E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre Presbiopia, um erro de refração ocular que acontece com o avanço da idade.
O Estratégia MED está pronto para te apresentar mais um conceito, que será valioso para a sua formação médica.
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Definição de Presbiopia
Presbiopia é um tipo de erro refrativo relacionado à perda gradual da capacidade de acomodação do cristalino, que ocorre naturalmente com o envelhecimento. Na juventude, o cristalino é flexível e pode ajustar sua curvatura para focar em objetos próximos, graças à contração do músculo ciliar.
No entanto, com o passar do tempo, o cristalino perde sua elasticidade, tornando-se menos capaz de se curvar adequadamente. Isso resulta na dificuldade em focar em objetos próximos, como material de leitura, caracterizando a presbiopia. Geralmente, essa condição se torna perceptível por volta dos 40 anos e continua a progredir até cerca dos 65 anos.
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Função do Cristalino
O cristalino, uma parte essencial do olho que contribui com cerca de um terço de seu poder refrativo, desempenha um papel crucial na capacidade do olho de ajustar o foco. Quando precisamos ver objetos próximos, os músculos ciliares trabalham para mudar a forma do cristalino, tornando-o mais arredondado e, consequentemente, mais eficaz em focalizar esses objetos. Na juventude, o cristalino de uma pessoa pode ter uma capacidade de foco superior a 10 dioptrias.
A presbiopia, que geralmente se manifesta por volta dos 40 anos de idade e pode ser influenciada por fatores ambientais como temperatura, é essencialmente a perda da capacidade do olho de focar objetos de perto devido ao endurecimento natural do cristalino com o envelhecimento.
Estudos em andamento que visam modificar o colágeno rígido presente no cristalino oferecem novas perspectivas para o tratamento da presbiopia. Quando o olho não consegue mais se ajustar para visualizar objetos de perto, são prescritas lentes positivas de 1,5 a 3 dioptrias para corrigir esse problema.
O cristalino também desempenha um papel na dispersão e absorção da luz. Por exemplo, enquanto um cristalino normal de 20 anos dispersa cerca de 20% da luz incidente, esse valor mais do que dobra em cristalinos de 60 anos. A absorção de luz azul também aumenta com a idade, afetando sutilmente a percepção de cores e a sensibilidade ao contraste.
A capacidade de acomodação do olho envolve uma interação complexa entre os músculos ciliares e o cristalino. Conforme um objeto se aproxima do olho, o músculo ciliar contrai, levando ao relaxamento dos ligamentos suspensórios do cristalino, o que o torna mais convexo e aumenta seu poder refrativo. No entanto, os detalhes exatos desse mecanismo ainda estão sendo investigados.
Além disso, a amplitude de acomodação, que é a diferença entre a capacidade de foco do olho em repouso e em máxima acomodação, pode ser medida para avaliar a saúde ocular e a capacidade de ajuste do foco do cristalino.
Manifestações clínicas da Presbiopia
Um dos sintomas mais comuns da presbiopia é a visão desfocada de perto e em distâncias intermediárias. Isso significa que os pacientes têm dificuldade em focar em objetos próximos, como letras pequenas em um livro ou tela de celular, resultando em uma visão embaçada tanto de perto quanto em distâncias intermediárias.
Essa dificuldade em focalizar objetos próximos também pode levar a problemas como a dificuldade em enxergar letras pequenas. Ler textos pequenos pode se tornar uma tarefa árdua e frustrante para os pacientes presbiópicos, pois eles lutam para focalizar adequadamente o texto, o que pode causar desconforto e até mesmo dor de cabeça devido ao esforço ocular extra necessário.
Muitos pacientes presbiópicos relatam ardor nos olhos, especialmente durante períodos prolongados de atividade visual, como a leitura. O esforço ocular adicional necessário para tentar compensar a dificuldade de foco pode levar a sensações de ardor ou desconforto nos olhos, contribuindo para o desconforto associado à presbiopia.
Outro sintoma comum é a necessidade de se afastar para conseguir ler com mais clareza. Os pacientes podem perceber que precisam aumentar a distância entre os olhos e o objeto para conseguir focalizá-lo adequadamente, buscando uma distância que permita uma visão mais nítida.
Por fim, também pode causar cansaço nos olhos, especialmente após períodos prolongados de atividade visual intensa. O esforço prolongado para focalizar objetos próximos pode causar fadiga ocular, resultando em sensação de cansaço nos olhos e até mesmo diminuição da eficiência visual ao longo do dia.
Diagnóstico de Presbiopia
Para medir a capacidade de acomodação do olho, há duas abordagens comuns: a determinação da amplitude acomodativa e a avaliação do intervalo acomodativo. Em todos os testes, é crucial corrigir qualquer erro refrativo para garantir que o olho esteja em uma condição emétrica quando focalizando objetos distantes.
Existem três métodos principais para calcular a amplitude acomodativa:
- Método do ponto próximo: um objeto é movido em direção ao olho até que fique desfocado, e a distância em que isso ocorre é registrada como o ponto próximo de acomodação. A amplitude acomodativa é então calculada como o inverso dessa distância. Por exemplo, se o objeto ficar desfocado a 25 cm, a amplitude acomodativa seria de +4,00 dioptrias (D).
- Utilização da régua de Prince: uma régua com uma escala combinada com um acréscimo de +3,00 D para visão de perto é usada para determinar a amplitude acomodativa. O objeto na régua é movido em direção ao olho até que fique desfocado, e a distância é então convertida em dioptrias de amplitude acomodativa, levando em conta o acréscimo de +3,00 D.
- Método das lentes negativas: lentes de dioptrias negativas são utilizadas em combinação com um objeto distante. Gradualmente, mais lentes negativas são adicionadas até que o indivíduo não consiga mais superá-las com acomodação. A quantidade de dioptrias negativas que não pode ser superada representa a amplitude acomodativa.
A amplitude acomodativa refere-se ao intervalo de distâncias em que um objeto pode ser claramente visto usando a capacidade de acomodação do olho. Geralmente, é expressa sem correção para emetropia. Por exemplo, uma pessoa com hipermetropia de +2,00 D e uma amplitude acomodativa de +4,00 D teria um intervalo de visão claro de infinito a 50 cm, enquanto alguém com miopia de -2,00 D e uma amplitude similar teria um intervalo acomodativo de 50 cm a 17 cm.
Tratamento de Presbiopia
O tratamento da presbiopia geralmente envolve o uso de lentes positivas para tarefas de perto, seja em óculos bifocais ou de leitura. Existem diversos métodos para determinar a adição correta. Problemas comumente encontrados na prescrição de adições para leitura resultam de uma correção excessiva para visão próxima.
Para obter melhores resultados, é recomendado corrigir a emetropia e utilizar armações de prova, em vez do foróptero, para determinar a adição apropriada. Além disso, lentes intraoculares multifocais e a técnica de monovisão também são opções de tratamento para a presbiopia. Para casos de perda de acomodação adquirida, o tratamento segue princípios semelhantes.
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Referências
Shahzad I Mian, MD. Visual impairment in adults: Refractive disorders and presbyopia. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate
YANOFF, Myron; DUKER, Jay S. Oftalmologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.