Olá, queridos doutor e doutora! A cantoplastia é um procedimento cirúrgico amplamente utilizado no tratamento de unhas encravadas (onicocriptose) e outras deformidades ungueais, como a onicogrifose e a onicomicose dolorosa. O procedimento envolve a remoção parcial da unha e, frequentemente, a destruição da matriz ungueal lateral (matricectomia), prevenindo o crescimento anômalo futuro e aliviando os sintomas, como dor, infecção e inflamação crônica. É uma técnica eficaz que, quando realizada corretamente, oferece alívio duradouro e melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.
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Conceito de Cantoplastia
A cantoplastia é um procedimento cirúrgico voltado principalmente para o tratamento de unhas encravadas (onicocriptose) ou deformadas, visando à correção do encaixe inadequado da lâmina ungueal na prega lateral. Durante o procedimento, uma parte da unha e, em alguns casos, parte da matriz ungueal são removidas para prevenir o crescimento anormal futuro e aliviar sintomas como dor, infecção e supuração. A cantoplastia pode ser realizada por métodos físicos, químicos ou eletrocirúrgicos, sendo indicada nos casos em que tratamentos conservadores falham ou a condição está em estágios avançados.
Indicações de Cantoplastia
As principais indicações para a realização da cantoplastia incluem:
- Onicocriptose (unha encravada): especialmente nos estágios mais avançados (II e III), em que há dor intensa, infecção e formação de tecido de granulação na prega ungueal lateral.
- Onicogrifose: caracterizada por unhas deformadas e curvadas, que podem causar desconforto ou dificuldades funcionais.
- Onicomicose dolorosa: infecções fúngicas da unha que, além da infecção, causam dor significativa ao paciente.
- Unha em telha: unhas com formato alterado que apresentam um encaixe inadequado na prega lateral, frequentemente resultando em desconforto e risco de complicações futuras.
Contraindicações de Cantoplastia
As contraindicações relativas para a realização da cantoplastia incluem: Paciente não cooperativo:
- A falta de colaboração do paciente pode comprometer o sucesso do procedimento.
- Doença vascular periférica: especialmente em casos de isquemia digital, onde há risco elevado de má cicatrização e complicações.
- Discrasias sanguíneas ou coagulopatias: distúrbios que comprometem a coagulação podem aumentar o risco de sangramento excessivo durante ou após o procedimento.
- Diabetes mellitus: pacientes com diabetes podem apresentar cicatrização lenta e maior predisposição a infecções, requerendo atenção especial.
- Infecção bacteriana no local: embora a maioria das unhas encravadas apresente inflamação estéril, infecções ativas no local podem contraindicar temporariamente o procedimento
Complicações de Cantoplastia
As possíveis complicações da cantoplastia incluem:
- Infecção local: apesar das medidas assépticas, infecções podem ocorrer no local da cirurgia e requerem tratamento com antibióticos.
- Recorrência do quadro: se a matriz ungueal não for completamente destruída, há o risco de crescimento de uma nova espícula lateral, resultando na volta dos sintomas.
- Perda permanente da lâmina ungueal: isso pode ocorrer especialmente em casos de matricectomia bilateral, onde parte significativa da matriz é removida.
- Lesão de estruturas adjacentes: a ablação excessiva, especialmente em técnicas eletrocirúrgicas ou físicas, pode danificar estruturas ao redor, como o leito ungueal e os tecidos profundos, aumentando o tempo de cicatrização e o risco de sequelas
Procedimento de Cantoplastia
Consentimento Informado
Explicar ao paciente os detalhes do procedimento, os riscos e benefícios. Obter o consentimento formal.
Posicionamento do Paciente
O paciente deve ser colocado em decúbito dorsal, com os joelhos flexionados e a planta dos pés apoiada na mesa, ou com as pernas estendidas e os pés pendurados na extremidade da mesa. Esse posicionamento facilita o acesso ao dedo acometido.
Anestesia Local
Realiza-se um bloqueio digital com anestésico local (sem epinefrina). A sensibilidade à dor deve ser testada após 5 a 10 minutos. Uma dica importante é perguntar ao paciente se ele “está sentindo dor” e não se “está sentindo algo”, já que os anestésicos não bloqueiam receptores de tato.
Liberação da Lâmina Ungueal
Com um elevador de septo de Freer ou uma pinça hemostática, levanta-se a cutícula, criando uma passagem entre a lâmina e o leito ungueal. A tentacânula ou um dos mordentes da pinça é utilizado para liberar a unha da prega lateral e proximal.
Avulsão Parcial da Unha
A unha é cortada com tesoura ou alicate de unha, avançando em linha reta até abaixo da prega proximal. A tesoura deve ser manuseada com delicadeza para evitar traumatizar o leito ungueal, cortando apenas com as pontas e angulando-a para longe do leito. A porção lateral da unha é removida utilizando-se pinças hemostáticas, com movimentos laterais e rotatórios.
Exame do Sulco Lateral
Após a remoção, examina-se o sulco lateral para garantir que não restaram fragmentos de unha, os quais podem retardar a cicatrização e causar dor persistente.
Matricectomia
A ablação da matriz ungueal pode ser feita por via eletrocirúrgica ou química. Na técnica eletrocirúrgica, um eletrodo com ponta de Teflon® é posicionado sobre o leito ungueal lateral e ativado por 3 a 10 segundos, destruindo a matriz lateral. Atenção especial é necessária para evitar a destruição incompleta, que pode levar à recorrência.
Remoção de Tecido Hipertrófico
Se houver tecido de granulação ou hipertrofia da parede lateral, este pode ser removido com bisturi ou eletrocirurgicamente. A remoção do tecido hipertrófico é importante para evitar deformidades e melhorar o processo de cicatrização.
Curativo
Após a cirurgia, uma camada de pomada antimicrobiana é aplicada no leito ungueal exposto, seguido de um curativo não adesivo e rolos de ataduras. O paciente pode sair da consulta com chinelos cirúrgicos ou calçados abertos.
Instruções Pós-Operatórias
O paciente deve manter o pé elevado por 12 a 24 horas para reduzir o edema, com trocas diárias de curativos e uso de AINEs, se necessário. A higiene adequada da ferida deve ser mantida, e a cicatrização pode gerar exsudato estéril por algumas semanas.
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Referências Bibliográficas
- Mayeaux, E. J. Guia ilustrado de procedimentos médicos [recurso eletrônico] / E. J. Mayeaux. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2012.