O útero é um órgão oco em forma de pêra que é responsável por uma variedade de funções, como gestação (gravidez), menstruação e trabalho de parto.
Navegue pelo conteúdo
Anatomia do útero
Anatomicamente, o útero está localizado na pelve feminina imediatamente posterior à bexiga e anterior ao reto. É dividido em quatro segmentos anatômicos principais (de superior para inferior): o fundo, o corpo, o istmo e o colo do útero.
O fundo representa uma ampla área curva na qual as trompas de Falópio se conectam ao útero. O corpo é o maior segmento e se conecta ao colo do útero através do istmo. O colo é a porção mais inferior do útero e conecta o corpo uterino ao lúmen vaginal.
O útero recebe sangue das artérias uterinas e ovarianas, que se originam do ramo anterior da artéria ilíaca interna. Quando penetram o miométrio esses vasos se ramificam nas artérias arqueadas e radiais. Ao entrarem no nível do endométrio, ramificam-se nas artérias basais e espirais.
A área fúndica do útero drena principalmente para os linfonodos para-aórticos, juntamente com a drenagem linfática ovariana e das trompas de falópio. As porções inferiores do útero drenam ao longo dos vasos sanguíneos uterinos para os linfonodos ilíacos externos e internos.
Embriologia do útero
O útero começa a se formar a partir da oitava semana de gestação junto com outros orgãos sexuais femininos, a partir dos ductos paramesonéfricos (mullerianos). O processo de diferenciação sexual envolvem fatores de crescimento, sinais hormonais e influências genéticas herdadas, que fazem com que os ductos mesonéfricos (Wolffianos) se desenvolvam na genitália interna masculina, mas não na feminina.
Devido à ausência de um cromossomo Y e falta de testosterona de qualquer tecido testicular, a sequência típica de eventos de desenvolvimento resulta na canalização e fusão dos ductos paramesonéfricos (mullerianos) no meio da pelve, o que dá origem aos órgãos pélvicos femininos. Nesse momento, os ductos mesonéfricos (Wolffianos) regridem.
As duas primeiras porções dos ductos Mullerianos constituem a trompa de Falópio. A terceira parte se canaliza após a fusão com sua contraparte para formar o útero, colo do útero e 1/5 superior da vagina.
Histologia do útero
O conhecimento sobre as camadas histológicas do útero são de extrema importância para identificação de patologias desses órgãos. Ele contém três camadas: o endométrio (camada mais interna), o miométrio e o peramétrio (camada mais externa).
O endométrio é formado por epitélio colunar simples com numerosas glândulas tubulosas endometriais. Existe um tropismo do vírus HPV por essa região.
Durante as diferentes fases do ciclo menstrual, o endométrio sofre alterações de espessura e a estrutura:
- Fase proliferativa ou estrogênica: nessa fase o revestimento interno cilíndrico simples é bastante Delgado após sofrer descamação na fase menstrual medindo cerca de 0,5 mm. Durante essa fase, o endométrio está revestido por epitélio colunar simples e grande quantidade de glândulas tubulosas endometriais retilíneas.
- Fase secretora: o endométrio alcança sua máxima espessura 5 mm como resultado do crescimento da mucosa, do acúmulo de secreção e do edema do estroma. Pelo estímulo da progesterona as glândulas geram aumento de tamanho e ficam tortuosas. Mitose são raras durante a fase secretória.
O miométrio é a camada mais espessa do outro, formada por pacotes de fibras musculares lisas separados por tecido conjuntivo. Já o segmento do colo uterino apresenta duas regiões histológicas distintas: o endocervix e o exocervix.
O primeiro é revestido por epitélio colunar simples e glandular. A ectocérvice possui epitélio estratificado plano que reveste a porção externa do colo uterino, estando ausentes as glândulas nesta região. Existe uma transição do epitélio colunar/glandular da cavidade uterina para o epitélio escamoso não-queratinizado externo ao colo uterino (porção vaginal do colo), a junção escamo-colunar.
Fisiologia do útero
Por mais que o útero não seja um órgão vital para sobrevivência, possui importantes funções para o desenvolvimento hormonal e na gestação.
Ciclo reprodutivo
O ciclo reprodutivo feminino é dividido didaticamente em dois, o ciclo ovariano e o ciclo uterino (menstrual), que ocorre de maneira simultânea. O ciclo ovariano é responsável pelo desenvolvimento e maturação dos oócitos, mediados pelo eixo-hipotálamo-hipófise-ovariano, com estimulação do FSH e LH.
