ResuMED de epidemiologia das doenças infecciosas: principais tópicos

ResuMED de epidemiologia das doenças infecciosas: principais tópicos

Como vai, futuro Residente? Assuntos sobre medicina preventiva são muito cobrados nas provas de Residência Médica. Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo que você precisa saber sobre epidemiologia das doenças infecciosas para conquistar sua vaga. Para saber mais, continue a leitura, bons estudos!

Períodos epidemiológicos de grande importância

Podem ser detectados 4 intervalos de tempo de grande importância epidemiológica ao avaliar a evolução natural de uma doença infecciosa que auxiliam na identificação de possíveis datas de exposição à fonte infecciosa, bem como no estabelecimento dos períodos em que os indivíduos doentes (e seus contatos) devem ficar isolados. São eles:

  • Período de latência: depende do tipo de doença em questão.
    • Doenças infecciosas agudas: intervalo de tempo que varia desde a exposição do indivíduo ao patógeno até que o momento em que o indivíduo se torna infectado de forma propriamente dita.
    • Doenças infecciosas de longa duração: intervalo de tempo em que os sintomas da doença desaparecem após o indivíduo ter passado por um período sintomático da doença.
    • Doenças crônicas não transmissíveis: intervalo de tempo desde a aquisição do fator de risco até o estabelecimento da doença propriamente dita. 
  • Período de incubação: intervalo de tempo que varia desde a exposição ao agente infeccioso até o primeiro sinal ou sintoma da doença. Utilizado para identificação da possível fonte de infecção.
  • Período prodrômico: intervalo de tempo desde o primeiro sinal ou sintoma da doença até o primeiro sinal que confere a especificidade da doença. 
  • Período de transmissibilidade: intervalo de tempo em que o agente infeccioso pode ser transferido de um indivíduo para outro. 

Características do agente etiológico (bioagente)

As bancas costumam cobrar 7 propriedades, são elas:

  • Dose infectante: dose mínima necessária para que a infecção seja estabelecida.
  • Infectividade: determina a probabilidade do indivíduo ter a infecção a partir do contato com o bioagente.
  • Patogenicidade: capacidade do microrganismo de produzir a doença propriamente dita.
  • Poder invasivo: capacidade do parasito em se difundir  pelos tecidos, órgãos e sistemas do hospedeiro.
  • Imunogenicidade: capacidade de ativar o sistema imune do hospedeiro.
  • Antigenicidade: capacidade de interagir com o produto da resposta imune, seja celular ou humoral
  • Virulência: capacidade do microrganismo produzir casos graves ou fatais, 

Características do hospedeiro

As características do hospedeiro são tão importantes quanto as do agente etiológico, entre elas estão dois conceitos importantes: a susceptibilidade e a resistência.

Um hospedeiro é suscetível a determinado microrganismo quando não apresenta resistência à penetração, ao desenvolvimento ou à multiplicação desse agente infeccioso. Assim, se o indivíduo entrar em contato com esse agente, dependendo da dose infectante, a possibilidade de infecção é alta. 

Por outro lado, quando o hospedeiro tem a capacidade de se defender da entrada do agente ou até mesmo quando esse agente consegue penetrar, mas não consegue multiplicar porque o indivíduo é capaz de se proteger de alguma forma, dizemos que existe resistência

Imunidade é a resistência conferida pela ativação do sistema imune, geralmente por meio de anticorpos, e pode ser ativa ou passiva.

  • Imunidade ativa: o indivíduo produz ativamente sua própria forma de defesa, que inclui produzir seus próprios anticorpos.
  • Imunidade passiva: a proteção é conferida por imunoglobulinas, fornecidas ao hospedeiro. 

Algumas espécies apresentam resistência natural à penetração e à multiplicação de um determinado bioagente, o que as faz refratárias ao agente infeccioso. Esse tipo de resistência independe do sistema imune ou da reação específica dos tecidos, é simplesmente uma incompatibilidade do organismo em ser infectante para a espécie. 

Portadores são os indivíduos que albergam o agente infeccioso, mas são assintomáticos e servem como potenciais fontes de infecção, auxiliando na disseminação da doença. Podem ser ativos ou inativos.

  • Portadores ativos: embora sejam assintomáticos no momento, já manifestaram ou ainda vão manifestar a doença. Podem ser convalescentes (quando já estão se recuperando da doença e não apresentam mais sinais clínicos embora ainda transmitam o bioagente) ou incubados (estão no período de incubação e ainda apresentarão a doença, mas já transmitem o bioagente).
  • Portadores inativos: apesar da infecção, não manifestaram a doença, dispersando o microrganismo de forma silenciosa. 

