatório que pode se apresentar de forma aguda ou cronicamente recorrente, frequentemente levando à formação de abscessos e infecções de partes moles. Essa condição é uma causa comum de procura por atendimento médico e pode provocar dor e drenagem crônica, comprometendo a qualidade de vida e as atividades diárias do paciente.

A fenda interglútea é um sulco intertriginoso que se estende do sacro até a porção cefálica da região perianal, delimitando os músculos glúteos maiores, os quais encobrem a fenda quando a pessoa está em posição ereta. 

Embora essa seja a localização típica da doença, há relatos de manifestações semelhantes em locais como umbigo, couro cabeludo, espaços interdigitais e pregas mamárias, além de casos associados a traumas locais por pelos em profissionais como cabeleireiros, tosadores de ovelhas e de cães, sugerindo que o trauma cutâneo local, especialmente por pêlos, pode contribuir para sua etiologia.

A doença é caracterizada por seios subdérmicos revestidos por tecido de granulação, que podem se comunicar com espaços subcutâneos contendo pêlos, detritos queratinosos e tecido de granulação

Esses espaços, apesar de denominados “cistos pilonidais”, não são verdadeiros cistos, pois não possuem revestimento epitelial, funcionando como foco para a formação de abscessos e inflamações crônicas devido à colonização bacteriana. 

Os trajetos fistulosos associados à doença podem se estender em diversas direções a partir da fenda interglútea e, em alguns casos, podem ser confundidos com fístulas anais, especialmente se se dirigirem à região pós-anal.

Epidemiologia da Doença Pilonidal

A incidência da doença pilonidal é difícil de determinar por não haver rastreamento sistemático, sendo identificada apenas em casos sintomáticos. Estima-se cerca de 70.000 casos anuais nos EUA, com maior ocorrência em adultos jovens, média de 19 anos em mulheres e 21 em homens, sendo os homens afetados de duas a quatro vezes mais. A doença é rara em crianças e em pessoas acima de 45 anos, e se apresenta de forma aguda ou crônica, com poucos casos assintomáticos.

Fatores de risco da Doença Pilonidal

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Os fatores de risco associados ao desenvolvimento da doença pilonidal incluem:

  • Sobrepeso ou obesidade;
  • Trauma ou irritação local da pele;
  • Estilo de vida sedentário ou longos períodos sentado;
  • Fenda interglútea profunda, que favorece acúmulo de pelos e umidade;
  • Fenda interglútea hirsuta, com presença excessiva de pelos;
  • Histórico familiar, sugerindo possível predisposição genética;
  • Presença de folículos capilares mais rígidos, que podem facilitar a penetração de pelos na pele;
  • Síndrome dos ovários policísticos, especialmente em mulheres, como fator hormonal e metabólico associado.

Fisiopatologia da Doença Pilonidal

A fisiopatologia da doença pilonidal envolve principalmente um processo inflamatório crônico, resultante de fatores adquiridos, embora exista debate sobre uma possível origem congênita.

A teoria mais aceita defende que a doença é adquirida, causada por uma combinação de temperatura elevada da pele, umidade por suor, e trauma local em regiões com presença de pelos, como a fenda interglútea. 

Essas condições favorecem a penetração de pelos na pele, especialmente com a pressão negativa gerada ao sentar e caminhar, o que permite que os pelos se aprofundem nos folículos lesionados, desencadeando uma reação inflamatória tipo corpo estranho. Isso leva à formação de cavidades subdérmicas e trajetos de tecido de granulação, que podem evoluir para sinus tracts e abscessos.

Outra hipótese, menos aceita, sugere que a doença seria congênita, originada de uma consolidação viciosa da linha média sacrococcígea com presença de restos embriológicos. Essa teoria se baseia em relatos de casos familiares, levantando a possibilidade de um componente genético.

Cisto pilonidal
Esta figura é uma vista de costas com o paciente em decúbito ventral. Ela mostra vários poros cutâneos (depressões) na linha média da fenda palatina. Um seio pilonidal se estende cefálico dos poros até a abertura. Fonte: UpToDate

Manifestações clínicas da Doença Pilonidal

As manifestações clínicas da doença pilonidal são variadas, indo desde achados assintomáticos até quadros de inflamação local significativa. A apresentação pode ser dividida em duas formas principais:

Forma aguda

Na apresentação aguda, os pacientes costumam relatar:

  • Início súbito de dor na região da fenda interglútea, especialmente ao sentar-se;
  • Piora da dor com atividades que esticam a pele da região glútea;
  • Endurecimento dos tecidos moles ao redor da lesão;
  • Secreção serossanguinolenta ou purulenta;
  • Em casos de infecção dos tecidos moles, pode haver febre e mal-estar;
  • O exame físico pode revelar celulite local e, na presença de abscesso, uma área dolorosa, endurecida ou com flutuação.

Forma crônica

Na forma crônica, os principais achados incluem:

  • Drenagem persistente ou recorrente, geralmente purulenta ou serossanguinolenta;
  • Dor crônica localizada na região da fenda interglútea;
  • Presença de um ou mais trajetos sinusais visíveis na linha média;
  • Com frequência, é possível observar cabelos saindo das aberturas sinusais;
  • Embora raros, casos de carcinoma de células escamosas podem surgir em seios pilonidais crônicos e negligenciados, sendo necessária biópsia diante de alterações cutâneas suspeitas.

