Resumo sobre Osteoma: definição, classificação e mais!

Resumo sobre Osteoma: definição, classificação e mais!

E aí, doc! Bora mergulhar em mais um tema importante? Hoje o foco é o Osteoma, um tumor ósseo benigno que, apesar de assintomático na maioria dos casos, pode exigir atenção especial dependendo da localização e do impacto clínico.

O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e fornecer as informações essenciais para aprimorar seu raciocínio diagnóstico e conduta, tornando sua prática cada vez mais segura e eficiente.

Vamos nessa!

Definição de Tumores Benignos do Osso

Os tumores benignos do osso são neoplasias caracterizadas por um crescimento lento e controlado, sem capacidade de invadir tecidos adjacentes de forma agressiva ou gerar metástases. 

Esses tumores podem se originar a partir de diferentes tipos de tecido ósseo, cartilaginoso ou fibroso, apresentando-se como lesões bem delimitadas e, na maioria dos casos, assintomáticas. 

No entanto, dependendo da localização e do tamanho, podem causar dor, deformidades ósseas ou comprometer a função da área afetada. Alguns exemplos incluem o osteoma, o osteoblastoma, o condroma e o osteocondroma.

Osteoma

Um osteoma é uma lesão óssea benigna caracterizada pelo crescimento lento de osso compacto ou esponjoso. Esses tumores ocorrem predominantemente na região craniofacial, incluindo os seios paranasais, a mandíbula e outras áreas da cabeça e pescoço. Existem três tipos principais de osteomas: central, que se origina do endósteo; periférico, que se origina do periósteo; e osteoma de tecido mole extraesquelético.

Os osteomas são frequentemente assintomáticos e são descobertos incidentalmente durante exames radiológicos realizados por outros motivos médicos. No entanto, quando crescem extensivamente, podem causar problemas estéticos ou funcionais, como assimetria facial, disfunção da articulação temporomandibular ou obstrução das vias aéreas superiores. Radiograficamente, os osteomas aparecem como massas radiopacas bem circunscritas.

Principais tipos de osteoma

Embora seja uma condição rara, o osteoma pode ocorrer em diferentes partes do corpo, especialmente em ossos do crânio, maxilares e ossos longos. Sua principal característica é a formação de lesões de baixa agressividade, geralmente assintomáticas, mas que podem causar complicações em locais específicos, como compressão de estruturas adjacentes. Existem diferentes tipos de osteoma, que variam quanto à sua localização, morfologia e impacto clínico. Entre os principais, destacam-se:

Osteoma Clássico Convencional (“Exostose de Marfim”)

Este tipo de osteoma é caracterizado por um crescimento ósseo exofítico (para fora) na superfície de ossos, geralmente nos ossos de formação intramembranosa, como o crânio, maxilares e seios paranasais. 

O osteoma clássico convencional tem uma aparência marfim, com uma superfície densa e bem definida, e é considerado assintomático na maioria das vezes. Ele recebe o nome de “exostose de marfim” devido à sua semelhança com o marfim, em termos de cor e textura. 

Este tipo de osteoma cresce lentamente e raramente causa sintomas, mas em casos mais graves, pode levar a complicações como compressão de estruturas adjacentes, obstrução dos seios paranasais ou até dificuldades respiratórias.

Osteoma Paraosteal (Justacortical)

O osteoma paraosteal, também conhecido como justacortical, ocorre na superfície do osso, mais especificamente na camada cortical externa. Esse tipo de osteoma é mais comumente encontrado em ossos longos e chatos, como o fêmur, tíbia ou escápula. 

A lesão aparece como uma massa ossificada bem delimitada e sessil (com base larga), geralmente no periósteo, ou seja, na camada externa do osso. O osteoma paraosteal é denso e lobulado, e é importante diferenciá-lo do osteossarcoma paraosteal, uma forma de câncer ósseo, pois possui um crescimento menos agressivo e não apresenta características malignas.

Osteoma Medular (Enostose)

O osteoma medular, também chamado de enostose ou ilhota óssea, ocorre dentro do osso, na medula óssea, e é caracterizado pela presença de nódulos densos e bem delimitados. 

