Olá, querido doutor e doutora! O HEMORR₂HAGES é um escore voltado para a avaliação estruturada do risco de sangramento em pacientes candidatos à anticoagulação. Ele reúne múltiplos fatores clínicos associados a eventos hemorrágicos, permitindo uma análise individualizada antes de iniciar ou manter terapias antitrombóticas.
A progressão do escore está diretamente relacionada ao aumento da taxa anual de sangramento, conforme observado nas coortes avaliadas.
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O que é o Escore HEMORR₂HAGES
O HEMORR₂HAGES é um escore clínico desenvolvido para estimar o risco de hemorragia em pacientes com fibrilação atrial submetidos a terapias antitrombóticas. Ele reúne múltiplos fatores clínicos associados a sangramento, permitindo identificar pacientes com maior vulnerabilidade hemorrágica antes de iniciar ou manter anticoagulação.
O escore foi construído a partir de dados de diversas coortes e inclui condições médicas, histórico hemorrágico e características relacionadas à fragilidade, estruturando uma avaliação objetiva, prática e aplicável em diferentes cenários clínicos.
Componentes do HEMORR₂HAGES
O escore reúne fatores clínicos associados a risco aumentado de sangramento, cada um contribuindo para a soma. Os componentes são:
| Componente | Critério clínico | Pontuação |
| Hepatopatia ou nefropatia | Doença hepática crônica ou comprometimento renal relevante | 1 ponto |
| Etilismo | Consumo abusivo de álcool ou diagnóstico relacionado ao uso nocivo | 1 ponto |
| Malignidade | Neoplasia ativa ou em tratamento | 1 ponto |
| Idade maior que 75 anos | Paciente com idade acima de 75 anos | 1 ponto |
| Redução da contagem ou função plaquetária | Trombocitopenia, discrasias ou uso de fármacos com efeito antiplaquetário | 1 ponto |
| Sangramento | História prévia de sangramento significativo | 2 pontos |
| Hipertensão não controlada | Pressão arterial persistentemente elevada sem controle adequado | 1 ponto |
| Anemia | Hemoglobina reduzida ou quadro anêmico documentado | 1 ponto |
| Fatores genéticos | Alterações conhecidas que aumentam sensibilidade à anticoagulação | 1 ponto |
| Risco aumentado de quedas | Condições neurológicas, cognitivas ou motoras que elevam probabilidade de quedas | 1 ponto |
| Acidente vascular cerebral prévio | Episódio anterior de AVC | 1 ponto |
Sistema de pontuação
- Cada componente adiciona 1 ponto, com exceção do item Sangramento, que soma 2 pontos.
- 0 pontos: risco estimado de cerca de 1.9 sangramentos por 100 pacientes por ano.
- 1 ponto: risco aproximado de 2.5 sangramentos por 100 pacientes por ano.
- 2 pontos: risco ao redor de 5.3 sangramentos por 100 pacientes por ano.
- 3 pontos: risco próximo de 8.4 sangramentos por 100 pacientes por ano.
- 4 pontos: risco estimado de 10.4 sangramentos por 100 pacientes por ano.
- 5 pontos ou mais: risco que pode atingir 12.3 sangramentos por 100 pacientes por ano.
Indicações de uso
O HEMORR₂HAGES é indicado para estimar o risco de sangramento em pacientes com fibrilação atrial que serão avaliados para anticoagulação oral. O escore auxilia na identificação de indivíduos com maior predisposição a eventos hemorrágicos, permitindo ajustar intensidade do acompanhamento, planejar estratégias de redução de risco e ponderar alternativas terapêuticas quando o risco supera o benefício esperado.
Ele é especialmente útil em pacientes idosos, portadores de múltiplas comorbidades ou com histórico de sangramento, orientando decisões clínicas em situações em que a anticoagulação pode gerar dúvidas. Também pode ser aplicado no acompanhamento longitudinal, ajudando a monitorar mudanças no perfil hemorrágico do paciente ao longo do tempo.
Limitações
O HEMORR₂HAGES possui algumas restrições importantes que precisam ser consideradas antes de sua aplicação. O escore foi construído a partir de populações específicas e pode apresentar desempenho reduzido em grupos diferentes daqueles avaliados originalmente, especialmente pacientes mais jovens ou com perfis clínicos distintos.
Alguns componentes, como fatores genéticos ou alterações plaquetárias, podem não estar disponíveis na rotina assistencial, limitando a aplicação completa do modelo. Além disso, o escore tende a classificar um número elevado de pacientes como alto risco, o que pode levar a uma cautela excessiva na prescrição de anticoagulação, mesmo em indivíduos que poderiam se beneficiar do tratamento.
Também deve ser lembrado que estudos posteriores mostraram capacidade preditiva apenas moderada quando comparado a outros modelos mais recentes, reforçando a necessidade de interpretar seus resultados dentro do contexto clínico individual, evitando decisões baseadas exclusivamente na pontuação obtida.
Considerações práticas na avaliação de risco hemorrágico
Na prática clínica, o HEMORR₂HAGES deve ser visto como uma ferramenta de estratificação de risco, e não como um filtro automático para contra indicar anticoagulação. Em pacientes com fibrilação atrial, a pontuação precisa ser interpretada em conjunto com a estimativa de risco tromboembólico, lembrando que muitos indivíduos com alto risco de sangramento também apresentam alto risco de AVC e continuam se beneficiando da anticoagulação, desde que recebam seguimento mais rigoroso.
É útil incorporar o escore à rotina em momentos chave, como início de anticoagulação, reavaliação após sangramento, queda recente ou surgimento de novas comorbidades. Pacientes com pontuações mais altas se beneficiam de estratégias sistemáticas de redução de risco, como controle rigoroso da pressão arterial, revisão de fármacos que aumentam sangramento (antiagregantes, AINEs), correção de anemia e otimização de função renal e hepática sempre que possível. A identificação de risco aumentado de quedas, etilismo ou fragilidade cognitiva deve motivar intervenções multidisciplinares, e não apenas a suspensão do anticoagulante.
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Referências Bibliográficas
- GAGE, Brian F. et al. Clinical classification schemes for predicting hemorrhage: Results from the National Registry of Atrial Fibrillation (NRAF). American Heart Journal, v. 151, n. 3, p. 713-719, 2006.
- APOSTOLAKIS, Stavros et al. Performance of the HEMORR2HAGES, ATRIA, and HAS-BLED bleeding risk–prediction scores in patients with atrial fibrillation undergoing anticoagulation. Journal of the American College of Cardiology, v. 60, n. 9, p. 861-867, 2012.



