Fala, Coruja!

Questão bem direta sobre a aplicação da espirometria em asma na infância. Esse tópico é bem frequente na prova da SMS de Foz do Iguaçu, inclusive, repetiram a questão em 2024 e 2025. Fique atento.

Antes de mais nada, vamos lembrar como fechamos o diagnóstico de asma em pacientes de 6 até 11 anos?

São os dois critérios preferíveis. Quando falamos a sintomatologia típica, temos o seguinte:

Agora, sobre o diagnóstico funcional, devemos ter uma evidência de que o fluxo expiratório do paciente oscila ao longo do tempo.
Isso reflete a fisiopatologia da asma: uma inflamação crônica das vias aéreas que varia em intensidade ao longo de acordo com exposição à gatilhos. Vai ter dia que a via aérea inferior do paciente estará muito inflamada, e em outros dias a inflamação não será tão significativa. Quanto mais inflamação, menor o calibre da via aérea inferior e, consequentemente, maior a resistência à expiração. Você precisa flagrar essa variação!

Para isso, pode-se utilizar a espirometria e/ou o pico de fluxo expiratório (PFE), preenchendo pelo menos um dos critérios a seguir:

Na espirometria, o paciente faz uma inspiração profunda máxima e depois expira de forma forçada. Os volumes e fluxos de ar expirados são mensurados e comparados para valores estabelecidos de acordo com a idade, sexo, peso e altura. Observe os principais parâmetros:

VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo. Está reduzido na crise de asma e frequentemente no período intercrítico. No geral, o GINA considera uma função pulmonar “prejudicada” quando o VEF1 está < 60% do predito para a idade do paciente. O VEF1 pode ser útil para avaliar o risco de exacerbações futuras.
CVF: capacidade vital forçada consiste no total de ar que sai dos pulmões após a expiração forçada. Nos asmáticos, a CVF é reduzida, pois, na expiração forçada, a pressão intratorácica nesses pacientes fica bastante positiva, colabando algumas vias aéreas terminais e impedindo a saída de parte do ar que normalmente seria expirada.
Índice de Tiffeneau (relação de VEF1/CVF): < 0,90 para crianças. A redução dessa relação indica uma doença obstrutiva (<0,90). Na asma, frequentemente o VEF1 está muito mais reduzido que o CVF. É bastante comum, mas não é critério diagnóstico! Afinal, não é uma evidência de variação do fluxo expiratório. É apenas uma evidência de doença obstrutiva, que não é específica de asma (DPOC, bronquiectasias e outras doenças podem provocar).

Ah, e vale lembrar que a espirometria e o pico de fluxo expiratório (PFE) são usados tanto para diagnóstico e monitorização do controle da asma e da gravidade da obstrução brônquica nas crises de exacerbação.
Espera-se uma melhora nas provas de função pulmonar com o tratamento de manutenção adequado.

Note que eu trouxe o fluxograma diagnóstico para crianças com idade >= 6 anos.
Isso porque a maioria das crianças só consegue fazer a espirometria a partir dos 6 anos de idade por dificuldade técnica na execução dos comandos.
Mas existem situações específicas em que alguns pré-escolares (por volta dos 4 anos) precisam fazer o exame e conseguem obedecer os comandos, nos fornecendo um resultado confiável.
Dessa forma, apesar de recomendado que o exame seja feito em crianças em idade escolar, ele não é contraindicado em < 5 anos, como sugerem algumas alternativas. Apenas devemos ter cuidado para avaliar se a técnica foi adequada.

Vamos dar uma olhada nas alternativas?