Nervos Cranianos: anatomia, funções e mais!

Nervos Cranianos: anatomia, funções e mais!

Conheça a anatomia e as principais funções dos 12 pares de nervos cranianos, essenciais para o funcionamento do corpo humano.

Os nervos cranianos desempenham um papel vital nas funções sensoriais e motoras do corpo humano, conectando diretamente várias partes do encéfalo com diversas regiões da cabeça e do pescoço. Composta por 12 pares, essa rede intrincada de nervos é fundamental para processos como olfato, visão, audição, controle muscular e muito mais. 

Conhecer a anatomia e as funções dos nervos cranianos é essencial para compreender como o corpo processa informações sensoriais e coordena ações motoras, um conhecimento indispensável para estudantes de medicina e áreas afins.

Classificações dos nervos cranianos

Classificação pelas Informações Transmitidas

Os estímulos e respostas transportados pelos nervos cranianos podem ser divididos em quatro tipos primários:

  1. Especiais: Estão relacionados aos sentidos especiais, como visão, olfato, paladar, tato e audição.
  2. Somáticas: Derivam-se da pele e dos músculos esqueléticos, responsáveis principalmente pela propriocepção e sensações somáticas.
  3. Viscerais: Envolvem os estímulos originados dos órgãos internos ou direcionados a eles, coordenando funções vitais autônomas.
  4. Gerais: Correspondem aos estímulos provenientes dos exteroceptores e proprioceptores, como toque, dor e temperatura.

Classificação pela Função

A funcionalidade dos nervos cranianos é outra maneira de classificá-los, determinada pela direção da transmissão dos impulsos:

  1. Eferentes/Motores: Estes nervos enviam comandos do sistema nervoso central para os músculos e glândulas. Exemplos incluem o nervo oculomotor e o nervo hipoglosso.
  2. Aferentes/Sensitivos: Estes nervos conduzem informações sensoriais do corpo para o sistema nervoso central. Um exemplo clássico é o nervo óptico.
  3. Mistos: Contêm tanto fibras motoras quanto sensoriais, permitindo a comunicação bidirecional entre o sistema nervoso central e as regiões alvo. O nervo trigêmeo é um exemplo de nervo misto.

Classificação Morfológica

Os nervos cranianos também podem ser classificados de acordo com sua estrutura e a composição de suas fibras:

  1. Nervos Somáticos: Estes nervos são responsáveis principalmente por interações com os músculos esqueléticos e a pele.
  2. Nervos Viscerais: Associados aos órgãos internos, desempenham um papel importante na regulação autônoma das funções corporais.
  3. Nervos Combinados: Integram funções sensoriais e motoras, frequentemente encontradas em nervos mistos.

Exemplo de Aplicação

Para ilustrar melhor, considere o nervo trigêmeo (V), pertencente à categoria dos nervos mistos. Ele possui três ramos principais — oftálmico, maxilar e mandibular — cada um desempenhando funções sensitivas e motoras únicas. Enquanto suas fibras aferentes transmitem sensações de dor e temperatura da face, suas fibras eferentes controlam os músculos da mastigação.

Importância Clínica

A classificação dos nervos cranianos é vital não apenas para a compreensão acadêmica, mas também para a prática clínica. Identificar se um nervo é motor, sensitivo ou misto permite uma abordagem mais precisa no diagnóstico e tratamento de condições neurológicas. Por exemplo, uma lesão no nervo facial (VII), um nervo misto, pode resultar tanto em perda de expressão facial quanto em disfunções no paladar.

Anatomia dos Nervos Cranianos

Origem e Emergência dos Nervos Cranianos

Os nervos cranianos emergem de forames e fissuras cranianas e são originados em núcleos específicos localizados no cérebro e no tronco encefálico. Cada nervo craniano tem:

  • Origem real: a partir do núcleo onde suas fibras se originam.
  • Origem aparente: ponto onde as fibras aparecem no sistema nervoso.
  • Origem óssea: passagem pelos forames cranianos.

