ResuMED de medicina de família e comunidade

ResuMED de medicina de família e comunidade

Como vai, futuro Residente? Você sabia que medicina preventiva é um tema muito abordado nas provas de Residência Médica? Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo sobre medicina de família e comunidade para te ajudar nas provas! Quer saber mais? Continue a leitura. Bons estudos!

Introdução

A medicina de família e comunidade (MFC) tem como objetivo cuidar de modo integral, ou seja, em todas as necessidades, das pessoas, famílias e comunidades em que vivem. É abrangente e feita a longo prazo, atuando principalmente na atenção primária à saúde. 

O principal profissional na MFC é o médico da família e comunidade, um clínico qualificado que possui ação influenciada pela comunidade, com desempenho focado na relação médico-paciente e recursos de uma população definida. 

Princípios da medicina de família e comunidade

Existem quatro princípios principais da MFC, são eles:

  • O médico especialista deve ser um clínico qualificado – um clínico com saberes construídos de modo direcionado às necessidades de atuação.
  • A atuação do médico de família é influenciada pela comunidade – o profissional deve ser capaz de se adaptar às mudanças e necessidades da comunidade.
  • O médico de família e comunidade é recurso de uma população definida – o médico deve desenvolver empatia e confiança com seus pacientes, assumindo a responsabilidade sobre as pessoas. Para isso, é fundamental que haja uma boa distribuição dos pacientes, sem sobrecarga. 
  • A relação do médico-pessoa é fundamental para o desempenho do médico da família e comunidade – o médico deve transmitir otimismo e coragem, demonstrando também discernimento e autodisciplina.

Por ser a longo prazo, o médico constrói forte relação de vínculo e lealdade com seus pacientes, por meio de ferramentas pouco presentes em outras especialidades, como visitas domiciliares e abordagem familiar.  

Atuação da medicina de família e comunidade

Diferentemente de outras especialidades médicas, o médico da medicina de família e comunidade costuma receber os pacientes quando surgem sintomas iniciais, antes de maior gravidade estabelecida. Aqui, a história natural da doença está apenas no início, com sintomas pouco definidos que fazem com que o médico trabalhe com muitas possibilidades diagnósticas e elenque muitos diferenciais. 

Método clínico

O método utilizado é o Método Clínico Centrado na Pessoa (MCCP), criado em 1995, no Canadá, ele configura um modelo de abordagem relativo ao modo de atuação do médico da família. O MCCP propõe a integração entre os aspectos relacionados à doença e a perspectiva da pessoa doente, com o objetivo de garantir “que as características particulares e as preferências de cada pessoa sejam levadas em consideração e de que se chegue a um plano de tratamento elaborado de acordo com esses fatores” (Stewart, 2017). 

Seus componentes são 4 e possuem uma característica em comum: promover a autonomia da pessoa no seu cuidado. Os 4 componentes são:

  • Explorando a saúde, a doença e a experiência da doença:  a doença, a saúde e a experiência da doença interagem entre si.
  • Entendendo a pessoa como um todo: integra conceitos do primeiro componente com o entendimento da pessoa como um todo, incluindo o momento do ciclo de vida e aspectos religiosos. 
  • Elaborando um plano conjunto de manejo de problemas: encontro de especialistas – o médico é especialista nos aspectos biomédicos do problema e a pessoa é especialista em sua experiência de saúde e doença. 
  • Intensificando a relação entre a pessoa e o médico: o médico deve evitar distanciamento com o paciente, enfatizando a necessidade de empatia e vínculo. 

Projeto terapêutico e singular

Segundo o Ministério da Saúde, o Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma ferramenta da atenção básica caracterizada por ser uma discussão coletiva entre os diversos membros da equipe interdisciplinar, que resulta em condutas terapêuticas articuladas para um caso específico de um indivíduo, família ou comunidade.

É direcionado para casos que possuam aspectos complexos, com a necessidade de reunião de todos os profissionais de uma equipe em busca de uma proposta coletiva de intervenção. A liderança fica com aquele(s) mais vinculado(s) ao(s)  projeto(s), o chamado profissional de referência do PTS, enquanto a escolha dos casos pode ser realizada por qualquer profissional da atenção primária. 

