Entidades médicas orientam para a imunização de afetados e equipes de resgate no Rio Grande do Sul
Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

Entidades médicas orientam para a imunização de afetados e equipes de resgate no Rio Grande do Sul

Nota técnica tem como principal preocupação doenças transmitidas pela água

Foi elaborada na última sexta-feira (10) uma nota técnica conjunta entre a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Imunizações cujo principal tópico de preocupação é a exposição da população à água de enchentes. Desta forma, as sociedades recomendaram a vacinação de pessoas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul e das equipes envolvidas nas operações de busca e salvamento em todo o estado. Confira a nota conjunta clicando no botão abaixo:

Siga no texto e confira as principais diretrizes apresentadas pelas entidades na nota técnica. 

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Orientações gerais e observações importantes

Cartão de vacinação

Crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e pacientes com condições de saúde comprometidas que tenham seu histórico vacinal disponível devem completar as doses necessárias de acordo com a idade ou condição clínica.

Por outro lado, crianças, adolescentes e adultos sem histórico documentado de vacinação devem ser considerados não vacinados e devem seguir as diretrizes recomendadas para a sua faixa etária.

Vacinas de rotina

Durante os períodos de enchentes, crianças e adolescentes sem histórico vacinal devem ser tratados como se estivessem em dia com as vacinas e devem receber apenas as doses recomendadas para a idade atual.

As famílias devem ser instruídas sobre a importância de comparecer a uma unidade de saúde posteriormente para revisão do histórico vacinal e avaliação da necessidade de atualização.

Gestantes

Gestantes devem receber vacinas inativadas especialmente recomendadas para indivíduos deslocados por desastres e enchentes, desde que não haja contraindicações para este grupo.

Contraindicações

Gestantes, pessoas com sistema imunológico comprometido ou em tratamento com imunossupressores não devem receber vacinas virais vivas atenuadas, tais como a vacina contra varicela, tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba), tetraviral (contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela), vacina contra febre amarela e vacina contra dengue.

Crianças com condições de imunossupressão também não devem receber vacinas contra rotavírus e poliomielite oral. A triagem deve ser feita com base no autorrelato, de acordo com as entidades.

Soros e imunoglobulinas 

Devem ser usados em casos de necessidade imediata de proteção contra raiva e tétano, ou seja, quando não é possível esperar que o organismo produza anticorpos após as doses. Também são recomendados para gestantes e indivíduos imunocomprometidos em casos de contraindicação às vacinas vivas atenuadas.

BCG

A vacina BCG deve ser administrada apenas em unidades de saúde, pois requer um profissional capacitado para evitar eventos adversos graves. Idealmente, deve ser administrada logo após o nascimento, preferencialmente no ambiente hospitalar.

Aplicação concomitante de vacinas

A aplicação simultânea de vacinas é possível, desde que administradas em locais diferentes do corpo. No entanto, é necessário observar os intervalos específicos, dependendo das combinações de doses.

Por exemplo, a vacina contra a dengue, que é atenuada, não deve ser administrada no mesmo dia que qualquer outra vacina. Recomenda-se um intervalo de 24 horas para vacinas inativadas e 30 dias para vacinas vivas atenuadas.

Recomendação para imunizações

Além das vacinas administradas como parte dos programas de imunização de crianças, adolescentes, gestantes, adultos e idosos, as vacinas abaixo devem ser administradas a  indivíduos afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul e aos envolvidos nas equipes de resgate, exceto se portarem carteira de vacinação com registro das doses já realizadas.

Influenza 2024 e COVID-19

Todas as pessoas afetadas por enchentes ou envolvidas em operações de busca e salvamento, com 6 meses de idade ou mais, devem receber a vacina contra gripe e a vacina contra COVID-19, a menos que haja contraindicações.

Conforme o documento, as vacinas começam a fazer efeito aproximadamente duas semanas após a administração, portanto, outras medidas devem ser tomadas para mitigar a propagação desses vírus respiratórios.

