Olá, querido doutor e doutora! A remoção de anéis é um procedimento frequente em atendimentos de emergência, muitas vezes solicitado devido a traumas, reações alérgicas ou edema resultante de condições médicas. Realizar esse procedimento de forma eficiente requer conhecimento das técnicas disponíveis e atenção às possíveis complicações.
A obstrução do fluxo venoso causada por um anel pode levar a complicações graves, como lesão nervosa e isquemia, se não for tratada adequadamente.
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Avaliação Inicial
Antes de iniciar o procedimento de remoção de um anel, é necessário realizar uma análise detalhada do dedo afetado. Verifique a presença de lacerações, inchaço ou sinais de alterações neurovasculares. A avaliação neurológica pode ser feita utilizando o teste de discriminação de dois pontos, enquanto os pulsos digitais devem ser avaliados com um fluxômetro Doppler.
Caso sejam identificados sinais de comprometimento, como redução na sensibilidade ou pulsos ausentes, as técnicas que buscam preservar o anel não devem ser realizadas. Nesses casos, é necessário priorizar o corte do anel para evitar danos mais graves, como lesão nervosa ou problemas de circulação.
Técnicas para Remoção de Anel
Técnica do Cordão
Essa técnica utiliza uma fita umbilical ou fio de sutura para ajudar a reduzir o edema e permitir a remoção do anel.
- Elevação do dedo: eleve o dedo afetado por alguns minutos para ajudar na drenagem venosa e linfática.
- Enrolar o cordão: use uma fita umbilical ou fio de sutura trançado para envolver o dedo de forma espiralada, começando da ponta do dedo em direção ao anel. Aplique uma tensão suficiente para mover suavemente o líquido intersticial.
- Passar o cordão sob o anel: assim que o cordão alcançar o anel, passe sua extremidade por baixo do anel usando uma pinça hemostática para facilitar o processo.
- Aplicar lubrificação: adicione uma quantidade generosa de lubrificante ao redor do dedo.
- Desenrolar o cordão: tracione suavemente o cordão, desenrolando-o para retirar o anel enquanto ele é deslocado pela fita.
Técnica da Luva de Borracha
Essa abordagem utiliza um dedo de luva de látex ou material alternativo para reduzir o edema digital.
- Preparação: corte um dedo de luva cirúrgica de látex (ou use um material alternativo, como um dreno de Penrose).
- Colocação da luva: deslize o dedo de luva sobre o dedo edemaciado para comprimir uniformemente o tecido.
- Elevação do dedo: mantenha o dedo elevado acima do nível do coração por alguns minutos para potencializar a redução do edema.
- Inversão da luva: após a redução do inchaço, inverta o dedo de luva sobre o anel. Use lubrificação para facilitar o processo.
- Retirada do anel: puxe cuidadosamente a luva junto com o anel em direção à ponta do dedo.
Técnica de Corte do Anel
Indicada para situações em que há comprometimento neurovascular ou falha nos métodos anteriores.
- Escolher o ponto de corte: identifique a parte mais fina ou acessível do anel para iniciar o corte.
- Posicionar o protetor: coloque o protetor do cortador de anel entre o anel e o dedo para proteger a pele.
- Compressão leve (opcional): use alicates para comprimir o anel levemente, alterando seu formato para elíptico e criando espaço entre o anel e os tecidos subjacentes.
- Corte do anel: utilize o cortador de anel girando a lâmina com pressão suficiente para cortar o metal. Em casos de anéis espessos, use um cortador motorizado, aplicando proteção adicional à pele.
- Realizar dois cortes (se necessário): para anéis rígidos ou grossos, faça dois cortes opostos para facilitar a remoção.
- Remoção: após dividir o anel, use alicates e pinças para abrir as extremidades e retirá-lo com cuidado.
Cuidados Pós-Procedimento
Após a remoção do anel, é necessário realizar uma avaliação detalhada para garantir que o dedo não sofreu complicações decorrentes do procedimento ou da compressão prolongada. Inicialmente, deve-se verificar a integridade neurovascular do dedo. A sensibilidade pode ser avaliada com testes simples, como o de discriminação de dois pontos, enquanto o preenchimento capilar e os pulsos digitais devem ser analisados para descartar qualquer comprometimento circulatório.
Em seguida, é importante inspecionar o dedo quanto a possíveis lacerações ou lesões cutâneas. Caso sejam identificadas, devem ser tratadas de acordo com a gravidade, utilizando curativos ou intervenções apropriadas. Lesões mais profundas ou sinais de comprometimento estrutural podem exigir uma avaliação adicional por um especialista.
Complicações
Uma complicação comum é a lesão cutânea, que pode ocorrer devido ao uso de materiais inadequados ou aplicação excessiva de força durante as tentativas de remoção. Lacerações e abrasões superficiais podem exigir cuidados adicionais, como curativos ou até mesmo avaliação por um especialista, dependendo da gravidade.
O comprometimento neurovascular é outra complicação potencial. Se o anel causar pressão excessiva sobre os feixes nervosos ou os vasos sanguíneos, pode levar à isquemia, lesão nervosa ou até mesmo gangrena digital em casos mais graves. Por isso, é fundamental monitorar sinais como perda de sensibilidade, ausência de pulsos digitais ou coloração anormal do dedo.
Fraturas da falange proximal ou lesões articulares podem ocorrer em casos extremos, especialmente se houver uso inadequado de ferramentas para cortar o anel ou manipulação agressiva. Além disso, procedimentos inadequados podem causar danos aos linfáticos, resultando em edema persistente.
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Referências Bibliográficas
- MAYEAUX, E. J. Guia Ilustrado de Procedimentos Médicos. 1ª ed. São Paulo: Editora McGraw-Hill, 2010.