Resumo sobre Tendinite Patelar: definição, diagnóstico e mais!
Fonte: Freepik

Resumo sobre Tendinite Patelar: definição, diagnóstico e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a Tendinite Patelar, uma condição que afeta o tendão do joelho, geralmente causada por sobrecarga ou repetição excessiva de movimentos, podendo comprometer a mobilidade e o desempenho do paciente.

O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica cada vez mais eficaz e segura.

Vamos nessa!

Definição de Tendinite Patelar 

A tendinite patelar, também conhecida como “Jumper’s Knee” (joelho do saltador), é uma inflamação do tendão patelar causada, principalmente, por esforços repetitivos e sobrecarga excêntrica em flexão do joelho. 

A condição é comum em atletas que praticam esportes com saltos frequentes, como vôlei e basquete, devido ao impacto gerado pela desaceleração do movimento. Sua prevalência ocorre entre adultos jovens, de 20 a 40 anos, com incidência semelhante entre homens e mulheres. 

O quadro pode evoluir para alterações degenerativas e microrrupturas do tendão, especialmente na região do polo inferior da patela. A classificação de Blazina divide a patologia em quatro graus, variando desde dor leve após a atividade física até a ruptura parcial ou total do tendão.

Anatomia do Tendão Patelar

O tendão patelar é uma extensão do tendão do músculo quadríceps femoral, conectando o polo inferior da patela à tuberosidade anterior da tíbia. Sua principal função é transmitir a força gerada pelo quadríceps para a perna, permitindo a extensão do joelho. 

Possui aproximadamente 4,5 a 5 cm de comprimento, 3 cm de largura na porção proximal e 2,4 cm na distal, com espessura variando de 3 mm na região proximal a 5 mm na distal. Embora o comprimento seja semelhante entre os sexos, a espessura tende a ser menor nas mulheres. 

A vascularização do tendão patelar é garantida pelas artérias geniculares medial descendente e inferior, genicular lateral e a artéria tibial anterior recorrente.

Anatomia do joelho
Fonte: UpToDate

Fatores de risco da Tendinite Patelar

Os fatores de risco para tendinite patelar incluem aspectos biomecânicos, sobrecarga de treinamento e condições médicas. Entre os principais fatores estão o aumento do volume de atividades de impacto, como saltos frequentes em esportes como vôlei e basquete, especialmente após períodos de baixa carga de trabalho. 

Além disso, a diminuição da dorsiflexão do tornozelo, a redução da flexibilidade dos isquiotibiais e do quadríceps, e a maior altura do salto de contramovimento podem contribuir para o desenvolvimento da condição.

A sobrecarga no treinamento, principalmente acima de 20 horas semanais, tem forte associação com a tendinopatia patelar, assim como lesões prévias no joelho e a inflexibilidade do tendão da coxa. Alterações na mecânica da extensão do joelho também são fatores de risco, com estudos demonstrando padrões específicos no torque extensor associados à patologia.

O uso de determinados medicamentos, como fluoroquinolonas, glicocorticoides, inibidores da aromatase e estatinas, pode aumentar a suscetibilidade à tendinopatia, embora a relação com o tendão patelar ainda não esteja bem estabelecida. 

Apesar de doenças metabólicas, como obesidade, hiperlipidemia e diabetes tipo 2, estarem associadas à tendinopatia do calcâneo, não há evidências consistentes de que influenciem a tendinopatia patelar.

Quadro clínico da Tendinite Patelar

O quadro clínico da tendinite patelar pode ser dividido em três fases progressivas, caracterizadas pelo agravamento dos sintomas e comprometimento funcional do paciente.

Primeira fase

Nesta fase inicial, o desconforto surge logo após a atividade física, sendo leve e transitório. A dor geralmente é localizada no polo inferior da patela e não impede a conclusão do exercício. 

Como tende a desaparecer com o repouso, muitos indivíduos a interpretam como uma simples fadiga muscular, o que dificulta o diagnóstico precoce. Não há alterações estruturais significativas no tendão nesta etapa.

Segunda fase

A dor passa a ser mais evidente e aparece logo no início da atividade física, podendo persistir por um período mais longo após o término do exercício. O paciente frequentemente sente a dor ao realizar movimentos que exigem a contração dos extensores do joelho, como pular, saltar e correr. 

Pode ocorrer inchaço no local, refletindo um processo inflamatório mais ativo. Apesar disso, a maioria dos pacientes ainda consegue manter suas atividades esportivas e cotidianas, embora com desconforto progressivo.

Terceira fase

Nesta fase crônica, ocorrem alterações estruturais no tendão devido à degeneração progressiva e à cicatrização inadequada. A dor torna-se constante, podendo surgir mesmo em atividades leves, como subir escadas ou caminhar. Além disso, sintomas como rigidez e limitação funcional começam a impactar diretamente a rotina do paciente.

Uma característica comum entre atletas é o fenômeno de “aquecimento”, em que a dor diminui durante a atividade, levando-os a subestimar a gravidade da lesão e a continuar treinando. No entanto, a dor geralmente piora após o esforço e no dia seguinte. Em casos mais avançados, pode ser necessário interromper atividades físicas de impacto para permitir a recuperação do tendão.

Diagnóstico de Tendinite Patelar

O diagnóstico da tendinopatia patelar é, na maioria dos casos, clínico, baseado na história do paciente e no exame físico. Afeta principalmente indivíduos ativos, especialmente aqueles que praticam esportes que envolvem saltos e corridas repetitivas, como vôlei e basquete. 