Tríplice viral

A vacina contra sarampo, rubéola e caxumba deve ser administrada em todas as pessoas entre 12 meses e 59 anos afetadas por enchentes ou envolvidas em operações de busca e salvamento, a menos que haja contraindicações ou registro de vacinação na carteira.

As doses são importantes para prevenir surtos em abrigos e são recomendadas para todos que não foram vacinados com pelo menos uma dose.

Hepatite A

A vacina contra hepatite A é recomendada para todas as crianças aos 12 meses de idade ou até os 5 anos, se ainda não vacinadas. A vacina também é recomendada para pacientes imunodeprimidos e pessoas com doenças crônicas específicas.

No caso do Rio Grande do Sul, a recomendação se deve ao risco de surtos durante e após enchentes, quando há alta exposição ao vírus.

Tétano

No Rio Grande do Sul, adolescentes, adultos e idosos devem receber um reforço antitetânico se não foram vacinados nos últimos cinco anos ou se não têm registro de vacinação disponível.

As vacinas dT (difteria/tétano) ou dTpa (difteria/tétano/coqueluche acelular) podem ser usadas de acordo com as recomendações do Programa Nacional de Imunizações, sendo a dTpa indicada para grávidas a partir de 20 semanas de gestação e a dT para adolescentes, adultos e idosos. Na ausência de dT, a dTpa pode ser utilizada.

Crianças sem registro de vacinação contendo o componente antitetânico devem ser vacinadas com dT ou dTpa.

De acordo com o documento, em situações de inundação, o contato com água e objetos contaminados pode aumentar o risco de feridas e cortes, aumentando o risco de tétano.

Raiva

A imunização antirrábica deve ser reservada para a prevenção após exposição em situações de perigo de contrair raiva – por exemplo, após ser mordido por mamíferos, incluindo cavalos e gado, ou após contato com morcegos.

O protocolo pode envolver uma série de doses da vacina, juntamente com o uso de soro antirrábico, e deve ser administrado o mais rapidamente possível. No caso das enchentes, nas operações de resgate e interações com animais domésticos ou selvagens há o risco de exposição à raiva.

De qualquer modo, o uso rotineiro da vacina contra raiva não é recomendado, mesmo para aqueles envolvidos em operações de resgate. Deve ser reservado para casos de exposição à raiva, conforme os procedimentos médicos estabelecidos. É aconselhável que pessoas nessas circunstâncias busquem imediatamente assistência médica para avaliação.

Hepatite B

Todos os envolvidos em operações de resgate, profissionais de saúde, socorristas e voluntários devem ser vacinados. O número de doses necessárias varia de acordo com o histórico vacinal – pessoas sem registro de vacinação ou não vacinadas devem receber uma dose inicial e retornar para doses adicionais, se necessário.

Indivíduos com registros incompletos de vacinação devem completar o esquema, respeitando os intervalos recomendados entre as doses (0-2-6 meses), até a última dose.

Aqueles imunocompetentes que tenham recebido as três doses completas não precisam de doses adicionais.

Pessoas com imunossupressão, como pacientes com HIV, independentemente do nível de CD4; aqueles com doença hepática crônica; pacientes renais crônicos; portadores de câncer; receptores de transplantes de órgãos ou células-tronco hematopoiéticas; e indivíduos com doenças autoimunes tratadas com imunossupressores potentes, entre outros, devem receber uma dose de reforço da vacina.

Febre Tifoide

A vacinação contra a febre tifoide é recomendada para socorristas, se disponível, devendo ser administrada uma dose.

Confira mais orientações no documento oficial divulgado pelas entidades: Nota técnica conjunta da Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Gaúcha de Infectologia e Sociedade  Brasileira de Imunizações: recomendações de imunização para pessoas em situação de enchentes no Rio Grande do Sul

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