ResuMED de hepatites virais: diagnóstico, tratamento, manifestações clínicas e mais!

ResuMED de hepatites virais: diagnóstico, tratamento, manifestações clínicas e mais!

Como vai, futuro Residente? O tema hepatites virais é muito cobrado em diversas áreas nas provas de Residência Médica! Nesse resumo vamos abordar as hepatites virais A, B, C, D e E. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

Hepatite A

A hepatite A é uma doença infecciosa causada por um enterovírus do gênero hepatovirus e da família Picornaviridae. Acomete pessoas no mundo inteiro, com cerca de 1,4 milhão de casos por ano, sendo mais comum em países subdesenvolvidos e em regiões com más condições de higiene e saneamento básico, principalmente crianças de 6 a 15 anos de idade. 

Sua transmissão ocorre principalmente por via oro-fecal, por consumo de água ou alimentos contaminados, ou por contato interpessoal. Raramente é transmitida via parenteral ou sexual. O vírus possui um período de incubação de 15 a 45 dias, que é o maior período de viremia e maior eliminação do vírus nas fezes. 

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Clínica

Pacientes com hepatites virais, hepatite A podem ser assintomáticos, com sintomas inespecíficos ou com sintomas típicos (mais comum em adultos).

  • Sintomas inespecíficos: simulam quadro respiratório e/ou gastroenterite.
  • Sintomas típicos: icterícia, prurido, colúria e acolia fecal. 

Inicialmente, os pacientes podem apresentar sintomas inespecíficos durante cerca de 1 semana, incluindo fadiga, mal-estar, náuseas, vômitos, redução de apetite, alterações do paladar e olfato, dores articulares, dores musculares, cefaleia, fotofobia, faringite, tosse, coriza e febre. A febre é mais comum nas hepatites A e E, e menos frequente nas B e C. 

Após a fase prodrômica, inicia-se a fase ictérica, em que o paciente apresenta os sintomas típicos da hepatite A, além de rash cutâneo, hepatomegalia, hipersensibilidade hepática, esplenomegalia e linfadenopatia cervical. Os pacientes também pode apresentar manifestações clínicas extrahepáticas, como artralgia, vasculite leucocitoclástica, artrite, glomerulonefrite, púrpuras, crioglobulinemia, neurite óptica, mielite transversa, miocardite, trombocitopenia e anemia aplástica. 

Diagnóstico

Além das manifestações clínicas, para o diagnóstico das hepatites virais é necessária a análise laboratorial do paciente. As principais alterações laboratoriais na hepatite A são:

  • Transaminases: podem estar até 10 x maior que o normal(TGO > TGP).
    • Aumentam no período de incubação, geralmente 3 a 4 semanas após o início dos sintomas e permanecem por 30 dias após a exposição ao vírus. 
  • Bilirrubinas: geralmente 10x menor que o limite de normalidade, com predomínio da bilirrubina direta.
  • Fosfatase alcalina: < 400 UI/L.
  • Hemograma: neutropenia e linfocitose.

Além disso, é de extrema importância que você saiba analisar os marcadores sorológicos da hepatite A:

  • Anti-HAV IgM positivo ⇒ hepatite aguda.
  • Anti-HAV IgM positivo com Anti-HAV IgG positivo ⇒ hepatite aguda.
  • Anti-HAV IgM negativo com Anti-HAV IgG positivo ⇒ já teve hepatite A ou foi vacinado.

Tratamento e prognóstico

Geralmente, a infecção por hepatite A é autilomitada, necessitando apenas de um tratamento de suporte sintomático, sem indicações específicas. Orienta-se ao paciente permanecer em repouso e usar antitérmicos e antieméticos para o controle dos sintomas, sem o uso de drogas hepatotóxicas, nem ingerir bebidas alcoólicas por 6 meses a 1 ano. 

A hepatite A não cronifica e possui bom diagnóstico, apresentando recuperação completa de 2 a 3 meses em cerca de 85% dos pacientes. 

Imunização e profilaxia após exposição

Existe uma vacina para hepatite A, feita com um antígeno do vírus inativado, administrada via intramuscular ou subcutânea, aplicada em 1 ou mais doses. É uma vacina disponibilizada pelo PNI no Brasil, deve ser aplicada em todas as crianças, em dose única, aos 15 meses de vida, podendo ser tomada até os 5 anos completos. 

