ResuMED de febre reumática: conceitos, clínica, diagnóstico e tratamento

ResuMED de febre reumática: conceitos, clínica, diagnóstico e tratamento

Como vai, futuro Residente? Você sabia que um dos principais temas cobrados nas provas de Residência Médica é a febre reumática? Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo sobre o tema para você gabaritar as provas! Vamos abordar os principais pontos, como diagnóstico, critérios maiores e menores e tratamento. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

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Introdução

Febre reumática consiste em uma sequela não supurativa de uma infecção de orofaringe pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A em pessoas predispostas, além de ser a principal causa de cardiopatia adquirida em jovens no Brasil. 

Existe uma semelhança entre as estruturas do estreptococo e as estruturas do organismo humano, fazendo com que os anticorpos dirigidos ao estreptococo atinjam nosso organismo também, causando inflamação e lesão tecidual. Esse fenômeno é chamado de mimetismo molecular.

Além da susceptibilidade genética do indivíduo predisponente à febre reumática, a bactéria pode ter sorotipos que levam à maior reatogenicidade para a patologia. Com isso, para que haja a febre reumática é necessário:

  • Susceptibilidade individual;
  • Reatogenicidade do EBGA; e
  • Mimetismo molecular.

Quadro clínico

Geralmente, acomete crianças e adolescentes de 5 a 15 anos. Existem alguns critérios diagnósticos para a febre reumática, os Critérios de Jones, atualmente baseados na revisão feita pela American Heart Association de 2015. Nela, os critérios são divididos de acordo com moderado a alto risco de febre reumática, em critérios maiores e menores. São eles:

  • Critérios maiores: artrite, cardite, Coréia de Sydenham, eritema marginado, nódulos subcutâneos.
  • Critérios menores: mono artralgia, febre > ou igual a 38°C, VHS > ou igual a 30mm na 1° hora e/ou PCR > ou igual 3 mg/dL, intervalo PR prolongado para a idade a menos que a cardite seja um critério maior.

Vamos falar um pouco detalhadamente sobre os critérios maiores. Atente-se, são muito cobrados em prova!

Artrite

É o critério mais encontrado na febre reumática, alcançando cerca de 50 – 75% dos casos. Consiste em processo inflamatório em grandes articulações, de caráter migratório, limitante e de boa resposta aos anti-inflamatórios não hormonais, eles não deixam sequelas pós caso agudo. Entre as artrites, as mais importantes e que valem como critério maior são monoartrite, poliartrite e poliartralgia. 

Cardite

Na febre reumática o processo inflamatório é considerado pericardite, pois pode acometer qualquer camada do coração (pericárdio, miocárdio e endocárdio). Porém, em casos agudos, a principal manifestação cardíaca é a valvulite, principalmente nas valvas mitral e aórtica.

Geralmente, ocorre após três semanas da infecção estreptocócica, é o segundo sintoma mais comum da febre reumática e determina todo o prognóstico a longo prazo do paciente. 

Coreia de Sydenham

É uma manifestação neurológica associada à febre reumática, presente em cerca de 10 – 15% dos casos, mais comum em mulheres. 

Suas principais características são movimentos abruptos, arrítmicos e involuntários que cessam enquanto o paciente dorme, junto de fraqueza muscular e instabilidade emocional. Geralmente, surge tardiamente, em até 8 meses após a infecção, é autolimitada e apresenta melhora entre 6 semanas e 6 meses. 

Eritema marginado

Apesar de ser uma manifestação rara, é importante saber que acomete a pele, causando eritema evanescente, de coloração rósea ou vermelho claro, não pruriginoso, com centro da lesão mais claro e borda serpiginosa. Há maior acometimento do tronco, seguida de membros e poupa da face.

É um sintoma precoce, mas pode ocorrer tardiamente, geralmente associada à cardite. 

Nódulos subcutâneos

Também são manifestações raras, geralmente associados à cardite severa, de característica firme, indolores, simétricos, não pruriginosos e de tamanho variável até 2 cm, localizados em superfícies extensoras ósseas ou tendões.

Diagnóstico

Para confirmar um caso de febre reumática, são necessários dois critérios maiores ou um critério maior e dois menores, associados à evidência de infecção estreptocócica. Porém, não devem ser considerados:

  • Artrite como critério maior E artralgia como critério menor; e
  • Cardite como critério maior E aumento do PR como critério menor.

Porém, nos casos em que há cardite indolente como única manifestação após infecção estreptocócica recente e Coreia, não é necessário preencher outros critérios. Nesse último caso, é recomendado a realização de um ecocardiograma para evidenciar a cardite, e se diagnosticado, evidencia um longo período de latência entre a infecção e a instalação da coreia. 

Existem alguns diagnósticos diferenciais com a febre reumática pelos critérios. Veja:

  • Artrite: artrite reativa ao EBGA, lúpus eritematoso sistêmico, artrite idiopática juvenil, leucemia, doença falciforme, vasculite, artrite séptica.
  • Cardite: miocardite viral, endocardite infecciosa, doença de Kawasaki, pericardite viral, sopro inocente.
  • Coreia:doença de Huntington, doença de Wilson, encefalite.
  • Eritema marginado: reação à medicamentos, urticária.
  • Nódulos subcutâneos: ,lúpus eritematoso sistêmico, artrite idiopática juvenil.

Tratamento

O tratamento da febre reumática pode ser dividido em erradicação do estreptococo, tratamento da artrite, cardite e coreia e profilaxia secundária.

Erradicação do estreptococo

Assim que diagnosticada a infecção, é necessário erradicar o estreptococo da orofaringe, por meio da administração de penicilina benzatina em dose única intramuscular. Em casos de alérgicos, deve ser usada cefalexina.

Tratamento da cardite e artrite 

Para tratar a artrite utilizam-se os antiinflamatórios não hormonais por 1 – 2 semanas com dose plena, e após isso completam-se 4 semanas com dose reduzida pela metade. Já no caso da cardite, o tratamento é de suporte

O tratamento das funções valvares é feito de acordo com a sintomatologia e o perfil hemodinâmico do paciente. Porém, caso haja evolução severa, com alterações secundárias à valvulite, alguns autores recomendam o uso de corticosteróides, como prednisona 1 a 2 mg/kG/dia, com dose única, dose máxima de 80mg.

Tratamento da coreia

Apesar de ser autolimitada, às vezes é necessário o uso de medicamentos para reduzir as manifestações sintomatológicas, com o uso de carbamazepina e ácido valpróico, por pelo menos 3 semanas após a resolução dos sintomas. 

Profilaxia secundária

A droga escolhida para profilaxia secundária é a penicilina benzatina a cada 20 dias, e o tempo de duração depende da presença e gravidade da cardite, idade do paciente e o tempo em relação ao último surto. A penicilina é administrada nas seguintes doses:

  • Crianças com peso até 20 kg: 600.000 UI;
  • Crianças com peso maior que 20 kg: 1.2000.000 UI.

Em casos de alergias, pode ser usada sulfadiazina, eritromicina ou azitromicina. 

Chegamos ao fim do nosso resumo! Gostou do conteúdo? Não se esqueça de fazer parte do time Estratégia MED acessando a nossa plataforma! Lá você encontra tudo o que precisa sobre diversos temas para as provas de Residência Médica, com acesso à videoaulas, resumos, materiais, simulados, bancos de questões e muito mais exclusivamente para você, futuro Residente! Não deixe de conferir!

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