Entrar em uma residência médica é sempre um divisor de águas na vida do médico recém-formado. No caso da Anestesiologia, o sentimento costuma vir acompanhado de insegurança: afinal, trata-se de uma especialidade com pouco contato prático durante a graduação. Para mostrar como esse processo funciona na prática, conversamos com Larissa Gabrielle, residente médica do primeiro ano em Anestesiologia na Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
Ela compartilhou com o Estratégia MED como foram as primeiras semanas da residência e deu dicas valiosas para quem está prestes a iniciar o mesmo caminho. Continue no texto e confira!
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Treinamento do zero
De acordo com Larissa, a FMABC, como outras escolas médicas, entende que a maioria dos ingressantes têm pouco ou nenhum contato prático prévio com a Anestesiologia. Por isso, o treinamento começa literalmente do zero: desde abrir uma ampola sem se cortar até acompanhar um procedimento mais complexo.
Um dos grandes medos de quem inicia é a cobrança imediata por habilidades técnicas, como intubação ou bloqueios. E Larissa explica que não é assim que acontece: “Eles pegam na nossa mão. Nada é exigido antes de ser ensinado. Até tarefas básicas são explicadas, e os chefes estão sempre junto com o R1 dentro de sala”.
Além da prática, a residência conta com aulas teóricas semanais, tanto da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) quanto da própria instituição, incluindo discussões de artigos e introdução aos fundamentos da especialidade.
A rotina do R1: horários e responsabilidades
Na FMABC, o expediente do residente vai das 7h às 17h — um diferencial em relação a outros serviços, que costumam se estender até 19h. A disciplina com horários, no entanto, é rígida. “Pontualidade é essencial. Você precisa estar antes das 7h, com a sala montada e equipamentos checados, porque o funcionamento do centro cirúrgico depende do anestesiologista”, explica Larissa.
Essa responsabilidade precoce reforça a importância de comprometimento desde o início da residência.
Rede de apoio e acolhimento entre colegas
Um receio comum dos novos residentes é lidar com ambientes hostis ou com hierarquias rígidas. No entanto, Larissa destaca que a experiência na Anestesiologia tem sido diferente.
“O clima é leve. Os chefes brincam até com nossos erros básicos, como cortar o dedo ao abrir uma ampola. Existe cobrança, claro, mas nunca de forma humilhante. É um ambiente acolhedor, no qual podemos perguntar sem medo.”
A relação entre os colegas também se mostra fundamental, especialmente para quem veio de fora. Na turma de Larissa, mais da metade dos residentes são de outros estados. Isso contribui para que se formem laços rápidos e uma rede de apoio essencial no dia a dia.
“Sem família por perto, a gente acaba criando vínculos fortes com os colegas. Essa troca se torna um suporte emocional importante, principalmente nos primeiros meses”, conta.
Dicas para quem está começando
Para Larissa, o perfil do residente faz diferença no processo de adaptação. Ela destaca três pontos principais:
- Proatividade: demonstrar interesse, perguntar, pedir para aprender e se oferecer para acompanhar procedimentos;
- Responsabilidade: entender que a anestesiologia exige preparo e segurança para garantir o bom andamento da cirurgia; e
- Humildade: não ter medo de admitir quando não se sabe algo. “O problema não é não saber, e sim não se mostrar disposto a aprender”, resume.
Ela lembra ainda que a convivência com colegas e chefes pode abrir portas no futuro. Plantões e oportunidades profissionais muitas vezes surgem dentro dessa rede de contatos.
Ao final, a residente deixa um recado direto para quem vai começar:
“Não tenha medo. Vá com responsabilidade, empatia e vontade de aprender. A Anestesiologia é um grande desafio, mas também uma especialidade muito acolhedora. Se você for proativo e aberto, vai tirar de letra.”
Confira o bate-papo completo entre a Profª Ana Luiza Viana, do Estratégia MED, e a Dra. Larissa Gabrielle, residente do primeiro ano de Anestesiologia, e saiba tudo sobre como é a adaptação nas primeiras semanas da residência:
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