Olá, querido doutor e doutora! O polimetilmetacrilato (PMMA) é um preenchedor permanente amplamente utilizado na medicina para correções volumétricas, mas seu uso tem gerado preocupações devido ao risco de complicações graves. Veja abaixo o conceito geral do PMMA, seu funcionamento no organismo, indicações permitidas no Brasil, histórico de uso e principais complicações.
Embora o PMMA seja eficaz para correções volumétricas, sua permanência no organismo pode levar a reações inflamatórias crônicas e complicações irreversíveis
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Conceito de PMMA
O polimetilmetacrilato (PMMA) é um polímero sintético amplamente utilizado na medicina para preenchimentos e correções volumétricas. Trata-se de um material biocompatível e não reabsorvível, composto por microesferas suspensas em um gel carreador, permitindo sua aplicação em tecidos moles. Originalmente desenvolvido para uso odontológico e oftalmológico, o PMMA passou a ser empregado em procedimentos médicos reparadores e estéticos.
Histórico do Uso do PMMA
O polimetilmetacrilato (PMMA) foi inicialmente desenvolvido para aplicações industriais, mas sua biocompatibilidade levou ao uso médico a partir da década de 1940, especialmente em próteses ortopédicas, lentes intraoculares e próteses dentárias. Nas décadas de 1970 e 1980, passou a ser utilizado para preenchimentos corretivos, principalmente na reconstrução facial de pacientes com deformidades congênitas ou adquiridas. Na década de 1990, sua versão injetável começou a ser empregada para correção volumétrica em lipodistrofia facial associada ao HIV/AIDS.
A partir dos anos 2000, o PMMA ganhou popularidade em procedimentos estéticos, sendo amplamente utilizado para preenchimentos faciais e corporais devido ao seu custo reduzido e efeito permanente. No entanto, o aumento dos relatos de complicações graves, como formação de granulomas, necrose e embolização, levantou preocupações na comunidade médica. O uso inadequado por profissionais não especializados e a aplicação em regiões de risco resultaram em reações adversas irreversíveis, levando à necessidade de regulamentação mais rígida.
Diante dos riscos, a Anvisa restringiu o uso do PMMA a procedimentos corretivos, proibindo sua aplicação para fins estéticos. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) se posicionou contra seu uso e defende seu banimento definitivo. Atualmente, o material continua sendo utilizado com restrições, enquanto pesquisas buscam alternativas mais seguras e biodegradáveis para substituí-lo
Como Funciona o PMMA
O polimetilmetacrilato (PMMA) atua como um preenchedor permanente ao ser injetado nos tecidos moles, onde suas microesferas sintéticas promovem um efeito volumizador duradouro. Diferente de preenchedores temporários, como o ácido hialurônico, o PMMA não é reabsorvido pelo organismo, permanecendo no local de aplicação por tempo indefinido.
Após a injeção, ocorre uma resposta inflamatória inicial controlada, na qual os macrófagos e fibroblastos atuam ao redor das microesferas do PMMA. Esse processo estimula a formação de colágeno, que encapsula as partículas, resultando na estabilização do volume e na integração do material ao tecido. Esse mecanismo é responsável pela manutenção do preenchimento a longo prazo.
Por ser um material permanente, sua remoção em caso de eventos adversos é complexa e pode exigir cirurgias agressivas, como ressecções amplas dos tecidos afetados. Portanto, a escolha do PMMA deve ser feita com cautela, levando em consideração a indicação clínica e a experiência do profissional aplicador.
Efeitos do PMMA
O polimetilmetacrilato (PMMA) é um material injetável que, ao ser introduzido no organismo, desencadeia uma resposta inflamatória controlada. Esse processo estimula a deposição de colágeno ao redor das microesferas do polímero, garantindo um aumento volumétrico na região tratada.
Por ser um preenchedor permanente, o PMMA não é reabsorvido pelo organismo, o que permite a manutenção do volume corrigido por tempo indeterminado. No entanto, essa característica também pode levar a reações adversas a longo prazo, como formação de nódulos, granulomas e inflamações crônicas.
Além da resposta tecidual local, o PMMA pode impactar a vascularização da área tratada. A injeção em planos inadequados pode causar compressão de vasos sanguíneos, levando a isquemia e, em casos mais graves, necrose tecidual. O risco de embolização também deve ser considerado, especialmente em aplicações realizadas sem o devido controle anatômico.
Indicações do PMMA
No Brasil, o uso do polimetilmetacrilato (PMMA) é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina suas indicações e restrições. De acordo com a normativa vigente, o PMMA não é recomendado para procedimentos estéticos e sua aplicação é permitida apenas em casos específicos de reconstrução e correção volumétrica.
