Resumo sobre espirometria: indicações, aspectos técnicos e mais!

Resumo sobre espirometria: indicações, aspectos técnicos e mais!

Visão geral

A espirometria é uma ferramenta para testar função pulmonar mais prontamente disponível e útil, de pacientes com sintomas respiratórios gerais, através da mensuração do volume de ar expirado em pontos de tempo específicos durante uma expiração forte e completa após uma inspiração máxima. 

Indicações 

É de grande utilidade para avaliar sintomas respiratórios gerais para diagnóstico, definição de gravidade, prognóstico e planejamento terapêutico. As indicações incluem: 

  • Avaliação diagnóstica de sintomas como tosse crônica persistente, sibilância, dispneia e tosse ou dor torácica por esforço
  • Screening em pacientes em pacientes tabagistas de longa data
  • Seguimento de doenças obstrutivas e restritivas
  • Avaliar resposta a terapia broncodilatadora 
  • Avaliação dos efeitos da exposição a poeiras ou produtos químicos no trabalho
  • Avaliação de risco de pacientes antes de cirurgia torácica ou abdominal alta
  • Monitoramento do curso da doença e resposta à terapia

Em relação a doenças pulmonares, a espirometria é um teste diagnóstico auxiliar para asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) quando realizada antes e após o broncodilatador. 

Também é usado para monitorar um amplo espectro de doenças respiratórias, incluindo asma, DPOC, doença pulmonar intersticial e doenças neuromusculares que afetam os músculos respiratórios.

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Características da espirometria

A espirometria mede o volume e os fluxos aéreos derivados de manobras inspiratórias e expiratórias máximas forçadas ou lentas, nos fornecendo parâmetros para elucidação diagnóstica, sendo eles:

  • Capacidade pulmonar total (CPT): a quantidade de ar nos pulmões após uma inspiração máxima. 
  • Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): representa o volume de ar exalado no primeiro segundo durante a manobra de CVF. 
  • Capacidade vital forçada (CVF): representa o maior volume de ar mobilizado em uma expiração através de manobras forçadas
  • Relação VEF1 /CVF: É medido a partir da razão entre volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade vital, sendo muito importante para diferenciação entre distúrbios obstrutivos e restritivos. O valor normal deve estar acima do limite de inferioridade ou 0,7. 
  • Volume expiratório forçado em seis segundos (VEF6): às vezes é usado como substituto da CVF. O VEF6  tem a vantagem de ser mais reprodutível que a CVF e menos exigente fisicamente para o paciente.
  • Capacidade vital lenta (CVL): pode ser medida como a quantidade máxima de ar exalado em uma expiração relaxada desde a inspiração total até o volume residual, sendo que a expiração deve ser encerrada após 15 segundos. 
  • Fluxo expiratório forçado intermediário (FEF 25-75%): representa o fluxo expiratório na faixa intermediária entre 25 e 75% da CVF. 
  • Pico de fluxo expiratório (PFE): representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF. 

#Ponto importante: Nenhum outro parâmetro se mostrou tão confiável quanto o índice obtido pela razão relação VEF1 /CVF para doenças obstrutivas. 

Crédito: Pereira CAC. Rev Bras Med Trab, 2004.

Procedimento

  1. Deve ser explicado o exame ao paciente e informados de que algumas manobras podem ser desconfortáveis. 
  2. A tarefa mais importante do técnico que executa o teste é obter esforços máximos e reprodutíveis do paciente. 
  3. É indicado realizar oclusão das narinas que ajudam a prevenir o vazamento de ar pelas, embora a espirometria possa ser realizada sem oclusão nasal.  
  4. Imediatamente após a inspiração profunda, o bocal é colocado dentro da boca entre os dentes. Os lábios devem ser bem fechados ao redor do bocal para evitar vazamento de ar durante a expiração forçada máxima.
  5. O paciente deve então ser instruído a soprar o ar sem hesitação (dentro de dois segundos após atingir a inflação total). A expiração deve durar até atingir um platô no volume expirado, ou no máximo 15 segundos. No entanto, se estiver medindo o VEF 6 segundo como um substituto para a CVF, a expiração precisa durar pelo menos seis segundos. 
  6. Para avaliar completamente os loops fluxo-volume, é necessário realizar uma manobra inspiratória completa ao final do teste. A inspiração máxima no final do teste requer treinamento vigoroso para alcançar resultados de boa qualidade.  

