E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre a Dor Neuropática, um dos tipos de dores relacionadas ao sistema nervoso.
O Estratégia MED trará mais um conceito importante que irá enriquecer seus conhecimentos e impulsionar seu desenvolvimento profissional. Conheça mais!
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Definição de Dor Neuropática
A dor neuropática é um tipo de dor crônica resultante de uma lesão ou disfunção no sistema nervoso somatossensorial, tanto em nível central quanto periférico. É caracterizada por sensações anormais e desagradáveis, como formigamento, queimação, pontadas ou choques elétricos.
Essa dor pode ocorrer mesmo na ausência de um estímulo doloroso direto e é frequentemente associada a condições como neuropatia diabética, acidentes, ou acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Durante o exame físico, pacientes com dor neuropática podem apresentar alodinia (dor causada por estímulos normalmente não dolorosos) ou hiperalgesia (resposta exagerada a estímulos dolorosos).
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Diferença entre dor neuropática e nociceptiva
A dor nociceptiva é um tipo de dor que resulta de estímulos que ameaçam ou causam danos aos tecidos corporais. É a resposta natural do corpo a lesões agudas, como cortes, queimaduras, fraturas, inflamações, infecções, isquemia (falta de fluxo sanguíneo) ou compressão mecânica dos tecidos.
O mecanismo subjacente envolve a ativação dos nociceptores, que são receptores sensíveis à dor localizados nos tecidos. Quando ativados, esses nociceptores enviam sinais através do sistema nervoso até o cérebro, indicando a presença de um dano ou ameaça de dano.
A dor nociceptiva é frequentemente descrita como latejante, aguda ou pulsante, e a intensidade da dor é geralmente proporcional ao grau de dano tecidual. Essa dor tende a cessar quando a lesão subjacente é tratada ou curada.
Por outro lado, a dor neuropática surge devido a uma lesão ou disfunção no sistema nervoso somatossensorial, tanto em nível central quanto periférico. Diferente da dor nociceptiva, a dor neuropática não é causada por danos diretos aos tecidos, mas sim por uma resposta inadequada a danos ou doenças do próprio sistema nervoso.
Essa dor pode ocorrer mesmo na ausência de um estímulo doloroso direto e é frequentemente associada a condições como neuropatia diabética, neuralgia pós-herpética, trauma nervoso, acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou esclerose múltipla.
Características da Dor Neuropática
- Formigamento
- Queimação
- Pontadas
- Sensação de choque elétrico
- Alodinia (dor causada por estímulos normalmente não dolorosos)
- Hiperalgesia (resposta exagerada a estímulos dolorosos)
- Sensações anormais e desconfortáveis
- Pode ocorrer na ausência de estímulo nocivo ativo
- Resposta inadequada a danos ou doenças do sistema nervoso somatossensorial
A avaliação precisa da dor neuropática requer uma história clínica detalhada e um exame físico minucioso, que permanecem o padrão clínico para identificar a presença dessa dor. A precisão na diferenciação entre dor neuropática e outros tipos de dor, como a nociceptiva, é crucial para a escolha de uma estratégia terapêutica eficaz.
Avaliação clínica da Dor Neuropática
A avaliação do paciente com dor crônica envolve uma abordagem multidimensional que inclui a busca de causas biomédicas, fatores psicológicos, capacidade física e função do sono, além de fatores sociais que podem influenciar a intensidade e os resultados clínicos da dor. A história médica e cirúrgica pregressa, bem como uma revisão completa dos sistemas, ajudam a identificar a etiologia da dor e condições que podem afetar a escolha da terapia.
A história social e familiar do paciente é essencial, pois pode revelar fatores que influenciam o desenvolvimento e tratamento da dor, como traumas na infância, estabilidade conjugal, nível de escolaridade, histórico de emprego, uso de substâncias e condições de vida. Comorbidades psiquiátricas, como depressão, ansiedade e TEPT, são comuns em pacientes com dor crônica e podem complicar o diagnóstico e tratamento.
A avaliação da dor inclui a caracterização detalhada da dor utilizando a sigla “OLDCARTS” (Onset, Location, Duration, Character, Aggravating/Alleviating factors, Radiation, Timing, Severity) e a utilização de diagramas corporais para mapear a localização e a extensão da dor. O exame físico deve ser abrangente e incluir avaliação musculoesquelética e neurológica, buscando identificar áreas de hipersensibilidade e possíveis déficits neurológicos.
Estudos diagnósticos, como exames de imagem e testes eletrodiagnósticos, podem ser úteis em casos específicos, mas devem ser utilizados com cautela para evitar diagnósticos desnecessários e preocupações excessivas.
Tratamento da Dor Neuropática
O manejo eficaz da dor neuropática exige uma abordagem multidisciplinar que vai além do uso de medicamentos. Neste contexto, as terapias não farmacológicas e farmacológicas são componentes cruciais do tratamento, oferecendo alternativas e complementos aos cuidados tradicionais.