Após a exposição, a IG deve ser usada até no máximo duas semanas após esse contato, sem necessidade de profilaxia nos indivíduos que tiveram contato casual com o infectado ou já vacinados. Pacientes ainda não imunizados podem receber a vacina após o contato com o vírus da hepatite A até 2 semanas após o contato. 

Hepatite C

O vírus da hepatite C pertence à família Flaviviridae, transmitido via parenteral, ou seja, por sangue e fluidos corporais contaminados. Nos últimos 20 anos, a principal causa de transmissão da HCV é pelo uso de drogas injetáveis e inalatórias (a transmissão sexual e perinatal é incomum).

Diferente da hepatite A, a hepatite C pode se cronificar, o que ocorre em até 80% dos casos,geralmente o paciente não apresenta sintomas iniciais e seu diagnóstico é feito já na fase crônica. No Brasil e no mundo, o genótipo mais prevalente é o genótipo 1, seguido do genótipo 3.

Os fatores de risco relacionado à cronificação são: sexo masculino, idade > 40 anos, ausência deicterícia, coinfecção com HIV e/ou hepatite B, genótipo não 3, imunossupressão e fatores genéticos. 

Devido ao seu modo de transmissão, pode ser que ocorram coinfecções, principalmente com o HIV e a hepatite B, que aumentam o risco de cronificação, como de necrose hepatocitária e hepatite fulminante, com progressão para cirrose e carcinoma hepatocelular.

Clínica 

Geralmente, é assintomático no início, mas quando sintomática cursa com infecção aguda ictérica ou anictérica (em apenas 25% dos casos), quando crônica pode levar a cirrose e carcinoma hepatocelular, devido àfibrose avançada da cirrose. A hepatite C fulminante é um evento raro, geralmente associado à coinfecção com o HIV e/ou a hepatite B

O vírus pode ficar incubado de 15 a 160 dias, o que corresponde ao período de viremia. A transaminases costumam elevar-se em duasa oitosemanas após a infecção, antes dos sintomas aparecerem.  O primeiro marcador a positivar é o HCV-RNA, que pode ser detectado 2 semanas após a contaminação, sendo o único método de diagnóstico inicial. 

A soroconversão ocorre de 30 a 60 dias após o aparecimento do HCV-RNA, podendo chegar em até 6 meses depois. 

Também podem haver manifestações extra-hepáticas:

  • Crioglobulinemia mista: vasculite de pequenos e médios vasos, com aparecimento de púrpuras palpáveis e petéquias em membros inferiores, artralgia, doenças renal e neuropatia periférica.
  • Glomerulonefrite: pode estar associada àsvasculites ou ao depósito de imunocomplexos.
  • Porfiria cutânea tardia: distúrbio enzimático na via de produção do grupo heme. Apresenta-se com lesões bolhosas crônicas na pele, prurido, fragilidade da pele e hiper ou hipopigmentação. 

Diagnóstico

O diagnóstico para hepatites virais é o assunto mais cobrado em relação à hepatite C, o que você deve guardar é: o único anticorpo da hepatite C é o anti-HCV, que não confere imunidade. 

Ou seja, um anti-HCV positivo não indica o diagnóstico, mas sim marca o contato com o vírus.  Assim, para diagnóstico da hepatite C, deve ser feita a dosagem da carga viral (HCV-RNA)

Nos casos avançados em que há fibrose hepática, deve ser realizada uma biópsia para diagnosticar o grau da fibrose e da inflamação no fígado. Mas, atualmente, os métodos não invasivos mais utilizados são a elastografia e o APRI e FIB-4, realizando cálculos a partir da dosagem das transaminases e plaquetas. 

Extensivo RM

Tratamento 

Atualmente, todo paciente com hepatite C deve ser tratado independente do grau de inflamação, com o objetivo de erradicar o vírus do organismo e a cura. Geralmente são utilizados antivirais de ação direta, em esquema duplo, por 8 a 24 semanas, como daclatasvir com sofosbuvir, por exemplo. Para crianças entre 3 e 11 anos, é indicado interferon peguilado e ribavirina, por 48 semanas, que os DAAs são contraindicados.

Porém, o tratamento da hepatite C não elimina o risco de evolução para carcinoma hepatocelular em pacientes com fibrose avançada e cirrose!

Hepatite B

Introdução a Hepatite B

A hepatite B, causada por um vírus DNA, é muito contagiosa, apresentando maior infectividade que o vírus da hepatite C e o HIV. É transmitida de maneira parenteral, por sangue ou fluidos corporais contaminados, mas atualmente a maior via de transmissão é por relações sexuais desprotegidas. Também pode ser transmitida por via vertical ou aleitamento materno, mas não devem ser contraindicados caso as medidas de profilaxia sejam realizadas. 

Um fator importante sobre a hepatite B é que quanto mais jovem é o indivíduo infectado, maior é o risco de cronificação da doença, em adultos apenas 5 – 10% dos casos cronificam, enquanto nos recém-nascidos essa porcentagem chega a 95%. Além disso, é um vírus oncogênico, que pode levar ao carcinoma hepatocelular mesmo sem a presença de fibrose avançada e cirrose.

Pode estar associada a outras infecções também, principalmente com os vírus da hepatite d HIV e/ou hepatite C. Além disso, a coinfecção HIV/HBV aumenta o risco de cronificação da hepatite B e risco de evolução para cirrose. 

Clínica

A hepatite B pode ser assintomática, aguda benigna, aguda grave e fulminante, ou ainda crônica com risco de progressão para cirrose e carcinoma hepatomedular. Na hepatite B aguda, a clínica é semelhante à das outras hepatites, apresentando 3 fases clínicas:

  • Fase prodrômica: 4 a 6 semanas após a exposição ao vírus, com sintomas inespecíficos.
  • Fase ictérica: melhora dos sintomas inespecíficos e piora dos gastrointestinais, associada à icterícia, com ou sem achados de síndrome colestática.
  • Fase de convalescença: melhora dos sintomas, podendo evoluir para cura ou cronificação.

No caso de cronificação, a clínica apresenta 4 fases:

  • Imunotolerância: intensa replicação viral, HBsAg e HBeAg positivos, sem lesão de hepatócitos, com histologia preservada e transaminases normais. Em adultos ocorre durante o período de incubação e em crianças pode durar até 30 anos.
  • Imunoeliminação: ocorre queda dos níveis de HBV, DNA no sangue, HBeAg positivo ou negativo em caso de mutação pré-core e transaminases flutuantes com progressão da doença hepática.
  • Sorovoncersão: conversão do HBeAg em antiHBe e parada da replicação viral, com níveis baixos ou indetectáveis de HBV-DNA, com normalização das transaminases e sem progressão de lesão hepatocelular.
  • Reativação: retorno da replicação viral em momentos de imunossupressão ou caso haja replicação viral, permitindo retorno da replicação por escape à resposta imunológica. 

Além disso, assim como outras hepatites virais, podem haver manifestações extra-hepáticas, como a glomerulonefrite, poliarterite nodosa e crioglobulinemia mista.

Interpretação dos marcadores sorológicos

Hepatites virais é um assunto é essencial para as provas! A hepatite B apresenta ampla sorologia, por isso é importante que você saiba o papel de cada marcador para identificar as diferentes situações clínicas possíveis. 

HBsAg: é uma proteína de superfície do vírus da hepatite B, presente em níveis elevados durante a infecção aguda. É um marcador da presença da proteína do vírus no organismo, portanto, é o primeiro marcador a positivar. Se permanecer positivo por mais de 6 meses, é indicativo de cronificação da doença.

Anti-HBs: é o anticorpo produzido contra o HBsAg e indica imunidade contra o vírus. É produzido a partir da exposição ao vírus selvagem ou após a vacinação com vírus inativo.

HBeAg: proteína E do vírus da hepatite B e indica replicação viral.

Anti-HBc IgM: anticorpo contra HBcAg que surge precocemente e indica infecção aguda pelo HBV. Sua persistência indica gravidade.

Anti-HBc IgG: anticorpo contra HBcAg que surge durante a fase aguda da infecção e persiste toda a vida da pessoa que foi infectada. Quando positivo indica que a pessoa está ou esteve infectada pelo HBV. Não é produzido pelo vírus inativo da vacina.

A principal mutação selvagem do vírus é a mutação pré-core, nesse caso o anti-HBe não é capaz de suprimir a replicação viral, levando ao perfil sorológico do portador crônico inativo, porém com alta carga viral, com HBV-DNA > 2.000UI/mL. 

Profilaxia

A profilaxia pode ser uma profilaxia pós-exposição ou profilaxia da transmissão vertical.

A profilaxia pós exposição deve ser feita em vítimas de acidente perfurocortante com material contaminado ou fortemente suspeito, pessoas susceptíveis (não vacinados ou sem resposta À vacinação), contactantes sexuais de casos de hepatite B aguda e imunodeprimidos após exposição de risco mesmo vacinados. Deve ser feita com vacina em até 7 – 14 dias após a infecção, associada a imunoglobulina anti HBs em até 7 – 14 dias.

Já a profilaxia vertical deve ser feita em todo recém-nascido de mãe HBsAg positivo, independentemente da sua carga viral. Deve ser feita com vacina em até 12 horas após o parto associada a imunoglobulina anti HBs em até 12 horas após o parto também. Nesses casos, é indicada a via de parto obstétrica, e o aleitamento materno não é contraindicado.

Tratamento

A maioria dos pacientes que entram em contato com o HBV tem resolução espontânea, mas nos casos contrários, os que apresentam sintomatologia aguda devem receber tratamento de suporte e serem monitorados para avaliar possível evolução.

Os pacientes graves devem receber tratamento específico com medicações orais disponíveis, além de internação e monitorização. Em casos mais graves de insuficiência hepática hepática pode ser indicado transplante de fígado. 

Porém, a indicação do tratamento para hepatites virais depende da presença de replicação viral e evidência de progressão da doença hepática, grau de fibrose e outras questões, como história familiar de carcinoma hepatocelular. 

O principal objetivo do tratamento para hepatites virais é a soroconversão HBsAg – anti HBs, mas nos casos cronificados nem sempre é possível, possibilitando alguns diferentes cenários secundários com tratamento eficaz. As medicações disponíveis são o interferon peguilado, tenofovir e o entecavir. 

Mesmo que ocorra a “cura” da hepatite B, ocorre o risco de reativação viral, principalmente quando o indivíduo é submetido a imunossupressão grave por uso de medicamentos ou quimioterapia, principalmente. Nesses casos deve ser realizada a profilaxia antes do início do tratamento independente dos níveis de HBV-DNA e mesmo que o HBsAg seja negativo, e é feita idealmente com entecavir. 

Hepatite D

A hepatite D é causada por um vírus RNA, pertencente à família Deltaviridae, que depende do vírus da hepatite B para se replicar, ou seja, é virús-dependente. Logo, a hepatite B ocorre, exclusivamente, em pacientes com hepatite B prévia. 

É transmitido das mesmas maneiras que o vírus B, ou seja, parenteral, pelo compartilhamento de agulhas e seringas, tatuagens, piercings e procedimentos odontológicos, por via sexual, hemotransfusão ou via vertical. Sua infecção pode ocorrer em dois cenários diferentes:

  • Coinfecção: infecção dos vírus da hepatite B e D ocorre simultaneamente.
    • Nesses casos, geralmente os pacientes são apresentados com hepatite aguda benigna, evoluindo com recuperação espontânea e completa.
  • Superinfecção: infecção do vírus D ocorre em um indivíduo já infectado pelo vírus da hepatite B.
    • Geralmente, são casos mais graves e de pior prognóstico, ocorrendo cronificação em cerca de 79% dos pacientes, em 20% pode ocorrer insuficiência hepática aguda. Essas complicações acontecem devido à pré-existência do vírus da hepatite B que aumenta a replicação do vírus da hepatite D

Manifestações clínicas

Alguns pacientes infectados podem ser assintomáticos, jáos que apresentam sintomatologia geralmente cursam com os sintomas típicos de hepatites virais aguda, com febre, icterícia, mal-estar, náuseas, vômitos e colúria. Os casos mais graves podem evoluir para cirrose e hepatocarcinoma.

Outra forma grave da hepatite D é a febre de Lábrea, que possui alta mortalidade. Nessa patologia ocorre hepatite fulminante, uma forma íctero-hemorrágica que evolui com necrose hepatocelular e células em mórula no exame histopatológico. Também pode ser chamada de hepatite espongiocitária. 

Diagnóstico da Hepatite D

Como a hepatite D só ocorre em pacientes com

  • Coinfecção: HBsAg positivo com anti-HBC IgM positivo (hepatite B aguda) + anti-HDV positivo.
  • Superinfecção: HBsAg positivo com anti-HBC IgG positivo (hepatite B crônica) + anti-HDV positivo.
  • Tratamento da Hepatite D

    A hepatite D pode ser prevenida pela vacinação contra Hepatite E

    O vírus da hepatite E é um vírus RNA, endêmico na Ásia, África e Oriente Médio. No Brasil, já foram descritos casos na Bahia, Mato Grosso e Amazônia.  Existem algumas informações mais detalhadas sobre o vírus já foram cobradas em prova, como: é um vírus esférico, sem envoltório e pertencente à família Herpesviridae.

    É um vírus com 4 genótipos diferentes, sendo o 1 e 2 responsáveis pela hepatite E endêmica, que infectam apenas humanos e são comuns na África e Ásia, enquanto os genótipos 3 e 4 infectam animais. 

    É transmitido principalmente via fecal-oral, assim como a hepatite A, geralmente por ingestão de água ou alimentos contaminados. A transmissão interpessoal é rara, mas em regiões endêmicas também pode ser transmitida por transfusões de sangue ou via vertical. 

    • Genótipos 1 e 2: transmitidos por consumo de água contaminada com fezes, mais comum em locais de más condições de higiene e saneamento básico.
    • Genótipos 3 e 4 geralmente são transmitidos de forma esporádica após a ingestão de alimentos contaminados, principalmente suínos.

    Ainda não há consenso sobre a transmissão via amamentação. Por isso, até que se tenha certeza, mães diagnosticadas com hepatite E são orientadas a não amamentarem seus filhos. 

    Manifestações clínicas

    O período de incubação do vírus é de 15 a 60 dias, ele é eliminado nas fezes uma semana antes do aparecimento dos sintomas, com redução considerável da viremia uma semana após o início da icterícia. 

    Os infectados podem ser assintomáticos ou apresentarem sintomas inespecíficos. Mas, os sintomáticos, cerca de 20% dos casos, principalmente em adultos jovens, apresentam os sintomas típicos de hepatite aguda (icterícia, colúria e acolia fecal.

    Os pacientes infectados por hepatite E, principalmente pelos genótipos 3 e 4, também podem apresentar sintomas extra-hepáticos, como hemólise, anemia aplásica, tireoidite, glomerulonefrite, pancreatite, mielite transversa, meningoencefalite, meningite, pseudotumor cerebral, síndrome de Guillain-Barré, paralisia de nervos cranianos e neuropatia periférica.

    Cerca de 20% das mulheres grávidas infectadas por hepatite B cursam com uma hepatite fulminante, com alta mortalidade, principalmente as que estão no terceiro trimestre de gestação.

    Diagnóstico da Hepatite E

    Todo paciente com achados clínicos e/ou laboratoriais de hepatite aguda ou crônica, com sorologias negativas para os outros vírus da hepatite, Epstein-Barr e citomegalovírus, e indivíduos com sintomas após viagem para locais endêmicos, devem ser suspeitos para infecção por hepatite E.

    Laboratorialmente, infectados pelo vírus E apresentam aumento das transaminases, que normalmente coincide com o início dos sintomas, e das bilirrubinas. Comumente se normalizam cerca de 1 a 6 semanas após o início da doença. 

    Deve ser solicitado anti-HEV IgM, que se positivo, deve ser confirmado com dosagem de anti-HEV IgG sério e/ou pesquisa do RNA viral no sangue ou nas fezes. O anti-HEV pode estar positivo no início da doença e permanecer reagente de 4 a 5 meses. 

    Em casos de alta suspeita de anti-HEV IgM negativo, deve ser pedido RNA-HEV, que se positivo, no sangue ou fezes, por mais de 6 meses, define hepatite E crônica. 

    Tratamento e prevenção

    Pacientes com hepatites virais que vão viajar para áreas endêmicas devem tomar cuidado quanto aos cuidados no consumo de água e alimentos. 

    Geralmente, a hepatite E é autolimitada, mas os pacientes que complicam com hepatite fulminante são encaminhados ao transplante hepático. No caso de hepatite crônica, que ocorre principalmente em imunodeprimidos, deve ser usado um imunossupressor, como o tacrolimus. Para os pacientes sem imunodepressão, pode ser usada ribavirina, em duas doses diárias de 600 a 1.000 mg/dia. 

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