ResuMED de Assistência à vítima de violência sexual: definição, manifestações clínicas, abordagem inicial e muito mais!

ResuMED de Assistência à vítima de violência sexual: definição, manifestações clínicas, abordagem inicial e muito mais!

Olá, futuro residente! Você sabia que o tema sobre assistência à vítima de violência sexual compõe mais 1% das provas de Residência Médica para ginecologia e medicina preventiva? Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa, desde o acolhimento à vítima até quimioprofilaxias, prevenção de gravidez e atendimento psicológico. Para saber mais, continue a leitura! Bons estudos. 

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Introdução

Para iniciar nosso conteúdo sobre esse assunto delicado, é importante lembrar sua definição. Violência sexual é toda e qualquer atividade sexual realizado sem o consentimento da pessoa envolvida. 

O estupro, segundo a lei 12.015/2009, é a prática de “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.”

Continue a leitura para saber mais sobre o atendimento, quimioprofilaxia, exames e mais!

Atendimento

O atendimento a uma vítima de violência sexual deve ser realizado a partir de 6 passos: acolhimento ⇒ notificação ⇒ exame físico, coleta de vestígios e tratamento de lesões corporais ⇒ quimioprofilaxia ⇒ prevenção de gravidez ⇒ atendimento psicológico. Entenda-os a seguir.

Acolhimento

É de extrema importância que o atendimento seja realizado em ambiente reservado, com equipe capacitada e treinada, com a ciência e consentimento do paciente para realização de  todos os passos.

Notificação

É obrigatória a notificação da ocorrência ou suspeita de violência contra mulher.

Em casos de crianças, adolescentes ou idosos, devem ser notificadas as instâncias responsáveis. Também é obrigatória a notificação do médico às autoridades policiais, em até 24 horas,

Mesmo sem a realização de um boletim de ocorrência, o atendimento médico deve ocorrer. 

Anamnese e Exame Físico

A anamnese deve ser focada nos detalhes da agressão sexual, tanto para direcionar o exame físico, quanto para avaliar os riscos de gravidez e infecções sexualmente transmissíveis, registrando todos os dados no prontuário

No exame físico, todas as áreas do trauma devem estar incluídas, sendo mais provável sua identificação em até 72 horas após o ocorrido, dando prioridade às urgências (fraturas, lesões em tecidos moles ou lesões com necessidade de correção), para então seguir com profilaxia e prevenção de gestação.

Quimioprofilaxias

Atenção: esse é o tema mais cobrado.

As profilaxias realizadas são para prevenção de ISTs não virais, hepatite B e HIV.

ISTS não virais: envolvem patologias como gonorreia, sífilis, cancro mole, clamídia e tricomoníase. O ideal é que seja realizada o quanto antes e oferecida em todas as situações. OBS.: as doses variam de acordo com a idade da vítima, consulte o material completo do Estratégia MED para saber as diferenças.

  • Sífilis: penicilina e benzatina 
  • Gonorreia: ceftriaxona + azitromicina
  • Clamídia: azitromicina
  • Tricomoníase: metronidazol

Hepatite B: vacinação, caso a paciente não tenha, e imunoglobulina anti-hepatite B. 

A vacinação é indicada para vítimas que tiveram exposição ao sêmen, sangue com fluídos corporais, ou não seja vacinada ou esteja com a vacinação incompleta ou desconhecida. Já a imunoglobulina é indicada para vítimas susceptíveis ou que o agressor seja HBsAg reagente ou de grupo de risco. 

HIV: uso de retrovirais por 28 dias que impeça a replicação viral, diminuindo o risco de infecção. Porém, dependendo da história clínica e do tempo passado, essa abordagem pode não ser mais indicada. 

É indicada para pacientes expostas com HIV negativa, com fonte de HIV positivo ou desconhecida ou em casos de violência sexual com ejaculação vaginal e/ou anal sem preservativo. Devem ser realizadas em até 72 horas após a exposição por 28 dias com as seguintes medicações: tenofovir/lamivudina + dolutegravir. 

OBS.: Em caso de gestantes o dolutegravir deve ser substituído por raltegravir. 

Exames Complementares

São segmentados em protetivos e forenses.

Os exames protetivos visam a proteção da vítima, portanto são realizados testes para HIV, sífilis, com refação de 30 a 90 dias após,  e hepatites B e C no atendimento inicial, e coleta de conteúdo vaginal para pesquisa de gonorreia e clamídia se houver disponível. Além disso, deve ser feito teste de gravidez em mulheres de idade fértil, com o objetivo de direcionar os fármacos da PEP. 

Já os exames forenses buscam auxiliar na identificação do agressor e colaborar com os laudos periciais. São realizados sangue, para possível achado do DNA do agressor, urina para exames toxicológicos, swabs de pesquisa de espermatozoides e análise de materiais inanimados para pesquisa de espermatozoides também. Importante ressaltar que os testes para ISTs não devem atrasar a profilaxia. 

Lembre-se: toda avaliação requer consentimento informado e o exame de perícia deve ser feito por um perito. 

Prevenção de gravidez

Todas as mulheres em período reprodutivo devem ter prescrição de contracepção de emergência se houver contato duvidoso com sêmen, caso a paciente não faça uso de algum método contraceptivo. O método mais utilizado é o levonorgestrel em dose única, ideal em até 3 dias após. 

Em casos de gravidez decorrente de estupro, a vítima tem o poder de escolha de manter a gestação ou interrompê-la, desde que a idade gestacional seja inferior a 20 semanas (ou peso inferior a 500g) e assinatura dos termos da portaria n° 2.561 de setembro de 2020.

Os termos envolvem  3  fases, sendo elas:

  • Relato de circunstância do evento;
  • Parecer técnico e termo de aprovação do procedimento de interrupção da gravidez; e
  • Termo de consentimento livre e esclarecido.

Atendimento psicológico

É necessário que a equipe de atendimento à vítima de violência sexual seja multidisciplinar, tendo em base ser imprescindível um atendimento psicológico, devido à possibilidade do desenvolvimento de transtornos psicológicos, em especial o transtorno de estresse pós traumático, além de todas as questões médicas. 

Pode ser realizado desde um atendimento individual, até  atendimento de enfermaria, em equipe, em grupo, atendimento familiar, entre outros, o que melhor acolher e ajudar a vítima. 

Gostou do conteúdo? Apesar de ser um assunto delicado, você, médico, pode se deparar com alguma situação dessas. Portanto, é importante que saiba ao menos como realizar um atendimento inicial.

Não deixe de conferir o material completo do Estratégia MED para ficar por dentro de tudo que você precisa para alcançar sua tão sonhada vaga na Residência Médica! Lá você encontra ebooks, resumos, video-aulas, banco de questões simulados e muito mais! 

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