O ciclo uterino consiste em uma série de mudanças dentro do endométrio sob influência do estrógeno e progesterona em preparação para a chegada de um óvulo fertilizado que se desenvolverá dentro do endométrio até o nascimento. É dividido em fase proliferativa (estrogênica), fase secretora (progestágena) e fase menstrual..
A fase proliferativa ocorre antes da ovulação, correspondendo à primeira fase do ciclo ovariano. Ocorre a proliferação das células epiteliais e estromais do endométrio que estava fino após a menstruação, chegando a dobrar sua espessura. O estrogênio é liberado no sangue, o que repara o endométrio.
A fase secretória ocorre após a ovulação, correspondendo à fase lútea do ciclo ovariano . A progesterona liberada pelo corpo lúteo estimula o crescimento adicional das glândulas endometriais e o espessamento do endométrio em preparação para a implantação de um óvulo fertilizado. Ocorre aumento do aporte sanguíneo, de glicogênio e proliferação e aumento da atividade glandular.
Se a fertilização não ocorrer, o corpo lúteo involui e há um declínio nos níveis de estrogênio e progesterona, estimulando a liberação de prostaglandinas, o que resulta em vasoconstrição das arteríolas dentro do útero. A vasoconstrição eventualmente leva à hipoperfusão dessas células, o que resulta em morte celular. Este processo inicia a descamação de sangue, fluido e células epiteliais das paredes endometriais para o colo do útero e para fora através da vagina.
Se o óvulo for fertilizado, o zigoto é impulsionado pelas trompas de falópio até o útero e suas células se dividem rapidamente durante essa descida. As células do zigoto continuam a se dividir até que se torne um blastocisto e se implanta invadindo a parede do endométrio.
Gravidez
Quando o blastocisto se implanta com sucesso no revestimento endometrial, ocorrem mudanças dentro do endométrio que levam à formação da placenta. A placenta fornece um ponto de passagem entre o feto em desenvolvimento e a circulação materna. Na gravidez, o útero hipertrofia para acomodar o feto em crescimento. Normalmente atinge a altura do umbigo com 20 semanas e o processo xifoide com 38 semanas.
Além disso, o útero sofre diversas alterações para se adaptar ao trabalho de parto, mudanças essas mediadas por hormônios. Perto do sétimo mês de gravidez, os níveis de progesterona começam a diminuir, enquanto os níveis de estrogênio aumentam constantemente. A proporção crescente de estrogênio para progesterona faz com que o miométrio se torne mais sensível aos estímulos que promovem as contrações. Além disso, o cortisol fetal aumenta no oitavo mês de gravidez, o que reduz ainda mais os efeitos da progesterona.
Além dessas mudanças hormonais, a ocitocina e as prostaglandinas, além da presença do próprio feto em crescimento, desempenham um papel importante em estimular ainda mais as contrações do miométrio e aumentar a força contrátil.
As contrações uterinas dilatam e apagam o colo do útero. Mais uma vez, um ciclo de feedback positivo começa onde o apagamento e a dilatação do colo do útero promovem ainda mais as contrações uterinas. As contrações tornam-se mais frequentes e mais duradouras à medida que o trabalho de parto avança. A próxima etapa do trabalho de parto começa quando a cabeça do feto entra no canal do parto e termina quando o bebê nasce.
O miométrio continua a se contrair após o nascimento, fazendo com que a placenta se solte da parte de trás da parede uterina para o parto através do canal do parto. A atonia uterina é a principal causa de hemorragia pós-parto, por isso muitos especialistas recomendam a utilização de ocitocina profilática no momento da retirada do ombro do bebê.
Veja também:
- Resumo de Anatomia e embriologia do sistema reprodutor feminino
- Resumo de sistema reprodutor masculino: anatomia, espermatogênese e mais!
- Resumo da anatomia e fisiologia do epidídimo!
Referências bibliográficas:
- Ameer MA, Fagan SE, Sosa-Stanley JN, et al. Anatomia, Abdômen e Pelve: Útero. [Atualizado em 6 de dezembro de 2022]. In: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470297/
- Gasner A, P A A. Physiology, Uterus. [Updated 2022 May 19]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK557575/
- JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. [12.ed]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
- Moore, Keith L.; DALLEY, Arthur F.. Anatomia orientada para a clínica. 6 Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2011.
- Crédito da imagem em destaque: Pexels