Abordagem familiar

A família é o centro da MFC, por isso o médico deve estar apto a compreender os aspectos de funcionamento de cada família para entender a causa dos problemas do paciente que está sob cuidados e poder planejar uma intervenção mais efetiva. Idealmente, o médico deve contatar a família todas as vezes que um problema possa influenciar no contexto familiar, exceto quando existir risco de violência de alguém, seja o paciente, um familiar ou o próprio médico. 

Ciclo familiar

As famílias podem mudar conforme o tempo, com mudanças de componentes, saídas de casa, questões sociais e falecimentos que podem afetar a estrutura familiar. Esses momentos de transição representam tempos de maior vulnerabilidade, e o médico deve reconhecer todos esses aspectos para orientar e ajudar as famílias, 

O ciclo de vida na classe popular e na classe média são diferentes. Consulte o material completo do Estratégia MED para ter acesso às suas principais características. 

Ferramentas da abordagem

As ferramentas de abordagem familiar mais famosas são o Genograma e Ecomapa

O genograma é uma ferramenta que utiliza símbolos para fornecer uma visão ampla do contexto da família, incluindo aspectos hereditários, de doenças, relacionamentos e hábitos de vida, e deve ser construído com pelo menos 3 gerações. Já o ecomapa expressa a relação entre a pessoa e o meio em que ela vive, mostrando, por exemplo, como a pessoa está vinculada aos serviços de saúde, igrejas, entre outros. 

Abordagem comunitária

A abordagem comunitária está relacionada à integração do serviço de saúde e comunidade, em que o médico, a comunidade e a equipe se apropriem do conhecimento da realidade e criem um canal de diálogo com a população para evitar problemas. 

O primeiro passo para essa abordagem é a realização de levantamento da situação daquela comunidade, a etapa preparatória. A segunda fase é a territorialização, em que a equipe trabalha com ferramentas de aplicação de questionários na comunidade, interação com as lideranças das populações e grupos de discussão para conhecer as particularidades do grupo. 

Por fim, a terceira fase de conhecer o território, em que a equipe pode finalmente planejar suas ações. Porém, existe a estimativa rápida, que consiste em uma abordagem para realizar um diagnóstico comunitário em que as condições de preparação, diagnóstico e planejamento não sejam possíveis de serem realizadas adequadamente. 

Em 2013 o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Educação Popular em saúde, que prevê uma troca de conhecimentos entre a população e a equipe de atenção básica, para que a voz da comunidade promova ações nos serviços de saúde direcionadas às necessidades específicas daquela população. 

Atenção domiciliar 

Pela Portaria 4.279/2010, o domicílio é considerado um possível ponto de atenção à saúde, em que nele podem ser desenvolvidas ações de todos os níveis de prevenção. Seus pontos fundamentais incluem a atenção domiciliar, o serviço de atenção domiciliar e o próprio cuidador. 

O serviço de atenção domiciliar deve se integrar com outros serviços da Rede de Atenção à Saúde, principalmente hospitais, serviços de urgência e atenção básica, evitando demanda direta dos usuários. No material completo do Estratégia MED você tem acesso às modalidades de atenção domiciliar, não deixe de conferir!

Grupo Balint e o efeito droga

A obra do professor Michael Balint destaca 2 pontos importantes: o “efeito droga” do médico e os grupos da Balint. Ressalta que o médico deve exercer sua ação terapêutica a partir de uma boa relação com seu paciente, comparando-o com um medicamento (droga). Assim, o médico passa a fazer parte do tratamento, melhorando as condições de recuperação. 

A partir disso, Michael Balint propõe a formação de grupos de discussão entre profissionais da saúde, com foco nos relacionamentos entre médico e paciente, os chamados grupos Balint. Estes devem ter entre 6 e 12 membros fixos, com um líder e um colíder, com duração entre 1h30-2h.

Cuidados paliativos

Por fim, vamos falar um pouco sobre Cuidados Paliativos, uma abordagem que promove qualidade de vida para pacientes em contextos de doenças fatais ou potencialmente fatais, por avaliação precoce e controle de sintomas desagradáveis, de caráter crônico ou agudo, com ou sem possibilidade de cura. 

Os cuidados paliativos devem estar presentes em todos os níveis de atendimento e se relacionam paralelamente ao tratamento. Ou seja, se a doença é ameaçadora da vida, inicia-se ao mesmo tempo, o tratamento e o cuidado paliativo. 

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