Geralmente, esses osteomas são assintomáticos e menores do que 2 cm. A enostose é considerada uma lesão hamartomatosa (benigna e não progressiva), embora, em alguns casos, possa aumentar de tamanho. 

Quando isso ocorre, é importante diferenciá-lo de outras lesões ósseas, como osteoblastomas ou osteossarcomas, que podem apresentar características semelhantes, mas com maior agressividade e potencial de metástase.

Incidência

A incidência do osteoma é bastante baixa, sendo estimada em 0,03% dos tumores ósseos primários. Por ser uma lesão geralmente assintomática, muitos casos passam despercebidos, o que contribui para a subnotificação e subdiagnóstico da condição. 

Embora o osteoma possa afetar indivíduos de qualquer faixa etária, ele apresenta uma maior prevalência no sexo feminino, com uma proporção de 2:1 em relação aos homens. Essa diferença pode estar relacionada a fatores hormonais ou a uma maior predisposição genética nas mulheres.

Além disso, em casos raros, o osteoma pode estar associado a condições genéticas, como a síndrome de Gardner, uma doença hereditária autossômica dominante. Indivíduos com essa síndrome apresentam múltiplos osteomas, geralmente localizados nos ossos do crânio, mandíbula e ossos longos. 

A síndrome de Gardner também é marcada pela presença de pólipos intestinais, fibromatose e cistos cutâneos, tornando-a uma condição mais complexa e com maior risco de complicações, como o câncer colorectal.

Principais locais acometidos

Os principais ossos acometidos pelo osteoma são aqueles de formação intramembranosa, ou seja, os ossos que se desenvolvem diretamente do tecido conjuntivo, sem passar por um estágio cartilaginoso. Os ossos mais frequentemente afetados incluem:

  • Crânio: O crânio é o local mais comum para o osteoma, especialmente em áreas como o frontal, parietal e occipital. O osteoma pode ser encontrado nas superfícies externas desses ossos e, embora geralmente assintomático, pode causar problemas se crescer o suficiente para afetar estruturas adjacentes, como os seios paranasais ou o cérebro.
  • Mandíbula: A mandíbula também é frequentemente acometida, com osteomas ocorrendo principalmente nas áreas posteriores. Esses osteomas podem levar a deformidades locais ou dificultar a função mastigatória, se crescerem de maneira significativa.
  • Seios Paranasais: Os seios paranasais, especialmente os seios frontais e etmoidais, são locais comuns para o desenvolvimento de osteomas. O crescimento desses osteomas pode causar obstrução dos seios, resultando em sintomas como dificuldades respiratórias, sinusite crônica ou dor facial.
  • Ossos Longos: Embora menos frequente, o osteoma pode ocorrer nos ossos longos, como o fêmur e a tíbia, em uma forma chamada osteoma paraosteal. Neste caso, a lesão geralmente se desenvolve na superfície cortical dos ossos, afetando a parte externa.
  • Maxilares: O osteoma também pode afetar os maxilares (superior e inferior), onde o crescimento da lesão pode interferir na estética facial ou até causar dificuldades na dentição.

Diagnóstico de Osteoma

O diagnóstico de osteoma é essencialmente realizado por meio de imagens radiográficas e análise histopatológica, complementados por outros métodos de imagem quando necessário. 

A abordagem diagnóstica envolve a identificação de características específicas, tanto na radiografia quanto no exame microscópico, além de se atentar para a diferenciação com outras condições semelhantes.

Diagnóstico por Imagem

Na radiografia, o osteoma se apresenta como uma lesão densa e opaca, bem delimitada, com contornos lobulados e geralmente com menos de 2 cm de diâmetro. Lesões de osteoma paraosteal, que acometem a superfície do osso, são geralmente maiores, mais alongadas e lobuladas. 

Este padrão radiográfico pode ser confundido com outras condições, como osteossarcoma paraosteal, osteocondroma séssil, miosite ossificante, displasia fibrosa calcificada e melorreostose, exigindo uma análise cuidadosa para diferenciar as lesões.

