ResuMED de disfunções sexuais femininas: fisiologia, tratamento e mais!

ResuMED de disfunções sexuais femininas: fisiologia, tratamento e mais!

Como vai, futuro residente? A sexualidade feminina está relacionada não só a fatores biológicos, mas também sociais e psicológicos, por isso, requer uma abordagem multidisciplinar.

Desse modo, as questões com o tema disfunções sexuais são abordadas não só na prova de Ginecologia, mas também nas de Psiquiatria e Medicina Preventiva. Nós do Estratégia MED elaboramos um resumo exclusivo com tudo que você precisa saber sobre o assunto para alcançar sua tão sonhada vaga na Residência Médica. Quer saber mais? Continue a leitura. Bons estudos!

Introdução

A saúde sexual inclui a integração de aspectos somáticos, intelectual e social do ser sexual, com isso, por definição, disfunção sexual corresponde às alterações em qualquer fase da resposta sexual que gerem sofrimento para a pessoa, com duração de sintomas por mais de 6 meses. 

Epidemiologicamente falando, as queixas sexuais correspondem a cerca de 40% no mundo e 49% no Brasil, mas a maioria não se configura como disfunções propriamente ditas. 

Sua sintomatologia inclui diminuição ou ausência do desejo sexual, dificuldade ou perda de excitação, impossibilidade de atingir o orgasmo e/ou dor durante o ato sexual, sendo a diminuição de desejo a mais prevalente e comum com o avançar da idade. 

Para entender algumas discussões, é importante que alguns conceitos sejam esclarecidos:

  • Desejo sexual: sensação de bem-estar físico e mental com relação ao sexo.
  • Excitação sexual: sensação de intumescimento da região genital pelo aumento de fluxo sanguíneo na região, levando a lubrificação do vestíbulo vaginal e consequentemente à sensação de prazer.
  • Orgasmo: contrações múltiplas prazerosas na genitália, de intensidade reduzida conforme a quantidade de acontecimentos, que resultam em relaxamento físico e emocional. 

Fisiologia da resposta sexual

Para entender as disfunções, primeiro é importante saber como funciona a fisiologia da resposta sexual, que pode ser dividida em diferentes modelos. 

O primeiro modelo é o de Masters e Johnson, de 1960 e 1970, que divide a resposta sexual em quatro fases sucessivas: excitação → platô → orgasmo → resolução. Porém, é um modelo criticado, pois funciona bem para homens, mas não é tão adequado para mulheres, por isso, Kaplan desenvolveu um novo que abrange homens e mulheres, com apenas 3 fases: desejo → excitação → orgasmo. 

Atualmente, o modelo mais aceito é o de Basson, um ciclo que engloba os aspectos psíquicos e emocionais da sexualidade, mas também é criticado já que se aplica a mulheres com parceiros fixos, não esporádicos. 

Classificação

Os transtornos sexuais podem ser classificados, de acordo com o DSM-V (Diagnostic and Statistical Mental Disorders), entre: 

  • Transtorno do interesse/excitação sexual feminino;
  • Transtorno do orgasmo feminino;
  • Transtorno da dor genitopélvica/penetração;
  • Disfunção sexual induzida por substância ou medicamento;
  • Outra disfunção sexual não especificada; e
  • Disfunção sexual não especificada.

Veja sobre cada subtipo a seguir.

Desejo sexual hipoativo ou transtorno do interesse; excitação sexual feminino 

O desejo sexual hipoativo a recorrente ou persistente deficiência ou ausência de fantasias e/ou pensamentos sexuais, e/ou desejo ou receptividade para atividade sexual, causando angústia pessoal, enquanto a disfunção de excitação é a incapacidade persistente, ou recorrente dificuldade, de ter ou manter uma resposta excitatória adequada de lubrificação e turgência até o término da atividade sexual. 

Transtorno do orgasmo feminino

Corresponde a um retardo e infrequência acentuados ou ausência de orgasmo e/ou intensidade muito reduzida de sensações orgásmicas, associadas a quase todas ou todas as relações sexuais. 

Transtorno da dor genitopélvica/penetração

Abrange todas as doenças relacionadas à dor sexual, incluindo vaginismo, dispareunia, dor pélvica crônica e vulvodínia, sendo mais abordadas nas provas de Ginecologia. 

Vaginismo: é o espasmo involuntário, recorrente ou persistente da musculatura do terço inferior da vagina, causa dificuldade persistente e recorrente em permitir a penetração do pênis, dedo ou objeto na vagina, apesar do desejo em fazê-los.  Seu tratamento inclui técnicas para relaxamento da musculatura do assoalho pélvico, com exercícios e dilatadores de Kegel. 

Dispareunia: é a dor genital durante o coito, que aparece antes, durante ou após a relação sexual. Pode ocorrer por fatores orgânicos  ou não, e pode ser classificada de acordo com o momento em que ocorre a dor, como dispareunia de penetração (início) ou dispareunia de profundidade (durante). Seu tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, focando na causa do desconforto. 

As principais causas de dispareunia podem ser divididas em diferentes diagnósticos conforme sua localização:

  • Vulva e vestíbulo: dermatite, líquen escleroso, líquen plano, úlceras genitais, hipertrofia de pequenos lábios, vulvodínia.
  • Vestíbulo e vagina:  atrofia, candidíase, tricomoníase, vaginite inflamatória, bartholinite, alergia ao látex, lubrificação inadequada, radiação prévia.
  • Uretra e bexiga: infecção urinária, divertículo uretral, cistite intersticial.
  • Períneo e ânus: episiotomia, dermatite, doença de Chron.
  • Pelve: retroversão uterina, prolapso uterino, leiomioma, endometriose, adenomiose, doença inflamatória pélvica, síndrome do intestino irritado. 

Disfunção sexual induzida por medicamento ou substância

Sobre esse assunto, o mais cobrado em prova se aplica ao uso de anticoncepcionais hormonais orais combinados, que aumentam a síntese de globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), reduzindo a fração livre de testosterona e estrogênio. Consequentemente, causam redução da libido.

Tratamento

O tratamento para disfunções sexuais, como dito anteriormente, envolve multidisciplinaridade, focando na causa primária identificada na mulher, com base em: educação sexual, associação de medicamentos, terapia sexual e psicoterapia. 

Primeiro, deve ser realizada a etapa não farmacológica, compreendendo os aspectos sociais, emocionais e psicológicos da paciente, além de abordar a relação com parceiros e/ou parceiras. 

Caso não seja suficiente, o uso de medicamentos pode ser indicado, principalmente em pacientes pós-menopausa, cujos níveis hormonais reduzidos contribuem para a diminuição do desejo sexual. Pode ser utilizado o uso de tibolona por agir na ação androgênica e pela redução dos níveis de SHBG. Mas, lembre-se, a psicoterapia tem um papel fundamental no tratamento das disfunções sexuais, principalmente a terapia cognitivo comportamental. 

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