Análise dos parâmetros da espirometria 

O primeiro aspecto a ser analisado é a relação VEF1/CVF. Se esta relação estiver normal e os valores VEF1 e CVF isolados acima do limite de inferioridade ou 80%, o teste é considerado normal. 

Se a relação VEF1/CVF abaixo do limite inferior de normalidade ou abaixo de 0,7, estamos diante de um distúrbio ventilatório obstrutivo, caracterizado por redução do fluxo expiratório em relação ao volume pulmonar expirado (VEF1 /CVF). As principais doenças representadas neste grupo são asma e DPOC. 

O distúrbio obstrutivo pode ser classificado em gravidade a partir do VEF1 (%) pré-broncodilatador em:

  • > 60% = leve
  • 41 a 59% = moderado
  • menor ou igual a 40% = grave 
Curva fluxo-volume com formato predito de normalidade (pontilhado) e limitação ao fluxo aéreo obstrutivo com uma concavidade na alça expiratória. Crédito: Trindade AM, Sousa TLF, Albuquerque ALP, 2015. 

Se a relação VEF1/CVF normal, deve ser analisado o VEF1 e CVF separadamente. Se o VEF1 estiver normal, mas CVF abaixo de 50%, é caracterizado como distúrbio ventilatório restritivo, definido como a redução da capacidade pulmonar total e a manutenção da relação VEF1/CVF normal ou aumentada. As doenças pulmonares intersticiais são as principais causas de restrição pulmonar. 

O distúrbio restritivo também pode ser classificado em gravidade, mas agora a partir do CVF (%) pré-broncodilatador em:

  • > 60% = leve
  • 51 a 59% = moderado
  • menor ou igual a 50% = acentuado
Curva Fluxo x Volume com diminuição da CV abaixo de 50% do previsto em caso de restrição extratorácica por deformidade importante de caixa torácica. Crédito: Trindade AM, Sousa TLF, Albuquerque ALP, 2015. 

Por mais que o diagnóstico de asma seja baseado em critérios clínicos,  a espirometria se confirma através do aumento de VEF1 após uso de broncodilatador. Os valores para o teste ser considerado com resposta positiva ao broncodilatador varia a depender da diretriz seguida:

  • Sociedade Brasileira de pneumologia e tisiologia: O incremento de 200ml ou 7% no VEF1 após prova broncodilatadora em relação aos valores de VEF1 pré-BD. 
  • Sociedade Torácica Americana (ATS): O incremento de 200ml ou 7% no VEF1 após prova broncodilatadora em relação aos valores de VEF1 predito.  

No caso da DPOC, a espirometria é marcada por uma obstrução fixa, ou seja, relação VEF1/CVF <0,7 mesmo após broncodilatador.  

Nas doenças pulmonares intersticiais, como na fibrose pulmonar intersticial, possuem um recolhimento elástico muito aumentado e o FEF 25-75% é elevado. Já nos processos de causa extrapulmonar, não há aumento dos fluxos expiratórios intermediários. 

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Veja também:

Referências bibliográficas: 

  • Trindade AM, Sousa TLF, Albuquerque ALP. A interpretação da espirometria na prática pneumológica: até onde podemos avançar com o uso dos seus parâmetros?Pulmão RJ 2015; Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-764757
  • Pereira CAC, Neder JA. Diretrizes para Testes de Função Pulmonar. J Pneumol. 2002; 28 (Supl 3):1-238.
  • Global Strategy for the Diagnosis, Management and Prevention of COPD, Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) 2014. Atualizado Outubro 2014. www.goldcopd.com
  • Global Strategy for Asthma Management and Prevention, Global Initiative for Asthma (GINA) 2014. Atualizado Outubro 2014. www.ginasthma.org
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
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