ResuMED de febre sem sinais localizatórios: definição, causas e mais!

ResuMED de febre sem sinais localizatórios: definição, causas e mais!

Como vai, futuro Residente? Um dos temas muito importantes nas provas de Residência Médica, principalmente em Pediatria, é a febre sem sinais localizatórios (FSSL). Por isso, nós do Estratégia MED trouxemos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre o assunto, incluindo seus principais tópicos como desde a definição até seu manejo clínico. Lembre-se, além de ser importante paras as provas, é de extrema importância para seu conhecimento prático! Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

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Introdução

A febre é uma das principais causas de consulta em Pronto Atendimento Infantil, ambulatórios e consultórios particulares, sendo possível, na maioria dos casos, do médico descobrir sua causa e tratá-la adequadamente. Porém, principalmente em crianças com menos de 3 anos, em alguns casos isso não é possível.

Fisiologicamente, a febre é um aumento da temperatura corporal em resposta a um estímulo, como bactérias, vírus e fungos, além de outros fatores de ativação, como autoanticorpos, imunocomplexos e tumores. Esses estímulos liberam a ativação de pirógenos endógenos, que se direcionam para a área pré-óptica do hipotálamo anterior, induzindo o aumento de prostaglandinas, que elevam o patamar de termorregulação e causam a febre.

Com isso, o centro termorregulador reconhece a temperatura corpórea atual como baixa e inicia uma série de eventos para elevá-la ao novo ponto de ajuste, incluindo aumento do ritmo metabólico, aumento do tônus e atividade muscular, vasodilatação periférica, calafrios e ereção dos pelos. 

O padrão-ouro para aferir a temperatura corporal é a medida retal, que quando superior a 38°C, é considerada como febre. No Brasil, a mais utilizada é a temperatura axilar, que considera febre um valor maior ou igual a 37,8°C, com uma variação de 0,5 a 1°C.

A febre sem sinais localizatórios (FSSL) é aquela que dura menos de 7 dias, sem causa estabelecida após exame físico e anamnese detalhadas. Vamos falar detalhadamente sobre ela. 

Causas de FSSL

As principais causas de FSSL são as doenças virais, benignas e autolimitadas, mas podem ser também bacterianas graves, como infecção do trato urinário oculta (mais comum), bacteremia oculta e pneumonia oculta, que acarretam risco de mortalidade. São considerados fatores de risco para infecções bacterianas graves:

  • Menos de três meses de idade, especialmente recém-nascidos, pois ainda não foram vacinados;
  • Temperatura acima de 39°C;
  • Aparência toxemiada;
  • Prematuridade;
  • Pacientes não vacinados; e
  • Pacientes com comorbidades associadas ou presença de doença crônica em uso de imunossupressor.

Abordagem diagnóstica e manejo

A abordagem diagnóstica da febre sem sinais localizatórios varia conforme a idade do paciente. 

Idade entre 0 e 28 dias

As infecções graves são mais comuns até os 3 meses de vida, principalmente em recém-nascidos, que podem ser divididos em prováveis portadores de sepse neonatal precoce, quando iniciada abaixo de 72 horas de vida, ou tardia, acima desse período. 

É indicada investigação laboratorial completa, inclusive com início de antibioticoterapia precocemente, geralmente a ampicilina associada à gentamicina na precoce, e ocaxilina com amicacina na tardia. São solicitados: hemograma e hemocultura, líquido cefalorraquidiano, antibioticoterapia empírica, internação, urina 1 e urocultura e radiografia de tórax, caso haja evidência de comprometimento respiratório. 

Idade entre 29 dias e 3 meses

Devem ser coletados inicialmente hemograma e urina 1, permitindo classificar a criança como baixo ou alto risco. O critério mais utilizados para essa classificação é o critério de Rochester:

  • Recém-nascido de termo;
  • Sem intercorrência no período pré-natal;
  • Sem uso de antibiótico perinatal;
  • Sem alteração no exame clínico;
  • Leucócitos entre 5.000 e 15.000/mm³; e
  • Sedimento urinário < 10.000 leucócitos/campo.

Se o paciente responder sim a todos os critérios acima, é considerado baixo risco e pode ser acompanhado ambulatorialmente, com orientação de retorno em 24 horas para reavaliação. Caso a resposta seja não, a qualquer um dos itens, o paciente deve ser internado imediatamente e dar sequência à coleta de hemocultura, urocultura, líquido cefalorraquidiano e radiografia de tórax. 

Deve também ser iniciada a antibioticoterapia empírica, primeiramente feita com cefalosporina de 3° geração.

Idade entre 3 e 36 meses

Se a criança estiver em bom estado geral, com temperatura menor ou igual a 39°C, pode ser recomendada a ir para casa com reavaliações diárias obrigatórias, sem necessidade de maiores investigações ou prescrição de antibióticos. Porém, as que apresentarem temperatura superior a 39°C devem ser investigadas para possível infecção bacteriana grave. 

Com isso, deve ser realizada uma urina-1 com urocultura. Se estiver alterada com leucocitúria > 100.000/ml, deve ser considerada infecção do trato urinário e iniciar antibioticoterapia enquanto aguarda o resultado da urocultura. Caso esteja normal ou com leucocitúria < 100.000/ml, é afastada a hipótese de infecção do trato urinário e deve-se coletar hemograma e hemocultura. 

Diante do resultado do hemograma, duas condutas podem ser tomadas:

  • Hemograma normal: leucócitos < 20.000/mm³ e neutrófilos < 10.000/mm³ ⇒ alta para o paciente, com reavaliação diária obrigatória.
  • Hemograma alterado: leucócitos > 20.000/mm³ e neutrófilos > 10.000/mm³ ⇒ radiografia de tórax.

Com o resultado da radiografia:

  • Radiografia alterada ⇒ diagnóstico de pneumonia oculta e iniciar antibioticoterapia;
  • Radiografia normal ⇒ suspeitar de bacteremia oculta – iniciar antibioticoterapia, de preferência cefalosporina de 3° geração e aguardar resultado de hemocultura. 

Novas atualizações

Alguns protocolos já levam em consideração a situação vacinal da criança na faixa etária de 3 a 36 meses de idade, em que se o paciente apresentar situação vacinal incompleta (menor que 3 doses das vacinas Hib e antipneumocócica) ou ausente, deve ser colhido um hemograma, pela suspeita de bacteremia oculta. Se a vacinação for completa, não há necessidade da realização de hemograma ou hemocultura.

Por fim, crianças que apresentam doença de base, devem ser realizadas toda a investigação diagnóstica e iniciada antibioticoterapia até o resultado de culturas e internação, igualmente para crianças que se encontram toxemiadas, em qualquer faixa etária.

Chegamos ao fim do nosso resumo! Neste texto você aprendeu mais sobre febre sem sinais localizatórios. Confira o Portal Estratégia MED para ter acesso a mais resumos de pediatria!

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