A dor geralmente se desenvolve de forma gradual, localizada logo abaixo da patela, e piora com atividades que envolvem carga sobre o joelho, como subir escadas ou agachar. Embora exames de imagem não sejam essenciais para o diagnóstico, podem ser úteis para excluir outras condições. 

Exame físico 

O exame físico na tendinite patelar envolve a avaliação da dor e da função do joelho, com foco na identificação de sinais específicos da lesão. Geralmente, não há inchaço evidente, mas a palpação revela sensibilidade focal no polo inferior da patela ou no corpo do tendão patelar. Essa dor localizada pode ser exacerbada por atividades que sobrecarregam o tendão, como saltos ou desacelerações bruscas.

O teste do agachamento declinado com uma perna é um dos mais indicativos, pois tende a provocar dor no início da flexão do joelho. Além disso, a avaliação da cadeia cinética é fundamental para identificar fraquezas musculares nos glúteos, quadríceps e panturrilhas, assim como déficits de flexibilidade nos isquiotibiais e quadríceps, que podem agravar a condição.

Alterações biomecânicas no pé e tornozelo, como arco alto, hiperpronação ou dorsiflexão reduzida, também devem ser observadas, pois impactam a absorção de impacto e podem aumentar a sobrecarga no tendão patelar. Uma diferença de mais de 10 graus na dorsiflexão entre os tornozelos pode indicar necessidade de intervenção fisioterapêutica para melhorar a mobilidade e reduzir a carga sobre o joelho.

Diagnóstico por imagem

O diagnóstico por imagem da tendinopatia patelar geralmente não é necessário, pois a condição pode ser identificada com base nos sintomas e no exame físico. No entanto, exames de imagem podem ser utilizados para descartar outras lesões ou avaliar a gravidade da tendinopatia em casos mais complexos.

  • Ultrassonografia: a ultrassonografia é um exame acessível e amplamente utilizado para avaliar a tendinopatia patelar. Com Doppler colorido, permite identificar inflamação e neovascularização. Os achados mais comuns incluem espessamento e degeneração do tendão, mas nem sempre se correlacionam com a dor do paciente. O exame pode ser feito à beira do leito, sendo útil no acompanhamento clínico, especialmente em atletas, embora sua interpretação ainda gere debates.
  • Ressonância magnética: a ressonância magnética fornece imagens detalhadas do tendão patelar e estruturas adjacentes. O principal achado é o aumento do sinal na porção proximal do tendão, podendo haver edema na gordura de Hoffa. É indicada em casos complexos ou com suspeita de lesões associadas, como rupturas parciais. Apesar da alta precisão, seu custo e a falta de correlação direta com os sintomas limitam seu uso de rotina.
  • Radiografia: a radiografia tem papel secundário no diagnóstico, pois não visualiza o tendão diretamente. No entanto, pode descartar calcificações, fraturas por estresse ou anormalidades ósseas, sendo útil apenas em casos específicos.

Tratamento da Tendinite Patelar

O tratamento da tendinopatia patelar envolve a gestão da dor, controle da carga e reabilitação progressiva do tendão. O primeiro passo é avaliar a irritabilidade do tendão, determinando se a dor persiste por mais de 24 horas após atividades que sobrecarregam o joelho. Se a dor for estável e manejável, o paciente pode continuar a atividade com moderação. O uso de gelo e anti-inflamatórios não esteroides pode ser útil no alívio dos sintomas iniciais.

A reabilitação se baseia em um programa de fortalecimento progressivo, que segue quatro etapas: exercícios isométricos (contração sem movimento), isotônicos (movimento controlado), exercícios de armazenamento de energia (explosivos, como saltos) e atividades específicas do esporte. 

Esse modelo de tratamento mostrou melhores resultados em comparação com abordagens focadas apenas em fortalecimento excêntrico. Para atletas mais velhos ou de alto rendimento, a ultrassonografia pode ajudar a identificar degenerações no tendão, exigindo uma abordagem mais cautelosa.

Além do fortalecimento, ajustes biomecânicos são fundamentais. Testes funcionais podem identificar desequilíbrios na cadeia cinética, como queda pélvica, desalinhamento do joelho e restrição de dorsiflexão do tornozelo, permitindo intervenções específicas. Evitar aumentos abruptos na carga de treinamento também é essencial.

Tratamentos complementares, como bandagens e palmilhas ortopédicas, podem oferecer alívio temporário, mas a evidência sobre sua eficácia a longo prazo é limitada. Métodos como terapia por ondas de choque extracorpóreas (ESWT) ainda carecem de comprovação definitiva para tendinopatia patelar. Por outro lado, abordagens como infiltrações de corticosteroides, proloterapia e plasma rico em plaquetas não possuem forte respaldo científico para essa condição.

O sucesso do tratamento depende da progressão gradual dos exercícios, respeitando os limites da dor. O retorno ao esporte deve ser feito com cautela, garantindo que o tendão esteja fortalecido para suportar a carga exigida.

Veja também!

Referências

Stephan F Praet, MD, PhD, FEBSM, FACSEPJohannes Zwerver, MD, PhD. Patellar tendinopathy. UpToDate, 2025. Disponível em: UpToDate

SIQUEIRA, Eduardo Martins de; MORAES, Cícero (org.). Manual de ortopedia para generalista. Governador Valadares: Univale Editora, 2022. 320 p. ISBN 978-65-87227-31-3.

Você pode gostar também