Quer saber mais sobre o transtorno de pânico? O Estratégia MED separou as principais informações sobre o assunto para você. Vamos lá!
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O que é ansiedade
Ansiedade pode ser entendida como um estado emocional com componente motivacional negativo, ou seja, desfavorável. Apesar da grande maioria dos indivíduos apresentarem características e queixas típicas, os transtornos de ansiedade devem ser investigados, diagnosticados e tratados individualmente. Pacientes com algum transtorno de ansiedade apresentam, frequentemente, queixas a respeito do seu bem-estar mental que pode estar sendo influenciado por algum desconforto, temores desproporcionais, inquietação interna, preocupação exagerada sobre situações cotidianas ou sobre o futuro que acaba por ser incapacitante. Normalmente, a ansiedade apresenta consequência clínica, quando o corpo demonstra alguns sinais principais, como boca seca, tontura, taquicardia, aperto no peito, calafrio, sudorese, cólica abdominal, tremor, sensação de vazio no estômago e urgência para urinar. Já foi descrito pela literatura que essa situação pode ser descrita como conflito entre o desejo de gratificação e o medo que faz o indivíduo evitar o risco necessário.
Existem alguns transtornos ansiosos com suas especificidades em relação à manifestação clínica, às ferramentas diagnósticas preconizadas (principalmente de acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders-5, ou DSM-5) e aos tratamentos indicados, os principais são: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, transtorno de estresse pós-traumático e as fobias.
O transtorno de pânico
Sua ocorrência é marcada por recorrentes ataques de pânico acompanhados de suas consequências psicossociais para a vida do indivíduo. Esse transtorno normalmente se manifesta na adolescência e início da vida adulta com distribuição modal entre 15 e 24 anos de idade. As mulheres são, pelo menos, duas vezes mais acometidas do que os homens. Estudos feitos no Brasil mostraram uma prevalência de 1,6% para transtorno de pânico durante a vida, prevalência que, para os últimos 12 meses, assume o valor de 1,1%.
Ataque de pânico
O ataque de pânico é um evento que pode estar presente na manifestação clínica de outros transtornos mentais, inclusive daqueles classificados como transtornos ansiosos. Geralmente, pacientes que já passaram por uma situação de ataque de pânico tendem a apresentar considerável mudança de sociabilidade, principalmente, pelo medo ou receio de passarem por isso novamente em público.
Para a descrição e identificação de um ataque de pânico, o DSM-5 postula alguns critérios obrigatórios. Assim, é necessário que haja um momento distinto de temor exagerado ou sensação de desconforto que alcança um pico em poucos minutos, durante esse período, devem estar presentes 4 ou mais dos seguintes sintomas:
- Sudorese;
- Palpitação ou taquicardia;
- Abalos ou tremores;
- Sensação de asfixia;
- Sensação de falta de ar, sufocamento ou dispneia;
- Desconforto ou dor torácica;
- Náusea ou desconforto na região abdominal;
- Sensação de calafrios ou ondas de calor;
- Sensação de instabilidade, vertigem, desmaio ou tontura;
- Medo de morrer;
- Medo de enlouquecer ou perder o controle da situação;
- Parestesia; e
- Despersonalização (estar distante de si) ou desrealização, descrita como sensação de irrealidade ou de estranhamento.
Como já mencionado, a ocorrência de um ataque de pânico não é patognomônico para o diagnóstico de transtorno de pânico, já que outros transtornos podem cursar com tal achado. Mas, a identificação de um ataque de pânico deve funcionar como um sinalizador para maiores investigações e, muitas vezes, é um fator especificador como em um transtorno de ansiedade generalizada com ocorrências de ataques de pânico.
Sintomas
No quadro de transtorno de pânico, o paciente apresenta ataques inesperados e recorrentes. Tais eventos são caracterizados por crises súbitas de sintomas intensos de ansiedade que atingem o pico em um intervalo curto de tempo, normalmente poucos minutos. Os sinais físicos frequentemente relacionados são palpitação, tremor, parestesia e dispneia, enquanto os cognitivos costumam ser medo de desmaiar, enlouquecer ou de ter um ataque cardíaco. Importante mencionar que, após o primeiro ataque, o paciente costuma relatar preocupação sobre a possibilidade de sofrer nova crise, o que pode influenciar sua forma de viver. Outros sintomas também podem estar presentes, como:
- Formigamento;
- Sensação de pernas bambas;
- Aperto no peito, o que pode desencadear sensação de afogamento ou falta de ar;
- Palidez imediata; e
- Tontura.