Tratamento não farmacológico
A fisioterapia desempenha um papel crucial no manejo da dor neuropática. Um programa individualizado de fisioterapia ou terapia ocupacional, adaptado às limitações funcionais específicas do paciente, é recomendado, especialmente para aqueles gravemente desativados. A melhoria da função física é um objetivo fundamental, e o tratamento deve ser cuidadosamente ritmado para evitar a exacerbação da dor e a deterioração da função.
O exercício terapêutico é outro componente essencial, começando mesmo com exercícios de baixo nível em casa e aumentando gradualmente para reativar pacientes descondicionados e superar crenças de evitação por medo. Exercícios aquáticos podem ser especialmente benéficos para pacientes com osteoartrite dolorosa. Embora as evidências sejam limitadas, há consenso de que exercícios estruturados, ioga, tai chi, e outras atividades físicas podem reduzir a dor e melhorar a função com poucos efeitos adversos.
O alongamento é particularmente eficaz para melhorar a função e reduzir os sintomas de dor lombar crônica. Programas de alongamento ajudam a restaurar a amplitude de movimento e progridem de exercícios passivos para ativos assistidos, combinando fortalecimento, resistência, equilíbrio e flexibilidade para melhorar a função musculoesquelética.
A terapia psicológica, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), é fundamental para pacientes cuja dor afeta o humor, o sono e a qualidade de vida. A TCC aborda respostas comportamentais e cognitivas desadaptativas à dor, ensinando aos pacientes habilidades comportamentais e cognitivas para melhorar o controle sobre a dor.
As terapias mente-corpo (MBT), como a TCC tradicional e a redução do estresse baseada na atenção plena (MBSR), combinam pensamentos, emoções, comportamentos e consciência corporal. Embora as evidências sejam de qualidade baixa a moderada, há benefícios sugeridos, como melhorias na dor e na incapacidade. Técnicas de MBT incluem relaxamento, respiração profunda, meditação e hipnose, que podem ser particularmente úteis quando combinadas com TCC.
As terapias complementares e integrativas, como a massagem terapêutica e a acupuntura, são recomendadas devido à sua eficácia emergente e segurança. A acupuntura, por exemplo, tem mostrado benefícios em ensaios randomizados e é recomendada como uma opção de primeira linha para dor lombar crônica e dores de cabeça crônicas. Outras modalidades como a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) podem ser sugeridas para alguns pacientes, apesar das evidências inconclusivas sobre sua eficácia.
Mudanças dietéticas saudáveis também são recomendadas para melhorar a saúde geral e o condicionamento físico, com encaminhamento para nutricionistas ou profissionais de terapias integrativas quando apropriado.
Tratamento farmacológico
O tratamento inicial da dor neuropática envolve o uso de antidepressivos tricíclicos (TCAs) e inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina (SNRIs) são tratamentos de primeira linha para várias condições de dor crônica, enquanto os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) não são recomendados.
Os opioides são indicados apenas para pacientes com baixo risco de abuso de substâncias e que não responderam a outros analgésicos, devendo ser combinados com terapias não farmacológicas e monitorados de perto.
Carbamazepina e oxcarbazepina são usadas para neuralgia do trigêmeo. Lidocaína tópica, capsaicina e canabinóides podem ser úteis como medicamentos adjuvantes, enquanto relaxantes musculares e benzodiazepínicos são geralmente evitados. Terapias emergentes, como infusões de cetamina e lidocaína, mostram resultados variados e ainda estão em fase de pesquisa para determinar doses e regimes ideais.
De olho na prova!
Não pense que esse assunto fica fora das provas, seja da faculdade, concurso ou residência. Veja um exemplo logo abaixo:
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Paciente, 45 anos, sexo feminino, consulta seu médico relatando dor persistente no braço direito após um acidente de carro ocorrido há 6 meses. Ela descreve a dor como uma sensação de queimação e formigamento. Com base na qualidade sensitiva da dor descrita, a classificação mais provável dessa dor seria:
A) A dor é aguda e o diagnóstico está associado à distensão ou espasmo de uma víscera oca.
B A dor é bem localizada e o diagnóstico frequentemente está associado à inflamação de um órgão.
C) Geralmente é uma dor surda e profunda, muitas vezes referida a uma localização distante da lesão real e o diagnóstico é sugerido por padrões como irradiação da dor ou sintomas que não estão diretamente relacionados à área afetada.
D) Geralmente é vaga, e o diagnóstico é sugerido por dor desproporcional à lesão tecidual, disestesia.
Opção correta: Alternativa “D”
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Referências
David Tauben, MDBrett R Stacey, MD. Evaluation of chronic non-cancer pain in adults. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate
David Tauben, MDBrett R Stacey, MD. Pharmacologic management of chronic non-cancer pain in adults. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate
David Tauben, MDBrett R Stacey, MD. Approach to the management of chronic non-cancer pain in adults. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate