Anvisa aprova novas regras para prescrição de zolpidem e zopiclona

Anvisa aprova novas regras para prescrição de zolpidem e zopiclona

A partir de 1º de agosto de 2024, a prescrição de zolpidem e zopiclona, medicamentos usados para tratamento pontual da insônia, passará a exigir receita médica do tipo azul, com controle mais rigoroso, independente da concentração do medicamento. Essa mudança foi aprovada por unanimidade pelos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em reunião na última quarta-feira (15). Confira a decisão abaixo:

Anteriormente, existia a possibilidade de prescrever concentrações de até 10mg desses fármacos com receitas brancas de duas vias, uma para o paciente e outra para a farmácia. Com a nova resolução, todos os pacientes precisarão de uma receita azul, que impõe um acompanhamento mais exigente dos medicamentos psicotrópicos, garantindo que a prescrição e o uso ocorram de forma mais adequada.

Como funcionará a mudança

As receitas azuis incluirão informações detalhadas sobre o médico responsável pela prescrição e exigem o cadastro desses profissionais na autoridade sanitária local, limitando o número de prescrições similares que cada profissional pode emitir. Além disso, cada receita só pode incluir um medicamento, com a quantidade suficiente para um tratamento de 30 dias, que também é o prazo de validade da receita.

De acordo com o documento emitido pela Anvisa, até 1º de dezembro de 2024, os medicamentos à base de zolpidem ainda poderão ser fabricados com embalagem de tarja vermelha, mas só poderão ser vendidos mediante apresentação da receita adequada. Após essa data, todos esses medicamentos deverão ter tarja preta em suas embalagens.

A medida visa aumentar a segurança no uso de medicamentos para tratamento pontual da insônia e facilitar o monitoramento de sua prescrição, a fim de prevenir os pacientes de abuso dos medicamentos e dependência.

Tratamento da insônia

Diversos estudos demonstram a eficácia da terapia cognitivo-comportamental (TCC) no tratamento de insônia, sendo que esta é considerada por várias sociedades médicas como o tratamento padrão-ouro. Ela aumenta a eficiência do sono, o tempo de remissão, a resposta da medicação e combate vínculos e crenças negativas.  

Outra parte do tratamento não farmacológico inclui a higiene do sono adequada, que é o conjunto de hábitos comportamentais que facilitam o adormecer e a manutenção do sono, sendo um denominador comum em todas as intervenções terapêuticas utilizadas para as perturbações do sono. No entanto, esta ferramenta é útil como coadjuvante de outras terapias cognitivas e/ou farmacológicas, não existindo dados sobre a sua utilidade no tratamento da insônia aguda. 

• Dormir o tempo necessário para se sentir descansado (usualmente 7-8h nos adultos) e posteriormente levantar-se da cama;
• Evitar olhar constantemente para as horas ao deitar;
• Evitar excesso de líquidos ou refeições pesadas à noite;
• Evitar cafeína, nicotina e álcool quatro a seis horas antes de ir para a cama, e minimizar o seu uso diário;
• Manter um ambiente calmo, escuro, seguro e confortável no quarto quando for se deitar;
• Evitar um ambiente ruidoso, com luz e temperatura adequada durante o sono;
• Evitar o uso prolongado de TV, tablet, computadores ou celulares antes de dormir;
• Tentar resolver as “preocupações” antes de se deitar;
• Deitar e acordar todos os dias à mesma hora (±30min), incluindo fins-de-semana;
• Evitar exercício vigoroso três a quatro horas antes de se deitar;
• Evitar dormir durante o dia, especialmente se durar > 20-30 minutos.
Técnicas de higiene do sono. Rev Med de Familia e Comunidade, RJ, 2016.

As técnicas de relaxamento, como respiração consciente, meditação ou profunda ou relaxamento muscular progressivo, podem ser eficazes para reduzir a excitação fisiológica e psicológica e, assim, melhorar a fase de indução do sono. 

Para se iniciar tratamento farmacológico deve-se tentar antes medidas não farmacológicas. Deve-se tentar utilizar a medicação por curto prazo e preferencialmente de meia vida curta, para evitar sonolência diurna. Quando a farmacoterapia é usada, a seleção da medicação deve ser individualizada com base na idade do paciente e comorbidades, o tipo de queixa de insônia, perfis de efeitos colaterais, custo e preferência do médico e do paciente. 

As drogas disponíveis para tratamento farmacológico são benzodiazepínicos (triazolam, alprazolam, bromazepam e lorazepam), agonistas seletivos do receptor GABA A (Zolpidem, Eszopiclone, Zoplicone), agonistas do receptor de melatonina (Ramelton e Transimelton), antagonista do receptor de histamina e os antidepressivos sedativos (amitriptilina, mirtazapina, trazodona).

As diretrizes brasileiras orientam como primeira escolha medicamentosa agonistas seletivos do receptor GABA não-benzodiazepinicos. Como segunda linha, pode-se utilizar antidepressivos sedativos. Os benzodiazepínicos pelo risco de dependência é uma medicação de terceira linha, devendo ser utilizado na menor dose possível e em curto prazo. Na maioria das circunstâncias, o tratamento deve começar com a dose mais baixa disponível. 

Saiba mais: Resumo de insônia: diagnóstico, tratamento e mais!

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