Diagnóstico
Primeiramente, é importante mencionar que o transtorno de pânico foi separado da agorafobia para fins diagnósticos. Atualmente, segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos necessários para o diagnóstico de transtorno de pânico são:
- Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Situação intensa que precisa apresentar, pelo menos, 4 dos seguintes sinais:
- Palpitação ou taquicardia;
- Sudorese;
- Tremores ou abalos;
- Sensação de sufocamento ou queixa de dispneia;
- Sensação de asfixia;
- Desconforto ou dor torácica;
- Desconforto abdominal que pode estar relacionada à náusea;
- Sensação de desmaio, vertigem, tontura ou instabilidade;
- Sensação de calafrio;
- Despersonalização ou parestesia;
- Medo de enlouquecer ou de perder o controle; e
- Medo de perder a vida.
- No mínimo, um ataque foi seguido de um ou dois dos seguintes critérios, por mais de 1 mês:
- Alteração comportamental significativa e desadaptativa relacionada ao ataque. Normalmente o paciente passa a evitar situações desconhecidas com medo de outro ataque; e
- Preocupação constante pela possibilidade de ter outros ataques ou medo de suas consequências.
- O quadro não pode ser atribuído a possíveis alterações da fisiologia corporal como hipertireoidismo, intoxicação farmacológica ou abuso de substâncias psicoativas; e
- Os sintomas não podem ser melhor explicados por outro transtorno mental. Dentro disso é importante mencionar que em muitas situações da vida do paciente, um período de maior ansiedade pode ser esperado. Dessa forma, em alguns casos, os sintomas podem ser melhor explicados por situações de caráter passageiro que influenciam a vida do paciente e o médico psiquiatra deve saber avaliar o grau patológico da situação.
Tratamento do transtorno do pânico
O foco do tratamento do transtorno de pânico não deve ser apenas evitar eventuais ataques futuros, mas controlar toda a carga emocional decorrente deles, como estado de hipervigilância, ansiedade antecipatória e esquiva fóbica a situações e/ou locais.
A principal classe de drogas utilizadas são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), principalmente por apresentar menor índice de efeitos colaterais importantes, além de apresentarem uma segurança mais alta para casos de superdosagem, o que eventualmente pode ocorrer em pacientes acometidos por transtornos mentais, sendo uma vantagem importante desta classe de fármacos. Ao contrário dos pacientes com transtorno de ansiedade generalizada, indivíduos com transtorno de pânico são mais vulneráveis a apresentar a hiperexcitação inicial decorrente do uso de ISRSs, situação que deve ser explicada e avaliada pelo médico responsável. As principais drogas utilizadas são:
- Paroxetina, na posologia de 20 mg ao dia, podendo chegar a 40 mg/dia no máximo;
- Fluoxetina, que deve ser administrada na dose de 20 mg ao dia; e
- Sertralina.
A proposta de tratamento farmacológico deve ser mantida por, pelo menos, um ano. De forma semelhante ao que acontece em outros transtornos ansiosos, os benzodiazepínicos podem ser utilizados no início do tratamento com parcimônia, principalmente pelo fato de apresentarem efeito mais rapidamente. Desse modo, uma abordagem interessante é administração concomitante das duas classes de drogas com posterior retirada do benzodiazepínico quando o antidepressivo passar a apresentar efeito.
Para alguns pacientes, a mirtazapina ou a reboxetina, antidepressivos de caráter mais noradrenérgicos, podem ser consideradas, assim como os ISRNs, respeitando o perfil de efeitos colaterais possíveis. Antidepressivos tricíclicos, como clomipramina (na dose de 12,5 a 25 mg/dia) e imipramina, são considerados eficazes apesar da grande variedade de efeitos colaterais possíveis, assim como a tranilcipromina (um IMAO irreversível).
Além do tratamento farmacológico proposto, a utilização de métodos de psicoterapia mostrou importantes resultados, dessa forma, o mais indicado é que seja feita associação entre drogas e terapias. As principais abordagens não farmacológicas disponíveis são a terapia de exposição, quando o paciente confronta o que teme, e a terapia cognitivo-comportamental.
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