Exame físico

  • Em pacientes assintomáticos: fossetas ou aberturas sinusais na linha média, geralmente sem dor;
  • Em casos agudos: sinais de inflamação e possível abscesso;
  • Em casos crônicos: seios com drenagem recorrente e, por vezes, presença de pelos no interior das lesões.

Tratamento da Doença Pilonidal

Na prática clínica, é raro que pacientes com doença pilonidal estejam completamente assintomáticos. A maioria apresenta histórico de crises anteriores, como abscessos ou drenagem espontânea, mesmo quando se encontra em um período de inatividade da doença. Nesses casos, a conduta preferencial tende a ser conservadora.

Devido à morbidade associada aos procedimentos cirúrgicos, não se recomenda cirurgia para pacientes sem sintomas ativos. Em um estudo retrospectivo com 26 pacientes submetidos à excisão e fechamento primário do seio pilonidal incidental, a taxa de cura foi de apenas 62%. Por isso, o risco-benefício da intervenção cirúrgica deve ser cuidadosamente considerado.

Uma estratégia conservadora com potencial benefício inclui a remoção de pelos da fenda interglútea, por meio de barbear ou depilação a laser, desde que não haja infecção de partes moles presente. Embora as evidências sejam de baixa qualidade, trata-se de uma abordagem de baixo custo, fácil implementação e risco mínimo. A melhoria da higiene local, a depilação periódica e a modificação de fatores de risco também têm sido associadas à redução da incapacidade e da necessidade de cirurgia.

A depilação a laser ou com luz pulsada intensa mostra-se mais eficaz que métodos tradicionais por atingir o folículo e o bulbo piloso. Em um estudo randomizado, essa técnica reduziu a taxa de recorrência de 34% para 10% em um ano, embora sem impacto estatisticamente significativo em internações ou procedimentos adicionais.

Outras abordagens não cirúrgicas incluem a aplicação de substâncias como cola de fenol ou fibrina diretamente nos trajetos do seio pilonidal. No entanto, não há evidências robustas que comprovem sua eficácia comparável à de técnicas cirúrgicas mais estabelecidas.

Tratamento cirúrgico para doença pilonidal ativa

O tratamento da doença pilonidal ativa depende do estágio clínico e da presença ou ausência de infecção. Em casos de abscesso pilonidal, a incisão e drenagem imediata são recomendadas, geralmente sobre a área de maior flutuação. Uma incisão menor pode ser suficiente se houver colocação de dreno, evitando o fechamento precoce da ferida e facilitando os cuidados domiciliares.

Caso uma incisão mais ampla seja necessária, é indicado realizá-la em ambiente cirúrgico, sob anestesia geral, permitindo também a remoção de detritos e pelos. Evidências mostram que curetagem e desbridamento da cavidade promovem melhores taxas de cicatrização e menos recorrências quando comparados à drenagem simples.

O uso de antibióticos deve ser restrito a situações específicas, como coleções muito pequenas (menos de 3 cm), presença de sinais sistêmicos de infecção ou em pacientes imunocomprometidos. Nesses casos, uma combinação de cefalosporina de primeira geração e metronidazol pode ser apropriada.

Após a resolução do abscesso, recomenda-se a adoção de cuidados preventivos como a depilação regular da fenda glútea. Apesar da drenagem adequada, muitos pacientes apresentam recorrência, taxas entre 10% e 55%, especialmente quando há múltiplos orifícios ou trajetos sinusais.

Tratamento cirúrgico da doença pilonidal crônica

Pacientes com doença pilonidal crônica podem apresentar abscessos recorrentes ou drenagem persistente de um ou mais trajetos. O tratamento definitivo é cirúrgico, mas a decisão pela cirurgia deve considerar o impacto dos sintomas na qualidade de vida, e não apenas o número de episódios.

Para casos considerados limitados, geralmente com um ou dois seios centrais e sem extensão lateral significativa, técnicas minimamente invasivas são preferíveis. Procedimentos como o Bascom I ou a técnica de Gips utilizam incisões pequenas para remoção seletiva das fossetas, preservando pontes de pele saudável e reduzindo morbidade. A taxa de cura dessas técnicas gira em torno de 90%, com recorrência de aproximadamente 16%.

Outra alternativa é a ablação endoscópica assistida por vídeo, que permite a remoção dos trajetos com ferida mínima. Estudos indicam vantagens em termos de dor, tempo de recuperação e satisfação do paciente, embora sejam necessárias mais evidências de longo prazo.

A aplicação de fenol cristalizado em trajetos sinusais tem sido empregada com sucesso variável (taxas de até 95% em alguns relatos), muitas vezes associada à depilação a laser. Já a cola de fibrina apresenta resultados mais inconsistentes, com falta de evidência robusta de eficácia.

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Referências

David B Stewart, MD, MHA, FACS, FASCRS. Pilonidal disease. UpToDate, 2025. Disponível em: UpToDate

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