Esses núcleos estão dispostos em colunas verticais ao longo do tronco encefálico e correspondem à substância cinzenta da medula espinhal. As fibras corticonucleares conectam esses núcleos ao córtex cerebral.

Principais Núcleos e Trajetos

O conhecimento da origem e do trajeto específico de cada nervo craniano é essencial para entender suas funções e possíveis patologias associadas.

Nervo Olfatório (I)

  • Função: Exclusivamente sensitivo, responsável pelo olfato.
  • Origem óssea: Lâmina crivosa do osso etmoide.
  • Origem encefálica: Bulbo olfatório.
  • Núcleo: Núcleo olfatório anterior.

Nervo Óptico (II)

  • Função: Exclusivamente sensitivo, essencial para a visão.
  • Origem óssea: Canal óptico.
  • Origem encefálica: Quiasma óptico.
  • Núcleo: Núcleo geniculado lateral.

Nervo Oculomotor (III)

  • Função: Motor somático e visceral, controla a maioria dos músculos extraoculares.
  • Origem óssea: Fissura orbital superior.
  • Origem encefálica: Sulco medial do pedúnculo cerebral.
  • Núcleos: Núcleo oculomotor e Edinger-Westphal.

Nervo Troclear (IV)

  • Função: Exclusivamente motor, responsável pelo movimento de adução, depressão e rotação medial do olho.
  • Origem óssea: Fissura orbital superior.
  • Origem encefálica: Véu medular superior.
  • Núcleo: Ao nível do colículo inferior do tronco cerebral.

Nervo Trigêmeo (V)

  • Função: Misto, sensitivo e motor. Inerva a face, couro cabeludo, língua, músculos da mastigação.
  • Origem óssea: Cada um dos ramos possui uma emergência, como a fissura orbital superior, forame redondo e oval.
  • Origem encefálica: Entre a ponte e o pedúnculo cerebral médio.
  • Núcleos: Diversos ao longo do tronco encefálico e medula espinhal superior.

Nervo Abducente (VI)

  • Função: Exclusivamente motor, realiza a abdução do olho.
  • Origem óssea: Fissura orbital superior.
  • Origem encefálica: Sulco bulbo pontino.

Nervo Facial (VII)

  • Função: Misto, controla músculos faciais e glândulas salivares e lacrimais.
  • Origem óssea: Forame estilomastoideo.
  • Origem encefálica: Sulco bulbo pontino.
  • Núcleos: Lacrimal, motor, salivatório superior, e núcleo do trato solitário.

Nervo Vestíbulo-coclear (VIII)

  • Função: Exclusivamente sensitivo, responsável pela audição e equilíbrio.
  • Origem óssea: Meato acústico interno.
  • Origem encefálica: Sulco bulbo pontino.
  • Núcleos: Vestibular e coclear.

Nervo Glossofaríngeo (IX)

  • Função: Misto, envolve a inervação parassimpática e sensitiva da língua e faringe.
  • Origem óssea: Forame jugular.
  • Origem encefálica: Sulco lateral posterior.
  • Núcleos: Ambíguo, salivatório inferior, e núcleo solitário.

Nervo Vago (X)

  • Função: Misto, maior nervo craniano com vasta inervação visceral.
  • Origem óssea: Forame jugular.
  • Origem encefálica: Sulco lateral posterior.
  • Núcleos: Ambíguo, vagal motor dorsal, e solitário.

Nervo Acessório (XI)

  • Função: Exclusivamente motor, inerva o trapézio e esternocleidomastoideo.
  • Origem óssea: Forame jugular.
  • Origem encefálica: Sulco lateral posterior.
  • Núcleos: Ambíguo e acessório espinhal.

Nervo Hipoglosso (XII)

  • Função: Exclusivamente motor, controla os músculos da língua.
  • Origem óssea: Canal do hipoglosso.
  • Origem encefálica: Sulco lateral anterior do bulbo.
  • Núcleo: No nível do trígono do hipoglosso.