Classificação de casos

Um caso é quando um indivíduo apresenta uma doença específica, um agravo da saúde ou condição sob investigação, pode ser alóctones, suspeito, confirmado, primário, secundário e assim por diante. 

Classificação quanto a certeza da presença da doença:

  • Caso presuntivo: o indivíduo apresenta sintomatologia compatível com a doença, mas não tem história epidemiológica ou confirmação laboratorial. 
  • Caso suspeito: indivíduo apresenta sintomatologia e história epidemiológica positiva, mas sem confirmação laboratorial.
  • Caso confirmado: indivíduo apresenta confirmação laboratorial de forma direta ou indireta. 
  • Caso confirmado por critério clínico epidemiológico: indivíduo tem clínica compatível com a doença e foi supostamente causado pela mesma fonte que o caso confirmado por critério laboratorial. 

Classificação quanto a certeza de presença da doença pela OMS:

  • Caso suspeito: indivíduo apresenta sinais e sintomas compatíveis com uma síndrome, mas o quadro clínico ainda não aponta especificamente para um diagnóstico etiológico.
  • Caso presumível ou possível: indivíduo apresenta sinais e sintomas específicos para determinada doença.
  • Caso confirmado: confirmado laboratorialmente. 

Classificação quanto à concordância entre o local de origem da infecção e o local do diagnóstico:

  • Caso alóctone ou importado: o indivíduo contrai a doença em uma determinada localidade, mas só é diagnosticada em outra.
  • Caso autóctones: origem no mesmo local em que o diagnóstico foi feito. 

Classificação quanto a posição na cadeia epidemiológica

  • Caso primário: paciente tem a doença, mas não apresenta história de contato de exposição à fonte de infecção ou com outro indivíduo doente.
  • Caso secundário: surge por contato após 24 horas do aparecimento do caso primário.
  • Caso coprimário: surge nas primeiras 24 horas seguintes ao aparecimento de um caso primário dentro de um grupo de contatos diretos (Ministério da Saúde).
  • Caso índice: primeiro caso da doença oficialmente registrado em determinada localidade, mas isso não o faz ser um caso primário,
  • Caso esporádico: surgem em uma localidade, mas não estão relacionados a outros casos já conhecidos. 

Medidas restritivas de contato

Existem 4 tipos de medidas restritivas de contato:

  • Quarentena: instituída para indivíduos que podem ter sido expostos ao agente etiológico, mas ainda não estão doentes.
  • Isolamento: se aplica aos indivíduos que já estão doentes, evitando a transmissão da doença.
  • Distanciamento social: medida aplicada a toda comunidade durante epidemias, para diminuir o contato social e reduzir o número de casos de determinada doença. Pode ser horizontal (ampliado) ou vertical (seletivo).
  • Lockdown/bloqueio total: restrição severa à circulação de pessoas de determinada localidade, incluindo bloqueios de entrada e saída da cidade. 

Fatores envolvidos na emergência e reemergência de doenças

Doenças emergentes são as que surgem recentemente em uma população ou que ameaçam se expandir em um futuro próximo, e as reemergentes são as que já foram controladas, eliminadas ou erradicadas, mas que, por alguma razão, ressurgiram na comunidade. 

O termo controle refere-se justamente ao controle da enfermidade, reduzindo os valores de incidência e frequência, e  termo eliminação consiste no completo desaparecimento de uma doença em determinada área geográfica, sem transmissão comunitária do agente etiológico. Já erradicação é o termo utilizado para referir-se ao completo desaparecimento da transmissão do agente etiológico da doença, ou seja, sua incidência é igual a zero. 

Se mesmo após a eliminação ou erradicação da doença ela ainda permanecer da sociedade, teremos o fenômeno de reemergência, que pode ser explicado por 3 etapas, vamos dar o exemplo com vírus:

  • O vírus sobre mudanças genéticas por mutações, recombinações ou arranjos segmentares genômicos que permitem a entrada em um novo hospedeiro.
  • Ele encontra condições para sua adaptação e desenvolvimento, sendo capaz de iniciar sua multiplicação.
  • Por fim, o vírus passa a ser transmitido pelo hospedeiro para indivíduos da nova espécie, desencadeando surtos, epidemias ou pandemias. 

Mas também existem fatores externos, ligados ao ambiente físico e à forma como a Humanidade vive, que permitem a reemergência de doenças, entre eles fatores demográficos, ambientais ou ecológicos, fatores ligados aos deslocamentos humanos e ao comércio internacional e fatores ligados à medicina, como utilização de tratamentos invasivos ou que induzem imunossupressão. 

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