Indicações Permitidas pela Anvisa
- Correção volumétrica facial e corporal: indicado para tratar alterações decorrentes de lipodistrofia, especialmente em pacientes que utilizam antirretrovirais para HIV/AIDS.
- Correção de defeitos anatômicos: aplicável em pacientes que sofreram traumas, cirurgias mutiladoras ou doenças que comprometeram a estrutura facial e corporal.
- Procedimentos reparadores: uso autorizado para reconstrução após cirurgias oncológicas ou outras condições médicas que levem à perda de volume tecidual.
Restrições e Proibições
- Não indicado para fins estéticos: o PMMA não deve ser utilizado para preenchimento labial, contorno facial, glúteos ou outras aplicações estéticas devido ao risco de complicações graves.
- Exclusividade para médicos e odontólogos habilitados: apenas profissionais qualificados podem aplicar o material, respeitando protocolos de segurança e rastreabilidade.
- Obrigatoriedade de etiqueta de rastreabilidade: toda aplicação deve ser acompanhada da documentação do lote do produto, garantindo a identificação do fabricante e controle de qualidade.
Apesar dessas regulamentações, o uso do PMMA em procedimentos estéticos ainda ocorre de forma irregular, muitas vezes realizado por profissionais não especializados, o que aumenta o risco de complicações. Por isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) se posiciona contra o uso do PMMA para fins estéticos e defende seu banimento definitivo no país.
Complicações do PMMA
Complicações Precoces
- Reações inflamatórias e infecciosas: logo após a aplicação, é comum ocorrer inflamação local, caracterizada por dor, inchaço, vermelhidão e calor. Em alguns casos, essa resposta inflamatória pode evoluir para infecções bacterianas, levando à formação de abscessos e celulite. Se não tratadas adequadamente, essas infecções podem se tornar crônicas e difíceis de erradicar, exigindo o uso prolongado de antibióticos.
- Embolização e necrose tecidual: a injeção inadvertida do PMMA dentro de um vaso sanguíneo pode causar embolização, bloqueando o fluxo sanguíneo para determinadas áreas. Esse fenômeno pode resultar em isquemia e necrose, levando à morte do tecido e formação de úlceras ou cicatrizes permanentes. A necrose é uma das complicações mais graves, principalmente em aplicações na face, onde há comunicação vascular com estruturas nobres, como os olhos e o cérebro.
- Reações alérgicas e hipersensibilidade: embora raras, reações alérgicas podem ocorrer, manifestando-se como coceira, vermelhidão intensa, urticária e, em casos extremos, choque anafilático. Essas reações podem ser desencadeadas pelo próprio polímero ou por substâncias presentes na formulação do produto.
Complicações Tardias
- Formação de granulomas e nódulos endurecidos: com o passar do tempo, o organismo pode reagir ao PMMA como um corpo estranho, desencadeando uma resposta imunológica crônica. Isso pode levar à formação de granulomas, estruturas inflamatórias que endurecem a área tratada e podem causar dor e deformidades visíveis. Além disso, a deposição de colágeno ao redor das microesferas do polímero pode gerar nódulos palpáveis, comprometendo a estética e a função da região tratada.
- Migração do material: outra complicação tardia é a migração do PMMA para outras áreas do corpo. Esse deslocamento pode ocorrer por ação mecânica, gravidade ou até mesmo processos inflamatórios locais. A migração do produto pode gerar assimetria, deformidades e novas reações inflamatórias, dificultando ainda mais a sua remoção.
- Biofilmes bacterianos e infecções crônicas: o PMMA pode servir como um suporte para o crescimento de biofilmes bacterianos, dificultando a ação dos antibióticos. Isso pode resultar em infecções crônicas recorrentes, que exigem intervenções repetidas e, em alguns casos, remoção cirúrgica do material infectado.
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Referências Bibliográficas
- AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). PMMA — Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa. Acesso em: 21 jan. 2025.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA (SBCP). Posicionamento sobre o uso de PMMA. São Paulo, 2024. Disponível em: https://www.cirurgiaplastica.org.br. Acesso em: 21 jan. 2025.
- MARTINS, Elydiane Lopes; KOCK, Paula Alessandra; FEDATTO, Paola Fernanda. Polimetilmetacrilato (PMMA) na prática clínica: revisão integrativa sobre abordagens estéticas, complicações e aspectos regulatórios. Research, Society and Development, v. 13, n. 6, e9013646046, 2024. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v13i6.46046.