Funções de Cada Par Craniano

Olfatório (I)

O nervo olfatório é exclusivamente sensitivo e está envolvido na detecção de odores. Suas fibras aferentes viscerais especiais se conectam com a mucosa olfatória na cavidade nasal, transmitindo sinais do epitélio olfatório para o bulbo olfatório. Esses sinais são então direcionados ao córtex olfatório, responsável pela percepção dos odores.

Óptico (II)

Este nervo é essencial para a visão, sendo constituído por fibras somáticas especiais. Ele transmite impulsos visuais da retina para o cérebro. O nervo óptico emerge do canal óptico e cruza no quiasma óptico, onde as fibras da retina nasal se cruzam para o lado oposto, enquanto as da retina temporal permanecem no mesmo lado. Os sinais visuais são, então, processados no córtex visual primário.

Oculomotor (III)

O nervo oculomotor é predominantemente motor, composto de fibras somáticas e viscerais. Ele controla a maior parte dos músculos extrínsecos do olho, permitindo movimentos direcionais e a elevação da pálpebra superior. Também inerva o músculo ciliar e o esfíncter da pupila, mediando a acomodação do cristalino e a contração pupilar.

Troclear (IV)

Este nervo motor somático é responsável pela inervação do músculo oblíquo superior do olho, permitindo-lhe realizar movimentos de adução, depressão e rotação medial. É o único nervo craniano que emerge da parte posterior do tronco encefálico e segue um trajeto longo e fino.

Trigêmeo (V)

Nervo misto, o trigêmeo tem funções sensoriais e motoras. Sensitivamente, ele transmite informações de dor, temperatura e tato da face, boca e queimaduras de pele. Motoramente, inerva os músculos da mastigação, como o masseter e os músculos pterigóides.

Abducente (VI)

Responsável pela inervação do músculo reto lateral do olho, este nervo permite a abdução ocular. Similar ao oculomotor e troclear, ele emerge pela fissura orbital superior e é exclusivamente motor somático.

Facial (VII)

Outro nervo misto, o facial controla os músculos da expressão facial. Suas fibras sensoriais processam o paladar dos 2/3 anteriores da língua. Além disso, possui fibras parassimpáticas, que inervam as glândulas submandibulares, sublinguais e lacrimais.

Vestíbulo-Coclear (VIII)

Com funções exclusivamente sensoriais, este nervo se divide-se em dois componentes: o vestibular, responsável pelo equilíbrio e orientação espacial, e o coclear, responsável pela audição. As informações sobre equilíbrio são processadas em múltiplos núcleos vestibulares no tronco encefálico.

Glossofaríngeo (IX)

Este nervo misto tem várias funções. Do ponto de vista sensorial, ele transmite o paladar do terço posterior da língua e informações sensitivas da faringe. Motoramente, inerva músculos da faringe, facilitando a deglutição. As fibras parassimpáticas controlam a secreção da glândula parótida.

Vago (X)

Constituído por fibras motoras, sensitivas e parassimpáticas, o nervo vago inerva praticamente todos os órgãos viscerais até a região abdominal. Controla músculos da faringe e laringe, influenciando a fala e a deglutição. Suas fibras parassimpáticas regulam funções cardíacas, digestivas e respiratórias.

Acessório (XI)

Este nervo motor inerva o músculo esternocleidomastoideo e o trapézio, facilitando movimentos de rotação e elevação dos ombros, além da lateralização da cabeça. O nervo acessório tem uma origem tanto craniana quanto espinhal.

Hipoglosso (XII)

Essencialmente motor, este nervo controla os movimentos da língua. Inerva músculos intrínsecos e extrínsecos da língua, permitindo a articulação da fala, a mastigação e a deglutição.

Os nervos cranianos são abordados em detalhes nos materiais do Extensivo de Neurologia do Estratégia MED, com foco em semiologia neurológica e nos aspectos mais cobrados pelas provas de residência médica sobre tal tema. Em destaque, observe o mapa mental ilustrativo dos doze pares de nervos cranianos.

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