A tomografia computadorizada (TC) é frequentemente utilizada, pois oferece uma visão detalhada da localização, extensão e da relação da lesão com as estruturas vizinhas, o que é fundamental para a avaliação do impacto do osteoma, especialmente quando localizado em áreas como o crânio ou os ossos longos. A ressonância magnética (RM) e a cintilografia óssea também podem ser úteis em alguns casos para confirmar a natureza da lesão e avaliar sua relação com tecidos moles adjacentes.

Fonte: Ortopedia e traumatologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018

Aspectos Histopatológicos

Microscopicamente, o osteoma é caracterizado por tecido ósseo compacto e homogêneo, composto por trabéculas espessas de osso lamelar adulto. A massa óssea resultante é hipocelular, com uma estrutura densa semelhante ao osso cortical. 

Essa característica histológica ajuda a distinguir o osteoma de outras lesões ósseas, como as exostoses orais e os torus palatinos e mandibulares, que apesar de terem características histológicas semelhantes, são consideradas lesões reativas ou de desenvolvimento, não tumorais.

Diagnósticos diferenciais

Embora o osteoma seja uma lesão benigna, sua aparência radiográfica pode ser semelhante a outras condições, tornando o diagnóstico diferencial importante. Lesões inflamatórias e osteoblásticas, como a osteíte condensante, osteomielite esclerosante crônica focal e outras lesões ósseas reacionais, podem apresentar características radiográficas similares, especialmente em estágios mais avançados.

Tratamento do osteoma

O tratamento do osteoma depende principalmente de suas características clínicas, como o tamanho, a localização e a presença de sintomas. A maioria dos osteomas é assintomática e latente, não exigindo intervenção cirúrgica. 

Tratamento Conservador

Em lesões pequenas e assintomáticas, especialmente aquelas que se originam no endósteo, o tratamento cirúrgico não é necessário. Nesses casos, o acompanhamento periódico é fundamental para garantir que o osteoma não evolua, pois pode ocorrer um aumento de tamanho ou desenvolvimento de sintomas. O acompanhamento envolve, basicamente, a realização de exames de imagem para monitorar qualquer mudança na lesão.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico é indicado nos casos em que o osteoma é sintomático, causa deformidades estéticas ou leva à disfunção. Isso é mais comum quando o osteoma está localizado em áreas visíveis ou em locais como os seios da face, onde o crescimento da lesão pode resultar em obstrução e sintomas como dor ou dificuldade respiratória.

Em particular, para os osteomas paraosteais localizados em ossos longos, a cirurgia de ressecção marginal é frequentemente necessária. Nessa cirurgia, a lesão é removida, incluindo uma porção da cortical óssea, devido à dificuldade em diferenciá-la de outras lesões, como o osteossarcoma paraosteal, que exige diagnóstico definitivo por meio do estudo histopatológico da peça ressecada.

Além disso, osteomas que causam sintomas como dor ou dificuldades funcionais, como os osteomas com envolvimento condilar (na mandíbula), podem ser tratados com ressecção cirúrgica para aliviar os sintomas e restaurar a função.

Prognóstico

O prognóstico dos osteomas é geralmente bom, com raridade de recidiva local após a remoção cirúrgica. Embora o tratamento cirúrgico seja necessário apenas para casos específicos, o acompanhamento regular é essencial para garantir que não haja evolução indesejada da lesão.

De maneira geral, os osteomas não apresentam tendência para malignização e, portanto, não há risco significativo de transição para neoplasias malignas.

Veja também!

Referências 

MOTTA FILHO, Geraldo da Rocha; BARROS FILHO, Tarcisio Eloy Pessoa de. Ortopedia e traumatologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.

REBOUÇAS, Deyvid Silva et al. Abordagem cirúrgica de osteoma em osso frontal: relato de caso. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, v. 14, n. 3, Camaragibe, jul./set. 2014.

Randall W Burt, MD. Gardner syndrome. UpToDate, 2025. Disponível em: UpToDate

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