A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em parceria com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), atualizou a classificação da pressão arterial. A partir de agora, a aferição de 120/80 mmHg deixa de ser considerada normal e passa a indicar pré-hipertensão.
O objetivo da reclassificação é intensificar o rastreio precoce de indivíduos sob risco e antecipar intervenções preventivas e não medicamentosas no intuito de prevenir a progressão do quadro de hipertensão dos pacientes. A partir de agora, portanto, para que a aferição passe a ser considerada pressão normal, ela precisa ser inferior a 12 por 8.
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Pré-hipertensão
Segundo o cardiologista e professor do Estratégia MED, Juan Demolinari Ferreira, a pré-hipertensão é um estágio de alerta, caracterizado por valores de PAS 120–139 mmHg e/ou PAD 80–89 mmHg. “Não é hipertensão, mas também não é normal. Nesses casos, já se recomendam mudanças no estilo de vida, acompanhamento médico regular e investigação de possíveis quadros de hipertensão mascarada”, explica.
Mudanças na Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025
A nova categoria “pré-hipertensão” é definida pelo PAS 120–139 mmHg e/ou PAD 80–89 mmHg. Antes, a pré-hipertensão começava em 130–139/85–89 e 120–129/80–84 era “normal/limítrofe”. Confira como ficou a classificação da pressão arterial segundo a nova diretriz:
Classificação da PA | PAS (mmHg) | + | PAD (mmHg) |
---|---|---|---|
PA normal | < 120 | e | < 80 |
Pré-hipertensão | 120-139 | e/ou | 80-89 |
HA Estágio 1 | 140-159 | e/ou | 90-99 |
HA Estágio 2 | 160-179 | e/ou | 100-109 |
HA Estágio 3 | ≥ 180 | e/ou | 110 |
Antes, no hipertenso estágio 1 de baixo risco era recomendado usar a monoterapia medicamentosa apenas após 3 meses de tratamento não medicamentoso frustrado. Atualmente, neste grupo é recomendado o início imediato de tratamento medicamentoso, com a opção preferencial de serem duas medicações combinadas.
Além disso, as metas de tratamento ficaram mais intensas: a diretriz recomenda <130/80 mmHg como alvo para todos os grupos com hipertensão (quando tolerado) e também para quem tem 130–139/80–89 mmHg com alto risco após três meses de medidas não medicamentosas. Não há mais uma meta diferente baseada no risco cardiovascular, na fragilidade ou na idade. A limitação à meta é a intolerância a efeitos colaterais.
A avaliação de risco cardiovascular para doença aterosclerótica é recomendada a partir do escore PREVENT da AHA. As mudanças do estilo de vida devem ser prescritas para todos indivíduos com PA maior ou igual a 120/80 mmHg.
Ainda, houve mudança da nomenclatura da urgência hipertensiva para “elevação da PA sem lesão de órgão-alvo” e a meta de tratamento é uma reavaliação ambulatorial entre 1 e 7 dias com alvo de PAS < 160 e PAD < 100 mmHg.
O valor usado como referência para crise hipertensiva antes era 180/120 mmHg e agora é falado em 180/110 mmHg. Porém, cabe ressaltar que se houver lesão aguda de órgão-alvo define-se como emergência hipertensiva independentemente dos níveis tensionais.
Sobre a técnica de aferição da pressão arterial, antes era recomendado permanecer 60 minutos sem atividade física, uso de álcool, café ou alimentos e 30 minutos sem fumar. Na nova diretriz é recomendado permanecer 30 minutos sem fumar, sem ingerir alimentos e sem ingerir cafeína e 90 minutos sem praticar atividade física.
Tabela de classificação de risco cardiovascular
A tabela de classificação de risco cardiovascular atribuída à hipertensão teve uma mudança substancial com a inclusão da categoria “Risco muito alto”. Como era:
PAS 130-139 ou PAD 85-89 | HAS Estágio 1 (PAS 140-159 ou PAD 90-99) | HAS Estágio 2 (PAS 160-179 ou PAD 100-109) | HAS Estágio 3 (PAS ≥ 180 ou PAD ≥ 110) | |
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Sem fator de risco | Sem risco adicional | Risco Baixo | Risco Moderado | Risco Alto |
1-2 fatores de risco | Risco Baixo | Risco Moderado | Risco Alto | Risco Alto |
≥ 3 fatores de risco | Risco Moderado | Risco Alto | Risco Alto | Risco Alto |
Presença de LOA, DCV, DRC ou DM | Risco Alto | Risco Alto | Risco Alto | Risco Alto |
Agora confira como ficou a tabela após a nova diretriz:
Fatores de risco CV / presença de LOA ou DCV | PAS 130-139 / PAD 80-89 | Estágio 1 (PAS 140-159 / PAD 90-99) | Estágio 2 (PAS 160-179 / PAD 100-109) | Estágio 3 (PAS ≥ 180 / PAD ≥ 110) |
---|---|---|---|---|
Sem fatores de risco CV | Risco Baixo | Risco Baixo | Risco Moderado | Risco Alto |
1 ou 2 fatores de risco CV | Risco Baixo | Risco Moderado | Risco Alto | Risco Alto |
≥ 3 fatores de risco CV | Risco Moderado | Risco Alto | Risco Alto | Risco Alto |
LOA, DRC Estágio 3 ou DM | Risco Alto | Risco Alto | Risco Alto | Risco Muito Alto |
DCV estabelecida ou DRC Estágio ≥ 4 | Risco Muito Alto | Risco Muito Alto | Risco Muito Alto | Risco Muito Alto |
O que muda no atendimento?
A nova diretriz recomenda o uso preferencial do esfigmomanômetro automático de braço na prática clínica, com confirmação por MAPA ou MRPA sempre que possível.
Pacientes com PA 120–139/80–89 mmHg devem ser classificados como pré-hipertensos e orientados quanto a mudanças no estilo de vida (válidas para todos com PA ≥120/80 mmHg). O início de tratamento farmacológico deve ser considerado nos casos de 130–139/80–89 mmHg associados a alto risco cardiovascular, quando não houver resposta às medidas não medicamentosas após 3 meses.
As metas terapêuticas passam a ser <130/80 mmHg para todos os hipertensos, sempre que tolerado, com monitoramento também guiado por MAPA/MRPA.
Equipe de Jornalismo do EstratégiaMED, com revisão médica de Juan Demolinari Ferreira (Cardiologia/EstratégiaMED)
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